segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Paulo Teixeira e a Polêmica na Cultura

Da Carta Maior

“Creative Commons está dentro de uma política de governo”

Em entrevista à Carta Maior, o deputado Paulo Teixeira (SP), novo líder do PT na Câmara Federal, avalia o episódio da retirada da licença Creative Commons do site do Ministério da Cultura. Crítico da decisão, Teixeira afirma que a licença "está dentro de uma política de governo, de democratização do acesso ao conhecimento e à cultura" e que "sua retirada contrasta com decisões anteriores que vêm do governo Lula". O parlamentar considera que a medida vai gerar um debate dentro do governo, mas não acredita em retrocesso na área.
A decisão da ministra da Cultura, Ana de Holanda, de retirar a licença Creative Commons do site do Ministério da Cultura, provocou protestos e abriu um intenso e enérgico debate entre integrantes do governo, do movimento de software livre e defensores de recursos educacionais e culturais abertos. Afinal de contas, a decisão da ministra representa ou não uma mudança na orientação do governo federal sobre o tema?

Na avaliação do deputado federal Paulo Teixeira, novo líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, a “licença Creative Commons está dentro de uma política de governo, de democratização do acesso ao conhecimento e à cultura”. Teixeira defende que a lei de direitos autorais, assim como a lei de patentes de medicamentos devem ser subordinadas ao interesse social.

O parlamentar não acredita em retrocesso nesta área: “A posição do Ministério da Cultura vai abrir um debate no governo sobre a política nesta matéria. Não haverá retrocesso na minha opinião. Sugiro que a ministra Ana de Holanda coloque a minuta de lei que está na Casa Civil novamente em consulta pública”.

Carta Maior: Qual sua avaliação sobre a decisão da ministra da Cultura de retirar do site do Ministério da Cultura as licenças Creative Commons?

Paulo Teixeira: A licença Creative Commons está dentro de uma política de governo, de democratização do acesso ao conhecimento e à cultura. Tem respaldo na política externa praticada pelo Itamaraty, crítica da lei de direitos autorais aprovada pelo país. Ela é usada em vários órgãos da administração federal. A sua retirada contrasta com decisões anteriores que vêm do governo Lula.

Carta Maior: Há alguma mudança de concepção no governo federal sobre as questões de compartilhamento digital e software livre?

Paulo Teixeira: A Presidenta Dilma Roussef, então ministra da Casa Civil, foi à Campus Party em janeiro de 2010 e se encontrou com Lawrence Lessig, grande formulador das licenças Creative Commons. Naquele momento ela fez um pronunciamento em oposição à Lei Azeredo, de apoio ao software livre, de apoio a uma política de acesso a internet banda larga para todos brasileiros e de mudanças na lei de direito autoral.

Na minha opinião, a lei de direitos autorais, assim como a lei de patentes de medicamentos estão subordinadas ao interesse social. Ela não pode criminalizar o aluno pobre que precisa tirar xerox de livros e textos para uso estritamente pessoal. Nem tirar cópia de obras esgotadas. Isso limita o acesso ao conhecimento. A lei de direitos autorais no Brasil é uma das mais cerceadoras do mundo.

As gerações que estão no poder no Brasil estudaram comprando livros e também tirando xerox de textos. Em relação ao acesso à cultura, perguntava Fernando Anitelli,do Teatro Mágico "quem no passado não ganhou uma fita cassete de músicas do Chico, Gil, Caetano num lado e noutro lado, uma seleção de rock en roll?"

Mudar a lei de direitos autorais pode promover um melhor resultado no investimento de recursos públicos na promoção de obras culturais e educacionais em formato aberto. O MEC e o Minc podem contratar autores para produzirem obras didáticas e colocá-las à disposição de todos os professores brasileiros e da população em geral. Esse modelo é o chamado Recurso Educacional Aberto-REA e é muito utilizado pelos governos americano e europeus. Isso não quer dizer que as editoras deixarão de vender seus livros. As obras estarão disponíveis também na internet.

Atualmente,todo o investimento público é direcionado à produção de obras protegidas por modelos rígidos de direitos autorais. É o Estado atirando no próprio pé.

Sobre o ECAD, trata-se no meu modo de ver de instituição pública não estatal. Precisa haver, caso não haja, controle do Ministério Público, no mesmo modelo das Fundações e transparência na gestão dos seus recursos. O ECAD não pode ser concebido como órgão privado, como é hoje. Há um interesse difuso, tanto de quem consome os bens culturais, como de quem os produzem, de saber a destinação dos recursos. Ele interfere na produção e na distribuição de bens culturais no país.

Carta Maior: A decisão da ministra provocou muitos protestos de partidários do Software Livre e do Creative Commons que temem um retrocesso nesta área. Na sua opinião, há um risco de retrocesso?

Paulo Teixeira: A posição do Ministério da Cultura vai abrir um debate no governo sobre a política nesta matéria. Creio que todos os atores devem participar do debate para se produzir um consenso. Não haverá retrocesso na minha opinião. Sugiro que a Ministra Ana de Holanda coloque a minuta de lei que está na Casa Civil novamente em consulta pública.

Carta Maior: Como estão os debates no Congresso em torno dos projetos relacionados à regulamentação na internet?

Paulo Teixeira: Até agora conseguimos paralisar o PL Azeredo. Espero que o governo envie o Marco Civil da Internet rapidamente para o Congresso Nacional e, a partir dele, possamos fazer este debate.


domingo, 30 de janeiro de 2011

A Revolução Organizada pela Net

Do Luis Nassif

Do iG/New York Times

Jovens impulsionam apelo para expulsar líder do Egito

Força até então adormecida, jovens egípcios se armam com novas ferramentas na internet e colocam em xeque permanência de líder

The New York Times | 28/01/2011 14:14
 
Durante décadas, o autoritário presidente do Egito, Hosni Mubarak, jogou de maneira inteligente com seus adversários políticos.

Ele tolerava uma oposição pequena e "sem garras" formada por intelectuais liberais e cujas campanhas eleitorais criavam a fachada de um processo democrático. E ele demonizou a proscrito Irmandade Muçulmana como um grupo de extremistas violentos que representam uma ameaça que ele usou para justificar as políticas de seu Estado. 
Foto: Getty Images
Polícia tenta conter protestos na ponte Kasr Al Nile, no centro do Cairo, capital do Egito

Mas essa relação longa e, para muitos, confortável foi abalada esta semana com surgimento de uma terceira força imprevisível, a liderança de dezenas de milhares de jovens egípcios que exigiam um fim ao governo de 30 anos de Mubarak. E, agora, os adversários mais velhos estão correndo para alcançá-los.

"Foram os jovens que tomaram a iniciativa e definiram a data para agir", disse Mohamed ElBaradei, ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, com alguma surpresa durante entrevista por telefone de seu escritório em Viena, pouco antes de voltar ao Cairo para se juntar à revolta.

ElBaradei, vencedor do Prêmio Nobel, tem sido a face pública de um esforço em fortalecer e unir a fragmentada e ineficiente oposição do Egito desde que mergulhou na política de seu país de origem há quase um ano, e ele disse que o movimento da juventude tinha conseguido isso por conta própria. "Os jovens são impacientes", disse ele. "E, francamente, eu não acho que o povo estava pronto".

