sexta-feira, 10 de julho de 2009

Plano Municipal de Educação

Aconteceu na noite de quarta-feira no Auditório Gaó a primeira das três últimas plenárias do Plano Municipal de Educação. Para quem não está acompanhando, a elaboração do Plano Municipal de Educação (dever de todos os sistemas em construir) foi definida no final de 2006 pelo Conselho Municipal de Educação em conjunto com a Secretaria de Educação do município. E sua decisão mais importante foi a de que a elaboração do Plano deveria ser a mais popular possível.

Assim, em 2007 e 2008 várias plenárias nas regiões da cidade aconteceram, para traçar um diagnóstico da educação na cidade. Em 2009 o objetivo é terminar o Plano para encaminhá-lo à Câmara dos Vereadores para que os mesmos o transforme em lei municipal. Para as três plenárias de encerramento foram convidadas todas as organizações, entidades, representações, escolas e universidades da cidade. Na quarta-feira cerca de 90 pessoas estiveram presentes no Auditório Gaó.

O objetivo das discussões do dia 08 de julho foi o levantamento das expectativas que a comunidade tem em relação à educação, para a partir disto começarmos a elaborar o texto final nas próximas duas plenárias que acontecerão em agosto e em setembro.

O que gostaria de registrar é o que sempre observamos quando discutimos educação: as pessoas acham que tudo cabe e tudo deve ser trabalhado na escola. Desde a questão da violênicia, passando pelas questões de comportamento, drogas, legislação, questões raciais, de gênero, até o tipo de merenda e a educação para o transito, cabem quando se discute expectativas para a educação. Uma coisa pouco discutida pela comunidade, até pelo fato de ser ainda um assunto restrito a especialistas, é o conteúdo pedagógico que seus filhos recebem ou não nas escolas.

Importante sempre observar que realmente quando pensamos educação, é possível imaginar uma infinidade de possibilidades. Mas também não podemos esquecer de que não temos todo o tempo do mundo e temos um acúmulo mínimo de conhecimento para ser repassado aos educandos. Sem contar aqui as questões orçamentárias, que sempre são limitadoras de ações. E é esse dilema que o gestor educacional sempre tem que encarar: o que colocar nesse mundo de infinitas possibilidades, mas limitados recursos (não só financeiros....)?

Na quarta-feira também, dentre muitos debates interessantes, um que se destacou (pelo menos para mim): até onde vai a responsabilidade de educar da escola e da família. Professores dizendo que falta nos alunos de hoje uma maior intervenção da família na educação dos seus filhos e pais, por sua vez, afirmando que com a deterioração da família observada atualmente não resta dúvida de que a escola deve assumir mais esse papel de educadora. Difícil dilema que, na minha humilde opinião, tem várias facetas para serem analisadas. É real, sim, que o conceito e a forma da instituição família mudou muito e ainda não encontrou uma forma definitiva - se é que vai encontrar. É real também que a escola precisa assumir mais alguns papéis nesse intrincado objetivo que é educar. Todavia, uma coisa não tenho dúvida: quem se coloca na vida para ter filhos não pode simplesmente achar que sua tarefa é a procriação e nada mais. E ai deve existir uma discussão anterior: até onde nossos jovens (futuros pais) entendem isso? E se não entendem, quem é que precisa alertá-los? A escola, ou seus pais?

Corremos o risco de cair num círculo vicioso onde sempre o outro é o responsável e por conta disso sempre esperamos do outro e nada se modifica. Já disse outras vezes que nossa sociedade já chegou no momento de se repensar. Não é possível mais ficarmos transferindo responsabilidades. Nâo é possível mais, sejam os pais, sejam as escolas, sejam as igrejas, quem for, pensarmos a curto prazo e não nos preocuparmos com o que nossos atos provocarão nas gerações futuras. Enquanto julgarmos as gerações futuras pelo que de ruim nela acontece e não revermos bases e conceitos, essa questão de quem é a responsabilidade jamais será respondida. Se hoje tenho filhos adolescentes e/ou jovens que não se preocupam com o que seus atos provocarão, evidente que tenho responsabilidade sobre isso. Se hoje temos na sociedade jovens que "não estão nem ai" com os efeitos de seus atos, evidente que a geração que os gerou tem responsabilidade. Se hoje temos educadores que não se preocupam com o contexto pleno de seus educandos, evidente que é responsabilidade de quem não os formou para isso.

Enfim, as questões são muito mais complexas do que podemos imaginar ou ainda do que um blog pode dar conta. Só uma coisa acho que é possível concluir: não existem rupturas no processo de formação de um povo (salvo grandes revoluções, o que no Brasil não é o caso). O que somos hoje é resultado do que fizemos ontem. Acho que disso ninguém tem dúvida. Portanto, acho que o mais importante é cada um de nós assumirmos seu papel nessa intrincada responsabilização, e sempre que possível provocarmos a revisão de nossos macros conceitos, para gradativamente vermos outra realidade mais palatável para todos e todas.

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