segunda-feira, 6 de julho de 2009

Conceitos

A maior riqueza de um ser humano é o seu trabalho.

Nada é maior e mais importante que sua capacidade de transformação. Seja na agricultura, seja na indústria, nos serviços, na educação, nas artes, na política, enfim em todos os espaços onde se exige dele o trabalho. Sim, trabalhar é transformar. Transformar uma realidade em outra melhor e com mais valor (seja econômico ou outra forma de mensurar).

É do trabalho que cada ser humano se mantêm neste mundo dirigido e "moldado" pelos donos do capital. É do trabalho que ele consegue transformar sua vida e dos seus em vidas um pouco melhores do que antes. Isto, claro, se os capitalistas assim permitirem.

Não fosse nossa sociedade dirigida pelos donos do capital, o trabalho não deixaria de existir. Certamente com outros objetivos, talvez mais nobres que a atual divisão de ganhos, sempre desproporcional. Um dos trabalhos mais interessantes é justamente o de tentar mudar essa lógica de exploração que o capital sempre nos imprime. Inglória, certamente, pois pequenos são seus passos diante da avassaladora velocidade com que o capital avança.

Para nós, que acreditamos ser possível um outro mundo, o que nos resta é tentar mudar dentro do possível e as vezes do impossível, essa relação. Dentro dos governos, dentro dos movimentos populares, dentro dos movimentos sociais, nas escolas, nos espaços de participação, uma de nossas maiores tarefas é a mudança. Vivemos uma sociedade que cada vez mais amplia suas possibilidades, inclusive na tentativa de novas relações que não sejam tão maniqueistas como a do capital e do trabalho.

Entretanto, uma das realidades que mais agradam ao capital é quando temos uma visão submissa a ele. É quando admitimos ser só ele capaz de criar um mundo melhor, ser ele o que possibilita nossos avanços, ser ele que possibilita nosso comer, nosso estudar, nosso morar. Quando fazemos isso, estamos negando a maior de nossas qualidades: o trabalho.

Uma das coisas mais difíceis, quando no movimento sindical, era convencer os trabalhadores da visão errada de que ele "dependia da fábrica" para poder "sobreviver". Era a fábrica que lhe dava a possibilidade de ter uma casinha, de ter seus filhos na escola, de ter seu "carrinho". Não era seu trabalho que lhe dava isso, mas a "benevolência" do capital. Esse conceito sempre limitou muito a ação sindical.

O pior de todas as situações era quando sindicalistas tinham essa visão. Ai realmente a luta pela mudança ficava duplamente difícil.

Nenhum trabalhador (a não ser os corruptos) é submisso. Ele está em igualdade de posição com o capital. Se o capital lhe paga os salários, é do seu trabalho que ele (capital) depende para crescer. Não fosse o trabalho, em qualquer situação, o capital não se reproduziria. Mesmo no mundo das especulações financeiras. Mesmo ai alguém tem que fazer o trabalho para elas existirem.

Demoramos para perceber que nosso trabalho pode ser maior que a exploração. Demoramos para observar que várias formas de trabalho são possíveis fora dessa dualidade opressora. Demoramos, enfim, para valorizar mais o trabalho pelo seu resultado do que pelo lucro que ele provoca para outros.

Por que esses conceitos trazidos aqui?

Várias são as razões, mas a principal é a de sempre lembrar que ninguém é submisso de ninguém.

Pode parecer uma análise maniqueista, é verdade. Mas por simplória e limitada que seja, uma coisa é fato: precisamos despertar em nós mesmos o orgulho do nosso trabalho. O orgulho de sermos o que somos e de fazermos o que fazemos. E se não é o melhor dos mundos o trabalho que executo, procurar altenativas é a grande qualidade do trabalhador livre e consciente de suas capacidades.

O que temos, o que construímos, o que conquistamos, é resultado direto do que somos capazes de produzir pelo nosso trabalho, seja ele qual for. Jamais é resultado do favor ou da benevolência de terceiros. Pelo menos não deveria ser.

Só abrindo um debate.....

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