Mas a sua disponibilidade aparente – milhares de pessoas enfrentaram gás lacrimogêneo, balas de borracha e agentes da polícia de segurança notórios pela prática da tortura – ameaçou relegar ou deslocar os grupos tradicionais da oposição. Muitos dos partidos políticos pequenos e legalmente reconhecidos – mais de 20 no total, com apenas um punhado de apoiadores de base – estão abraçando o novo movimento pela mudança, mas lhes falta credibilidade com os jovens que estão nas ruas.

Mesmo a Irmandade Muçulmana pode ter se tornado muito protetora de suas próprias instituições e posições para conseguir espaço com o novo movimento da juventude, dizem alguns analistas e ex-membros do grupo. A Irmandade permanece a organização com a maior base de apoio fora do governo, mas já não pode mais reivindicar ser a única entidade que pode levar multidões às ruas.

"A Irmandade já não é o partido mais eficaz na arena política", disse Emad Shahin, estudioso egípcio na Universidade de Notre Dame. "Se você olhar para a revolta da Tunísia, ela é uma revolta da juventude. É a juventude que sabe usar a mídia, a internet, o Facebook, por isso vemos outras peças importantes”.

Oposição ampla


ElBaradei, por sua vez, esforçou-se por quase um ano para unir a oposição em seu grupo guarda-chuva, a Associação Nacional para a Mudança. Mas alguns zombam dele como um diletante itinerante que passa a maior parte do seu tempo no exterior em vez de travar batalhas em casa.

Ele tem dito em entrevistas que nunca se apresentou como um salvador político e que os egípcios teriam que fazer a sua própria revolução. Agora, disse ele, o movimento juvenil "irá dar-lhes a autoconfiança de que precisavam para saber que a mudança vai acontecer através deles e não de uma única pessoa – eles são a força motriz".

E ElBaradei argumentou que, ao abalar a velha relação entre Mubarak e a Irmandade, o movimento juvenil apresentou um novo desafio para os governantes dos Estados Unidos também. "Durante anos, o Ocidente aceitou a demonização da Irmandade Muçulmana pregada por Mubarak por completo, a ideia de que a única alternativa a ele no país seriam esses chamados demônios, a Irmandade Muçulmana, que seria o equivalente a Al-Qaeda". Ele acrescentou: "Tenho a certeza de que qualquer governo livre e justo no Egito será moderado, mas os EUA estão realmente empurrando o Egito e todo o mundo árabe para a radicalização com essa política inepta de apoio à repressão".

As raízes da revolta que tomou as ruas do Egito nesta semana provavelmente remontam a antes da revolta da Tunísia, que muitos manifestantes citam como o catalisador do movimento. Quase três anos atrás, no dia 6 de abril de 2008, o governo egípcio reprimiu uma greve realizada por um grupo de operários têxteis na cidade industrial de Mahalla e em resposta um grupo de jovens ativistas, conectados através do Facebook e de outras redes sociais, formaram o Movimento Juvenil 6 de Abril em solidariedade aos grevistas.

Grito de guerra online


Seus primeiros esforços para convocar uma greve geral foram um fracasso. Mas com o tempo sua rede online descentralizada e outra que surgiram em torno dela – como as redes que ajudaram a impulsionar a revolução da Tunísia – se tornaram singularmente difíceis para as forças de segurança egípcias identificar e eliminar. Foi um grito de guerra online em nome de uma oposição à corrupção, tirania e tortura que levou tantos jovens às ruas na terça e quarta-feira, inesperadamente elevando o movimento da juventude à mais eficaz força política independente no Egito.

"Seria criminoso que qualquer partido político reivindicasse crédito pela mini-Intifada que tivemos ontem", disse Hossam El-Hamalawy, um blogueiro e ativista.
O governo de Mubarak tem mantido um roteiro conhecido. Contra todas as evidências, o seu ministro do Interior imediatamente culpou a instabilidade de quarta-feira no seu antigo inimigo, a Irmandade Muçulmana.

Desta vez, porém, a Irmandade renunciou a qualquer responsabilidade, dizendo que era apenas uma parte do guarda-chuva de ElBaradei. "As pessoas participaram nos protestos de forma espontânea e não há nenhuma maneira de dizer se pertenciam a qualquer grupo", disse Gamal Nassar, um assessor de imprensa da Irmandade, observando a quase total ausência de placas de qualquer grupo ou slogans. "Todo mundo está sofrendo com problemas sociais como desemprego, inflação, corrupção e opressão", disse ele. "Então o que todo mundo está pedindo é uma mudança real".

Operação

A Irmandade opera uma grande rede de escolas e instituições de caridade que compensam as insuficiências de muitos serviços sociais do governo. Alguns analistas afirmam que a inércia institucional pode fazer da Irmandade lenta demais para comandar o Estado egípcio.

"A Irmandade tem estado muito silenciosa", disse Amr Hamzawy, diretor de pesquisa do Centro Carnegie do Oriente Médio, em Beirute. "Este não é um movimento que pode se beneficiar do que vem acontecendo e das pessoas na rua".

Tampouco, ElBaradei argumentou, a Irmandade Muçulmana merece o medo que seu nome evoca no Ocidente. A sua composição abrange um grande número de professores, advogados e outros profissionais, bem como seguidores que se beneficiam de suas instituições de caridade. Ela não cometeu ou tolera atos de violência desde a revolta contra a monarquia apoiada pelos britânicos, há seis décadas, e endossou seu apelo por uma democracia pluralista. "Eles são um grupo religioso conservador, não há dúvida sobre isso, mas também representam cerca de 20% do povo egípcio", disse ele. "E como você pode excluir 20% do povo egípcio?"

ElBaradei, com o seu prestígio internacional, é um crítico difícil para o governo de Mubarak colocar na cadeia, assediar ou caluniar, como fez com muitos que vieram antes dele. ElBaradei acalma as preocupações sobre os islamistas fazendo uso de uma oposição secular, liberal e familiar.

Mas ele tem sido cada vez mais sincero em suas críticas ao Ocidente. Ele ficou chocado, segundo disse, com a reação da secretária de Estado Hillary Rodham Clinton aos protestos egípcios. Em um comunicado, após os confrontos de terça-feira, ela pediu moderação, mas descreveu o governo egípcio como "estável" e “em busca de maneiras de atender às necessidades e interesses legítimos do povo egípcio".

"'Estabilidade' é uma palavra muito perniciosa", disse ele. "Estabilidade à custa de 30 anos de lei marcial e eleições fradulentas?" Ele acrescentou: "Se eles vierem depois dizer, como fizeram na Tunísia: ‘Nós respeitamos a vontade do povo’, será um pouco tarde demais”.

Egito e a Renúncia do Primeiro Ministro

Do Luis Nassif

Por anarquista sério

Pimeiro minstro renuncia; protestos continuam
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2011/01/29/primeiro-ministro-egipcio-anuncia-renuncia-do-governo-protestos-continuam.jhtm

Foto 100 de 100 - 29.jan.2011 Soldados egípcios montam guarda em frente do Museu Nacional, na capital 
Cairo, neste sábado. Na sexta, o presidente do Egito, Hosni Mubarak, afirmou que vai formar um novo governo, mas os protestos continuam no país Khaled Desouk/AFP

O primeiro-ministro egípcio, Ahmed Nazif, anunciou na manhã deste sábado (29) a renúncia do governo em cumprimento a um pedido feito na noite desta sexta-feira (28) pelo presidente Hosni Mubarak, que pretende formar um novo gabinete.

Ontem à noite, Mubarak, que está no poder há 30 anos, surpreendeu a população com um discurso no qual falou sobre diversos temas, menos sobre sua renúncia, exigida pela oposição em protestos violentos que tomam a capital desde terça-feira.

O compromisso firmado por ele de mudar o governo não tirou a população das ruas no início deste sábado. Centenas de egípcios ocupavam o centro da capital Cairo, especialmente a praça Tahrir, que foi tomada pelo Exército depois dos violentos distúrbios desta sexta-feira.

O chefe da Anistia Internacional, Salil Chetty, disse que a decisão de Mubarak de dissolver o gabinete não deve amenizar os protestos e classificou a medida como "uma piada".  "As pessoas estão dizendo com muita clareza que querem uma mudança fundamental, uma mudança constitucional", disse.

A OAB Que Malhou o ENEM............

Dos Amigos do Presidente Lula

A Polícia Federal descobriu que dois outros exames da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de 2009 foram fraudados. Com isso, tem indícios de que as três edições daquele ano tiveram vazamento. A PF encontrou irregularidades na primeira e na terceira avaliações. Na terceira, a fraude ocorreu nas duas etapas.

Em 2010, a PF apontou que a segunda prova teve problemas no gabarito e a Ordem chegou a cancelá-la.

A OAB não pretende cancelar os exames e vai esperar o fim das investigações para anular as carteiras que autorizam os recém-formados a atuarem no mercado.

A pedido da PF, a Ordem solicitou que o organizador do exame forneça todas as informações das três seleções. A PF espera esses dados para identificar o total de beneficiados.

Segundo as investigações, dois policiais rodoviários fotografaram os exames e venderam reproduções.

No Rio, o Ministério Público Federal propôs ação civil pública para que as provas do ano passado no Estado sejam corrigidas novamente. Na ação, o MPF afirma que a correção das provas da segunda fase se reduziu a uma análise técnico-jurídica, sem levar em conta aspectos como correção gramatical.

O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, classificou como "guerrilha" a ação do MPF e disse que "as provas foram elogiadas por professores".

sábado, 29 de janeiro de 2011

Entrevista com Julian Assange

De Natalia Viana

“Não somos uma organização exclusivamente da esquerda. Somos uma organização exclusivamente pela verdade e pela justiça”. Essa é apenas uma das muitas afirmações feitas pelo fundador e publisher do WikILeaks, Julian Assange, em entrevista aos internautas brasileiros.

A entrevista será publicada por diversos blogs, entre eles: Blog do Nassif, Viomundo, Nota de Rodapé, Maria Frô, Trezentos, Fazendo Média, FAlha de S Paulo, O Escrevinhador, Blog do Guaciara, Observatório do Direito à Comunicação, Blog da Dilma, Futepoca, Elaine Tavares, Blog do Mello, Altamiro Borges, Doutor Sujeira, Blog da Cidadania, Óleo do Diabo, Escreva Lola Escreva.

Julian, que enfrenta um processo na Suécia por crimes sexuais e atualmente vive sob monitoramento em uma mansão em Norfolk, na Inglaterra, concedeu a entrevista para internautas que enviaram perguntas a este blog.

Eu selecionei doze perguntas dentre as cerca de 350 que recebi – e não foi fácil. Acabei privilegiando perguntas muito repetidas, perguntas originais e aquelas que não querem calar. Infelizmente, nem todos foram contemplados. Todas as perguntas serão publicadas depois.

No final, os brasileiros não deram mole para o criador do WikiLeaks. Julian teve tempo de responder por escrito e aprofundar algumas questões.

O resultado é uma entrevista saborosa na qual ele explica por que trabalha com a grande mídia – sem deixar de criticá-la -, diz que gostaria de vir ao Brasil e sentencia: distribuir informação é distribuir poder.

Em tempo: se virasse filme de Hollywood, o editor do WikiLeaks diz que gostaria de ser interpretado por Will Smith.

A seguir, a entrevista.

Vários internautas - O WikiLeaks tem trabalhado com veículos da grande mídia – aqui no Brasil, Folha e Globo, vistos por muita gente como tendo uma linha política de direita. Mas além da concentração da comunicação, muitas vezes a grande mídia tem interesses próprios. Não é um contra-senso trabalhar com eles se o objetivo é democratizar a informação? Por que não trabalhar com blogs e mídias alternativas?

Por conta de restrições de recursos ainda não temos condições de avaliar o trabalho de milhares de indivíduos de uma vez. Em vez disso, trabalhamos com grupos de jornalistas ou de pesquisadores de direitos humanos que têm uma audiência significativa. Muitas vezes isso inclui veículos de mídia estabelecidos; mas também trabalhamos com alguns jornalistas individuais, veículos alternativos e organizações de ativistas, conforme a situação demanda e os recursos permitem.

Uma das funções primordiais da imprensa é obrigar os governos a prestar contas sobre o que fazem. No caso do Brasil, que tem um governo de esquerda, nós sentimos que era preciso um jornal de centro-direita para um melhor escrutínio dos governantes. Em outros países, usamos a equação inversa. O ideal seria podermos trabalhar com um veículo governista e um de oposição.

Marcelo Salles – Na sua opinião, o que é mais perigoso para a democracia: a manipulação de informações por governos ou a manipulação de informações por oligopólios de mídia?

A manipulação das informações pela mídia é mais perigosa, porque quando um governo as manipula em detrimento do público e a mídia é forte, essa manipulação não se segura por muito tempo. Quando a própria mídia se afasta do seu papel crítico, não somente os governos deixam de prestar contas como os interesses ou afiliações perniciosas da mídia e de seus donos permitem abusos por parte dos governos. O exemplo mais claro disso foi a Guerra do Iraque em 2003, alavancada pela grande mídia dos Estados Unidos.

Eduardo dos Anjos – Tenho acompanhado os vazamentos publicados pela sua ONG e até agora não encontrei nada que fosse relevante, me parece que é muito barulho por nada. Por que tanta gente ao mesmo tempo resolveu confiar em você? E por que devemos confiar em você?

O WikiLeaks tem uma história de quatro anos publicando documentos. Nesse período, até onde sabemos, nunca atestamos ser verdadeiro um documento falso. Além disso, nenhuma organização jamais nos acusou disso. Temos um histórico ilibado na distinção entre documentos verdadeiros e falsos, mas nós somos, é claro, apenas humanos e podemos um dia cometer um erro. No entanto até o momento temos o melhor histórico do mercado e queremos trabalhar duro para manter essa boa reputação.

Diferente de outras organizações de mídia que não têm padrões claros sobre o que vão aceitar e o que vão rejeitar, o WikiLeaks tem uma definição clara que permite às nossas fontes saber com segurança se vamos ou não publicar o seu material.

Aceitamos vazamentos de relevância diplomática, ética ou histórica, que sejam documentos oficiais classificados ou documentos suprimidos por alguma ordem judicial.

Vários internautas – Que tipo de mudança concreta pode acontecer como consequência do fenômeno Wikileaks nas práticas governamentais e empresariais? Pode haver uma mudança na relação de poder entre essas esferas e o público?

James Madison, que elaborou a Constituição americana, dizia que o conhecimento sempre irá governar sobre a ignorância. Então as pessoas que pretendem ser mestras de si mesmas têm de ter o poder que o conhecimento traz. Essa filosofia de Madison, que combina a esfera do conhecimento com a esfera da distribuição do poder, mostra as mudanças que acontecem quando o conhecimento é democratizado.

Os Estados e as megacorporações mantêm seu poder sobre o pensamento individual ao negar informação aos indivíduos. É esse vácuo de conhecimento que delineia quem são os mais poderosos dentro de um governo e quem são os mais poderosos dentro de uma corporação.

Assim, o livre fluxo de conhecimento de grupos poderosos para grupos ou indivíduos menos poderosos é também um fluxo de poder, e portanto uma força equalizadora e democratizante na sociedade.

Marcelo Träsel - Após o Cablegate, o Wikileaks ganhou muito poder. Declarações suas sobre futuros vazamentos já influenciaram a bolsa de valores e provavelmente influenciam a política dos países citados nesses alertas. Ao se tornar ele mesmo um poder, o Wikileaks não deveria criar mecanismos de auto-vigilância e auto-responsabilização frente à opinião pública mundial?

O WikiLeaks é uma das organizações globais mais responsáveis que existem.

Prestamos muito mais contas ao público do que governos nacionais, porque todo fruto do nosso trabalho é público. Somos uma organização essencialmente pública; não fazemos nada que não contribua para levar informação às pessoas.

O WikiLeaks é financiado pelo público, semana a semana, e assim eles “votam” com as suas carteiras.

Além disso, as fontes entregam documentos porque acreditam que nós vamos protegê-las e também vamos conseguir o maior impacto possível. Se em algum momento acharem que isso não é verdade, ou que estamos agindo de maneira antiética, as colaborações vão cessar.

O WikiLeaks é apoiado e defendido por milhares de pessoas generosas que oferecem voluntariamente o seu tempo, suas habilidades e seus recursos em nossa defesa. Dessa maneira elas também “votam” por nós todos os dias.

Daniel Ikenaga – Como você define o que deve ser um dado sigiloso?

Nós sempre ouvimos essa pergunta. Mas é melhor reformular da seguinte maneira: “quem deve ser obrigado por um Estado a esconder certo tipo de informação do resto da população?”

A resposta é clara: nem todo mundo no mundo e nem todas as pessoas em uma determinada posição. Assim, o seu médico deve ser responsável por manter a confidencialidade sobre seus dados na maioria das circunstâncias – mas não em todas.

Vários internautasEm declarações ao Estado de São Paulo, você disse que pretendia usar o Brasil como uma das bases de atuação do WikiLeaks. Quais os planos futuros?  Se o governo brasileiro te oferecesse asilo político, você aceitaria?

Eu ficaria, é claro, lisonjeado se o Brasil oferecesse ao meu pessoal e a mim asilo político. Nós temos grande apoio do público brasileiro. Com base nisso e na característica independente do Brasil em relação a outros países, decidimos expandir nossa presença no país. Infelizmente eu, no momento, estou sob prisão domiciliar no inverno frio de Norfolk, na Inglaterra, e não posso me mudar para o belo e quente Brasil.

Vários internautasVocê teme pela sua vida? Há algum mecanismo de proteção especial para você? Caso venha a ser assassinado, o que vai acontecer com o WikiLeaks?

Nós estamos determinados a continuar a despeito das muitas ameaças que sofremos. Acreditamos profundamente na nossa missão e não nos intimidamos nem vamos nos intimidar pelas forças que estão contra nós.

Minha maior proteção é a ineficácia das ações contra mim. Por exemplo, quando eu estava recentemente na prisão por cerca de dez dias, as publicações de documentos continuaram.

Além disso, nós também distribuímos cópias do material que ainda não foi publicado por todo o mundo, então não é possível impedir as futuras publicações do WikiLeaks atacando o nosso pessoal.

Helena Vieira - Na sua opinião, qual a principal revelação do Cablegate? A sua visão de mundo, suas opiniões sobre nossa atual realidade mudou com as informações a que você teve acesso?

O Cablegate cobre quase todos os maiores acontecimentos, públicos e privados, de todos os países do mundo – então há muitas revelações importantíssimas, dependendo de onde você vive. A maioria dessas revelações ainda está por vir.

Mas, se eu tiver que escolher um só telegrama, entre os poucos que eu li até agora – tendo em mente que são 250 mil – seria aquele que pede aos diplomatas americanos obter senhas, DNAs, números de cartões de crédito e números dos vôos de funcionários de diversas organizações – entre elas a ONU.

Esse telegrama mostra uma ordem da CIA e da Agência de Segurança Nacional aos diplomatas americanos, revelando uma zona sombria no vasto aparato secreto de obtenção de inteligência pelos EUA.

Tarcísio Mender e Maiko Rafael Spiess - Apesar de o WikiLeaks ter abalado as relações internacionais, o que acha da Time ter eleito Mark Zuckerberg o homem do ano? Não seria um paradoxo, você ser o “criminoso do ano”, enquanto Mark Zuckerberg é aplaudido e laureado?

A revista Time pode, claro, dar esse título a quem ela quiser. Mas para mim foi mais importante o fato de que o público votou em mim numa proporção vinte vezes maior do que no candidato escolhido pelo editor da Time. Eu ganhei o voto das pessoas, e não o voto das empresas de mídia multinacionais. Isso me parece correto.

Também gostei do que disse (o programa humorístico da TV americana) Saturday Night Live sobre a situação: “Eu te dou informações privadas sobre corporações de graça e sou um vilão. Mark Zuckerberg dá as suas informações privadas para corporações por dinheiro – e ele é o ‘Homem do Ano’.”

Nos bastidores, claro, as coisas foram mais interessantes, com a facção pró- Assange dentro da revista Time sendo apaziguada por uma capa bastante impressionante na edição de 13 de dezembro, o que abriu o caminho para a escolha conservadora de Zuckerberg algumas semanas depois.

Vinícius Juberte – Você se considera um homem de esquerda?

Eu vejo que há pessoas boas nos dois lados da política e definitivamente há pessoas más nos dois lados. Eu costumo procurar as pessoas boas e trabalhar por uma causa comum.

Agora, independente da tendência política, vejo que os políticos que deveriam controlar as agências de segurança e serviços secretos acabam, depois de eleitos, sendo gradualmente capturados e se tornando obedientes a eles.

Enquanto houver desequilíbrio de poder entre as pessoas e os governantes, nós estaremos do lado das pessoas.

Isso é geralmente associado com a retórica da esquerda, o que dá margem à visão de que somos uma organização exclusivamente de esquerda. Não é correto. Somos uma organização exclusivamente pela verdade e justiça – e isso se encontra em muitos lugares e tendências.

Ariely Barata – Hollywood divulgou que fará um filme sobre sua trajetória. Qual sua opinião sobre isso?

Hollywood pode produzir muitos filmes sobre o WikiLeaks, já que quase uma dúzia de livros está para ser publicada. Eu não estou envolvido em nenhuma produção de filme no momento.

Mas se nós vendermos os direitos de produção, eu vou exigir que meu papel seja feito pelo Will Smith. O nosso porta-voz, Kristinn Hrafnsson, seria interpretado por Samuel L Jackson, e a minha bela assistente por Halle Berry. E o filme poderia se chamar “WikiLeaks Filme Noire”.

Gestores da Educação e o FUNDEB

Da UNDIME

Gestores devem acompanhar formatação do FNDE para saber com quanto vão contar neste ano
Autor: Revista Escola
Data: 26/1/2011

Já faz quase quatro anos que ele mudou o financiamento da educação brasileira. Mesmo assim, ainda causa dúvida entre os gestores e muitos não sabem como planejar a utilização dos recursos. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) deve movimentar R$ 83 bilhões só em 2010, com um aporte maior da União em comparação a anos anteriores. Mas os especialistas recomendam: para que esses recursos tenham um efeito positivo na melhoria do ensino é preciso conhecer de onde ele vem e planejar o uso a partir das previsões feitas anualmente.

A principal mudança em relação ao antigo Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef) é que ele cobre todas as matrículas da Educação Básica - desde a creche até o ensino médio. O Fundeb não é uma conta única, mas 27 fundos - um para cada estado e o Distrito Federal. É composto por nove impostos e transferências (veja quadro). Cada ente federado é obrigado a depositar 20% dessa arrecadação em uma conta específica para o fundo. A União complementa quando esse repasse não atinge o valor mínimo estabelecido para cada aluno ao ano - em 2010 foi de R$ 1.414,85. Hoje, nove entes federados recebem essa complementação: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco e Piauí.

O valor que cada município e estado vai receber depende, portanto, da arrecadação e do número de matrículas da rede. Ao final de cada ano, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que é responsável pela administração do Fundeb, divulga as previsões de recursos para o próximo período. As tabelas indicam quanto deve receber cada estado e município. Os dados ficam disponíveis no site do órgão, mas muitos gestores ainda desconhecem essas informações.

"A forma como ele é composto, o conjunto de regras, isso dificulta um pouco a compreensão. O Fundef durou dez anos e ao final poucos secretários de educação dominavam o funcionamento. Hoje o Fundeb também está nessa briga", aponta César Callegari, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE). Para o conselheiro, o governo federal tem um "trabalho educativo" importante a ser realizado com estados e municípios para melhorar a compreensão do que é o fundo. O principal problema, segundo ele, é que a tarefa de acompanhar e administrar os recursos geralmente não fica nas mãos do secretário de educação, mas do prefeito ou da área de finanças.

"O que a gente enfatiza é que é indispensável que os secretários, assim como os professores e as famílias, conheçam isso. Todas as outras coisas que a gente sonha para a educação dependem da base de sustentação financeira. Não adianta só soltar a legislação e os números, temos de educar os gestores para ter melhor controle e boa utilização desse dinheiro", aponta.

Para tentar auxiliar os gestores nessa tarefa, o Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada (Ibsa), órgão dirigido pelo próprio Callegari, elaborou um estudo detalhado sobre o Fundeb para todos os municípios do Estado de São Paulo, em parceria com a Fundação Lemann e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação do Estado de São Paulo (Undime-SP). O material traz uma descrição detalhada dos recursos e previsões para os próximos anos. A ideia agora é tentar reproduzir a expe­riência em âmbito nacional.

Para os gestores de outros estados, as tabelas de previsão que são disponibilizadas anualmente pelo FNDE trazem dados importantes. "Colocamos tudo na internet, as previsões para o ano, os parâmetros operacionais. O secretário de educação precisa acompanhar e se atualizar. O nosso site é o meio de comunicação mais rápido com os gestores", explica o coordenador-geral do Fundeb, Vander Oliveira.

Ele lembra que a responsabilidade pela gestão dos recursos da educação deve estar nas mãos dos secretários de educação. Essa, inclusive, é uma determinação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). "A LDB já fala que o recurso tem de ser gerido e aplicado pelo órgão de educação competente e a lei do Fundeb reforça isso. É importante que o secretário oriente e planeje essa aplicação de recursos, acompanhe qualquer mudança de previsão. É possível enxergar cada R$ 1 que entrou na conta do Fundeb", explica Vander.

Previsões e planejamento

A estimativa dos valores que devem compor o Fundeb de cada estado e município ano a ano são divulgadas pelo FNDE geralmente em novembro. Mas é importante não confundir previsão com dotação orçamentária. Como o dinheiro que abastece o fundo vem da arrecadação, uma retração na economia - seja local ou nacional - pode mudar o que estava previsto. E se o estado recebeu complementação da União além do que deveria, esse dinheiro é recolhido. A lei do Fundeb manda que esse cálculo seja revisto até abril.

"Esse recálculo pode gerar um crédito ou um débito. Essa é uma rotina que faz parte da dinâmica do fundo e os gestores precisam se acostumar. O ideal é que esse impacto seja o menor possível", explica Vander. Na avaliação dele, o impacto desse reajuste vai depender de como a secretaria de educação se organiza e do quanto o estado depende da complementação da União.

Luiz Araújo, consultor educacional da Undime, acredita que há uma incompreensão por parte dos estados e municípios em relação a essas previsões. "Em 2009, houve uma queda de recursos, já que em função da crise financeira caiu o volume da arrecadação. Mas normalmente se faz uma previsão conservadora e o recurso é projetado para menos. As pessoas interpretam a portaria do FNDE como dotação orçamentária", alerta. Ele recomenda que a secretaria de educação faça relatórios periódicos para saber se o dinheiro que está sendo depositado na conta do Fundeb é maior ou menor do que o que havia sido projetado.

Mal comparando, pode-se fazer um paralelo com o orçamento de uma empresa: há uma previsão de faturamento que precisa materializar-se com as vendas de produtos ou serviços. Se elas não ocorrem ou acontecem em escala menor que essa previsão, as despesas devem ser reajustadas de forma a ser compatibilizadas com o orçamento real. Só que no caso do Fundeb, como há a questão da complementação da União, os mecanismos são mais complexos.

Educador e economista

Não é tarefa simples entender todos esses detalhes, muito menos planejar a gestão a partir das projeções desses recursos. Em Nova Odessa (SP), o secretário Assis Grillo acompanha periodicamente a movimentação financeira do Fundeb. Mas admite que, na maioria dos municípios, os gestores não contam com uma assessoria técnica para dar conta dessa tarefa.

"Nossa região teve um crescimento econômico muito rápido. Você precisa de estudos e projeções que indiquem quanto o fundo vai receber no próximo ano, embora seja uma previsão. Achamos que o Fundeb vai ter uma redução no próximo ano por causa de uma retração do mercado exportador, que impacta diretamente a arrecadação", explica.

Para Callegari, o momento ainda é de aprendizagem em relação ao Fundeb. "Sempre há margem de variação, mas o que representa maior impacto é o fato de os gestores municipais desconhecerem essa estimativa. De posse dela, é possível fazer planos mais objetivos de utilização do dinheiro. Se eles sabem, por exemplo, a previsão de 2011, podem comparar com a folha de gastos do magistério e chegar a uma conclusão logo no começo do ano, se haverá recursos para melhorar o salário dos professores."

Assis acredita que o secretário precisa ser também um pouco economista e ter a iniciativa de buscar as informações junto ao MEC para entender melhor as contas do Fundeb. "Faz parte da função do gestor ter um entendimento claro das receitas e do orçamento. O secretário às vezes fica muito ligado à parte pedagógica e ao dia a dia administrativo e relega essa tarefa ao setor financeiro da prefeitura", opina.

A lei do Fundeb determina que pelo menos 60% do dinheiro deve ser gasto com pagamento de professores. O restante pode ser investido na "manutenção e desenvolvimento da Educação Básica". Em Nova Odessa, a maior parte do Fundeb vai para a folha de pagamento. Segundo Assis, a dificuldade de muitos secretários é saber qual o melhor investimento.

"Hoje os gestores são bombardeados por vendedores que sabem que a área tem recursos vinculados e insistem em vender diferentes produtos. De capacitação de professores até material de informática. Não basta ter dinheiro disponível, mas saber aplicá-lo".

Controle e transparência

Se o gestor de educação tem dificuldades para acompanhar e gerir os recursos do fundo, uma boa ferramenta para ajudar nessa tarefa é o Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb. Por lei, todo município deve ter um. A principal função do órgão é acompanhar e controlar a distribuição, transferência e aplicação dos recursos. Ele deve ser formado por representantes do poder local, professores, diretores, pais de alunos e servidores.

Na avaliação de Luiz Farias, da Undime, o Fundeb é a fonte de recursos mais fácil de fiscalizar. "Como possui uma conta específica, é mais fácil para a secretaria de educação controlá-lo. É diferente dos 25% da receita tributária que os municípios são obrigados a investir em educação. Esse dinheiro cai na conta geral da prefeitura, que precisa comprovar que esse percentual foi gasto com educação", compara.

Investigando a Morte de Allende

Por aqui os militares continuam "segurando a onda". Até quando???


A Justiça chilena anunciou nesta quinta-feira que vai investigar, pela primeira vez, as circunstâncias em que morreu o ex-presidente Salvador Allende.

Oficialmente, a causa de sua morte foi registrada como suicídio. Seu corpo foi encontrado no palácio presidencial La Moneda, após um ataque em 11 de setembro de 1973.

A ação ocorreu durante o golpe de Estado que levou ao poder o general Augusto Pinochet.

As investigações vão procurar estabelecer de Allende realmente cometeu suicídio ou se foi morto pelos militares.

Milhares de chilenos foram torturados e mortos pelas Forças Armadas durante o governo de Pinochet (1973-1990).

Direitos Humanos
A investigação sobre Allende é apenas um dos 726 processos envolvendo suposta violação de direitos humanos, que estão sendo analisados por uma corte especial na capital do país, Santiago.

As ações foram abertas pela promotora Batriz Pedrals, que recebeu a incumbência de identificar casos de violação que não tinham queixas formais na Justiça.

“O que não foi investigado até então, as cortes vão investigar”, disse Pedrals. “Isso vai determinar, finalmente, o que aconteceu.”

Allende, que tinha 65 anos, morreu quando o La Moneda foi bombardeado pela terra e pelo ar pelas tropas de Pinochet.

Uma autópsia oficial determinou que Allende se suicidou usando uma arma que lhe foi dada de presente por seu amigo Fidel Castro.

Suspeita
A conclusão foi confirmada por médico pessoal e aceita por sua família. No entanto, alguns de seus partidários questionam essa versão, alegando que ele pode ter sido morto por soldados.

Segundo o correspondente da BBC em Santiago, Gideon Longo, a investigação deve trazer à tona “emoções amargas” no Chile, um país que ainda é marcado pelo golpe e pela ditadura.

Longo explica que para alguns Allende era um marxista temerário que tinha a intenção era transformar o país em uma nova Cuba.

Para outros, ainda segundo o correspondente, ele era um socialista democrático cuja morte é a maior de todas as atrocidades cometidas pelas forças de Pinochet.

Allende chegou ao poder em 1970, defendendo “um caminho chileno para o socialismo” ao nacionalizar indústrias e fazendas.

No entanto, suas políticas radicais polarizaram o país e irritaram os Estados Unidos, que apoiaram o golpe contra ele.

Durante os 17 anos da ditadura de Pinochet, mais de 3 mil pessoas foram mortas pelos militares ou desapareceram. Milhares foram presas e torturadas.

Pinochet morreu em 2006, aos 91 anos, de ataque cardíaco. Na época, ele estava sendo investigado por corrupção, tortura e assassinato.


Mubarak Preparando a Fuga?

O que mais chama a atenção são os cuidados dos EUA para não sujar-se por tabela.....

Do Correio do Brasil

O ditador Hosni Mubarak estaria ultimando os preparativos para deixar o Egito, segundo adiantou, no início da noite desta sexta-feira, o canal norte-americano de TV CNN. De acordo com o editor Marco Vicenzino, que escreve sobre análise de risco geopolítico e dirige a organização Global Strategy Project, com sede em Washington, a pressão popular que derrubou o líder do regime na Tunísia, Ben Ali, tem influenciado os egípcios a lutar pela queda da ditadura que se mantém no poder há 30 anos.

“A melhor opção para Mubarak é oferecer ao Egito uma pouso seguro após deixar o país, permitindo que as eleições marcadas para setembro deste ano ocorram de forma livre e justa, sob a supervisão dos organismos internacionais”, escreve o jornalista.

Ainda segundo o editor da emissora norte-americana, “a promessa de deixar o caminho livre para uma transição capaz de manter a estabilidade política do Egito demanda um programa político pragmático, capaz de garantir a segurança de Mubarack, que já completou 82 anos, e seu círculo mais próximo”.

Os EUA apoiaram a instalação das ditaduras tanto no Egito quanto na Tunísia, “mas as mudanças na região são inevitáveis”, conclui Vicenzino.

Ainda a Polêmica do MinC

Artigo de Sérgio Amadeu, um dos mais combativos defensores do software livre....

O movimento de software livre, de recursos educacionais abertos e os defensores da liberdade e diversidade cultural votaram em Dilma pelos compromissos que ela afirmou em defesa do bem comum. No mesmo dia que a Ministra Ana de Holanda atacou o Creative Commons retirando a licença do site, a Ministra do Planejamento Miriam Belquior publicou a normativa que consolida o software livre como a essência do software público que deve ser usada pelo governo.
 
É indiscutível o descompasso que a Ministra da Cultura tem em relação à política de compartilhamento do governo Dilma.
 
Os defensores da indústria de intermediação e advogados do ECAD lançam um ataque a política de compartilhamento de conhecimento e bens culturais lançada pelo presidente Lula. Na sua jornada contra a criatividade e em defesa dos velhos esquemas de controle da cultura, chegam aos absurdos da desinformação ou da mentira.

Primeiro é preciso esclarecer que as licenças Creative Commons surgiram a partir do exemplo bem sucedido do movimento do software livre e das licenças GPL (General Public Licence). O software livre também inspirou uma das maiores obras intelectuais do século XXI, a enciclopédia livre chamada Wikipedia. Lamentavelmente, os lobistas do ECAD chegam a dizer que a Microsoft apóia o software livre e o movimento de compartilhamento do conhecimento.
 
Segundo, o argumento do ECAD de que defender o Cretaive Commons é defender grandes corporações internacionais é completamente falso. As grandes corporações de intermediação da cultura se organizam e apóiam a INTERNATIONAL INTELLECTUAL PROPERTY ALLIANCE® (IIPA, Associação internacional de Propriedade Internacional) e que é um grande combatente do software livre e do Creative Commons. O Relatório da IIPA de fevereiro de 2010 ataca o Brasil, a Malásia e outros países que usam licenças mais flexíveis e propõem que o governo norte-americano promova retaliações a estes países.
 
Terceiro, a turma do ECAD desconsidera a política histórica da diplomacia brasileira de luta pela flexibilização dos acordos de propriedade intelectual que visam simplesmente bloquear o caminho do desenvolvimento de países como o Brasil. Os argumentos contra as licenças Creative Commons são tão rídiculos como afirmar que a Internet e a Wikipedia é uma conspiração contra as enciclopédias proprietárias, como a Encarta da Microsoft ou a Enciclopédia Britânica.
 
Quarto, o texto do maestro Marco Venicio Andrade é falso até quando parabeniza a presidente Dilma por ter “restabelecido a soberania de nossa gestão cultural, anulando as medidas subservientes tomadas pelos que, embora parecendo modernos e libertários, só queriam mesmo é dobrar a espinha aos interesses das grandes corporações que buscam monopolizar a cultura”. O blog do Planalto lançado pelo presidente Lula e mantido pela presidente Dilma continua com as licenças Creative Commons. Desse modo, os ataques que o defensor do ECAD fez a política dos commons lançada por Gilberto Gil, no MINC, também valem para a Presidência da República.

Quinto, o movimento de software livre, de recursos educacionais abertos e os defensores da liberdade e diversidade cultural votaram em Dilma pelos compromissos que ela afirmou em defesa do bem comum. No mesmo dia que a Ministra Ana de Holanda atacou o Creative Commons retirando a licença do site, a Ministra do Planejamento Miriam Belquior publicou a normativa que consolida o software livre como a essência do software público que deve ser usada pelo governo. É indiscutível o descompasso que a Ministra da Cultura tem em relação à política de compartilhamento do governo Dilma.

(*) Sergio Amadeu da Silveira é professor da UFABC. Sociólogo e doutor em Ciência Política. Foi presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação e primeiro coordenador do Comitê Técnico de Implementação do Software Livre na gestão do presidente Lula.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ensino Médio Integrado e a Formação Profissional no Brasil

Abaixo, nota sobre a posição do MEC sobre o Ensino Médio Integrado à Formação Profissional - modelo de ensino médio que foi eliminado pelo governo de FHC e retomado pelo governo LULA. Agora o MEC tenta ampliar sua aplicação....


Proposta do ministério prevê modelo com aulas em turnos diferentes, para reverter as altas taxas de abandono. Em 2009, 11,5% dos 7,9 milhões de estudantes do médio abandonaram os estudos. No ensino fundamental, os índices de abandono foram de 2,3%, dos 17,2 milhões de alunos dos anos iniciais (1º ao 5º ano) e 5,3%, dos 14,4 milhões de estudantes dos finais (6º ao 9º ano). A proposta do MEC ainda é vaga e não deixa claro se o modelo seria obrigatório para todas as escolas (NOTA DO BLOGUEIRO: em nenhum momento foi falado de obrigatoriedade, pelo menos até agora). Isto gerou incerteza entre especialistas do setor, devido à complexidade da aplicação. A ideia de o aluno cursar o médio em um turno e fazer o técnico em outro requer formação de professores, parcerias com governos e prefeituras e altos investimentos em infraestrutura nas escolas.

Presidente Dilma já deu sinal verde - Apesar disso, Haddad já apresentou o projeto à presidente Dilma Rousseff, que deu sinal verde para encaminhar a proposta à equipe econômica. Na avaliação do ministro, mesmo com a ampliação do número de escolas técnicas federais no governo Lula, o avanço é pequeno na integração do ensino médio com o técnico. – O ensino médio precisa de uma injeção de ânimo muito forte – afirma o ministro da Educação. Ainda não há estimativa de custo nem forma definida de aplicação da medida. Haddad disse que, além das 354 escolas técnicas federais, poderiam participar do projeto mais 500 escolas do Sistema S (Senac, Senai, Sesc, Sesi, etc) e mais 500 do programa Brasil Profissionalizado (200 a serem criadas). A carga horária complementar seria composta por disciplinas relacionadas ao curso escolhido, mais atividades complementares de esporte e cultura.

O ensino técnico é restrito no país, porque faltam vagas para todos os estudantes interessados. Enquanto 8,3 milhões cursam o ensino médio, 861 mil fazem o profissionalizante, o equivalente a 10,3%. Dos que estão no nível técnico, 60% começaram depois de terminar o médio. Para alterar o quadro, o governo terá um desafio pela frente. Em média, cada escola federal oferece 1,2 mil vagas, número insuficiente para atender a demanda. Em algumas unidades, a concorrência é tão acirrada para alguns cursos quanto para vestibulares federais. No Estado, são 1,6 mil estudantes matriculados no ensino médio integrado do Instituto Federal de Santa Catarina (IF-SC), que oferece 422 vagas nesse modelo. No último processo seletivo, O curso mais concorrido foi o de Edificações – 15,53 candidatos para cada uma das 32 vagas oferecidas.

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Fonte: Diário Catarinense - JÚLIA ANTUNES LORENÇO
 
Ai, no mesmo jornal, aparece um economista que diz ser especialista em educação e tenta desconstruir a iniciativa. Vejamos:
 

O economista e especialista em educação Cláudio de Moura Castro avalia como equivocada a proposta do Ministério da Educação (MEC). Para ele – um dos maiores estudiosos sobre educação no Brasil e autor de vários livros e artigos sobre o assunto – o projeto ignora décadas de história e pesquisas na área. Integrar não seria a solução dos problemas do ensino médio, que, na opinião dele, está encolhendo por ser "chato e sobrecarregado de matérias”. – Aprendem-se coisas cujo uso, se é que existe, nem os professores sabem. Isso tudo em uma idade de transição, de grandes terremotos interiores e pouco interesse por assuntos teóricos e abstratos.

O especialista defende que a reforma do médio requer outros caminhos, que não passam pela integração com o técnico. – Ela exige reduzir o número de matérias e, mais ainda, os conteúdos dentro de cada uma. Requer mais aplicação. Ser mais prático não significa ser voltado para um emprego ou ocupação. Significa que a teoria deve ser exercitada em aplicações no mundo real – afirma Castro. Ele acredita que o ensino técnico precisa estar voltado para o mercado de trabalho e para uma demanda existente. Para o economista, como as profissões ensinadas têm valores, ética e princípios próprios, esse modelo não funciona bem quando instalado em uma escola acadêmica, com alunos de perfis variados.

Além disso, ele argumenta que o ensino técnico tem um custo elevado. – São escolas muito caras, têm quase custo de universidade federal, que, por sua vez, custam o mesmo que a média da Europa. Não há recursos para a expansão que seria desejável no setor público. Especialista em educação, a professora Helena Sporleder Côrtes, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), acredita na ideia, mas antevê dificuldades de implantação do modelo no Brasil. – Melhorar a formação do quadro técnico e ampliar o conhecimento humanístico é uma ideia positiva, mas é preciso um estudo de viabilidade. Definir algo por meio de legislação é fácil, mas quem seriam os professores para atender esses alunos, quais as escolas que o ofereceriam e onde?

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Fonte: Diário Catarinense


Nesta semana, questionado por um jornalista local, tive a oportunidade de falar um pouco a respeito, apesar de que o foco do jornalista era a pouca participação (na opinião dele) das pessoas que necessitam de emprego, nos cursos gratuitos. Se ajudar, leiam:
 
As vagas na EJA da rede municipal há tempo que são sub utilizadas. Nosso potencial de atendimento é seguramente três vezes maior do que atendemos nos últimos anos. Desde que entrei na secretaria em 2005 essa é uma realidade bastante sentida. Além disso a desistência no correr do curso também é alta. Os motivos são vários.
 
No ano passado, diante dessa realidade, implantamos um modelo calcado em módulos e temas geradores, o que diminuiu um pouco a desistência (mas não dá para dizer que foi baixa). Nos módulos acrescentamos um ingrediente novo: a iniciação profissional. Iniciação, pois estamos falando de ensino fundamental, que em essência não dá as condições para cursos técnicos. A ideia é iniciar no educando um caminho formativo profissional ou fazê-lo despertar para algumas atividades que ele venha a se aprofundar a partir do ensino médio.
 
No primeiro ano tivemos relativo sucesso. Para 2011 manteremos o modelo. Todavia, até o dia de hoje, as matrículas para a EJA estão abaixo dos números do ano passado. Aguardaremos o final do mês para divulgar esse número, já que historicamente muitos deixam para o último dia a matrícula.
 
O curso de contabilidade teve uma queda na procura, mas ainda mantêm seis salas em seu início, chegando a algo em torno de 200 alunos. Mas também a desistência é muito grande. Ano passado o número de formandos foi menos da metade dos iniciantes.
 
Sobre a contabilidade, creio que o curso está respondendo a uma parcela da juventude que tem facilidade em conseguir outras alternativas de cursos rápidos. O curso em si é muito específico e forma técnicos, não graduados.
 
Sobre a questão da não procura das pessoas aos cursos profissionalizantes existentes, desde antes de entrar na prefeitura, quando ainda sindicalista e dirigente nacional da CNM, o que observava era uma dificuldade muito grande de os cursos gratuítos acompanharem as necessidades das empresas e as empresas por sua vez delegando à sociedade como um todo a formação de pessoas nas especificidades delas. E, convenhamos, essa é uma equação que nunca fechará. A diversidade de funções e a rapidez com que as novas tecnologias criam funções que não existiam ontem, impedem uma resposta imediata daqueles que se colocam para executar formação profissional. Acredito que falta um "casamento" entre os espaços de trabalho e aqueles que executam formação profissional. E arrisco a dizer que quanto mais estes últimos tentarem responder as especificidades do mercado, menos conseguirão. O que acredito é na formação pública que dê elementos para que o formando busque suas alternativas de emprego e no emprego faça suas especializações. Mas parece que cada vez mais o mercado quer as pessoas "prontas".
 
Na década de 90 isso era encarado como uma forma de seleção dos trabalhadores. Hoje não, pois a falta de mão de obra especializada é bastante evidente. Todavia poucas são as empresas que se colocam a disposição para também capacitarem seus trabalhadores a partir da contratação. Então, os cursos profissionalizantes, nessa lógica e na minha opinião, estarão sempre defazados. Defazados, não são procurados maciçamente.
 
Na minha visão é necessário uma mudança radical na lógica da formação profissional. O poder público precisa elaborar cursos estruturantes nas diversas áreas. As especificidades precisam ser trabalhadas por quem precisa delas.
 
O IFSP/Salto na sua formatura no final do ano passado disse que todos os seus formandos já estavam encaminhados profissionalmente. Isso é um ganho sem precedentes em nossa história. Agora, as perguntas que ficam é: quantos jovens conseguram isso? em quais áreas? qual o custo de um aluno do IFSP/Salto para o poder público? temos recursos públicos suficientes para IFs em todas as áreas e que atenda todos os jovens?
 
Outro movimento que se espera é em relação aos programas federais de complementação de renda. O objetivo expresso na campanha de nossa atual presidenta é de que os usuários destes programas necessariamente passem por qualificações profissionais que os capacite para sairem dos referidos programas e mantenham sua renda. A pergunta que fica é: quais serão estes cursos? Na minha opinião não podemos ficar somente com os cursos que estão na base da pirâmide das profissões. Talvez estes como um "trampolim" imediato para uma auto sustentação. Mas a ideia de cursos estruturantes nas diversas áreas precisa também ser trabalhada nesse contexto, sob pena de formarmos um número bastante grande de profissionais pouco qualificados.
 
Desculpe se divaguei para um caminho que você não esperava, mas é um pouco isso que penso.
 
Espero estar errado em alguns aspectos, se estiver, remodelar o pensamento é positivo sempre. 
 
O debate é amplo e está aberto...

Ainda as Bicadas Tucanas

Do Correio do Brasil

A disputa interna pelo comando do PSDB se acirrou, nesta quinta-feira, após o ataque do deputado Jutahu Magalhães Jr. (PSDB-BA) ao atual presidente da legenda e candidato à própria sucessão, Sérgio Guerra. Magalhães Jr. disse a jornalistas, nesta manhã, que Guerra teve uma “atitude indigna” ao apoiar um abaixo-assinado favorável à sua recondução ao cargo em detrimento do candidato derrotado à Presidência da República José Serra, postulante ao comando da legenda.

Jutahy acusa Guerra de haver criado uma espécie de fato consumado para que os deputados tucanos aderissem ao abaixo-assinado, que recebeu o apoio do senador eleito Aécio Neves e do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin.

– A atitude do presidente Sérgio Guerra foi indigna e o desqualifica como presidente do partido. Ele fez um pronunciamento, numa reunião convocada exclusivamente para eleger o líder, passando a ideia de que havia um acordo desrespeitoso da cúpula. Vamos reagir – convocou.

Serra ainda nutre algum interesse pela presidência do PSDB, após a derrota nas urnas para Dilma Rousseff, a candidata do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Jutahy reclamou que, ao consultar Guerra sobre a possibilidade de não comparecer à reunião, na véspera, onde circulou o documento, ele havia dito ser desnecessário a presença do aliado de Serra.

– O papel do presidente é lutar pela unidade e pelo fortalecimento do partido e não tentar criar um fato consumado baseado na traição a princípios elementares – disparou Jutahy.

Outro deputado que não assinou o apoio a Guerra, Vaz de Lima (SP) levou suas queixas ao líder recém-eleito, Duarte Nogueira (SP).

– Isso não foi debatido. Não vou assinar nenhum documento sem discussão – protestou.

O movimento, na realidade, demonstra a intenção dos dois principais líderes tucanos, Aécio e Alckmin, de mudar os rumos da legenda. Partiu de representantes de ambos a ideia de formular um documento de apoio ao atual presidente, de forma que Serra permanecesse fora dos centros de decisão da legenda. Guerra admitiu não ter consultado o grupo serrista, mas negou que senadores do partido, a exemplo de Aécio, tenham ajudado na elaboração do texto.

– Trata-se de um documento dos deputados – afirmou.

Recuo de Alckmin

Tão logo soube que o abaixo-assinado de apoio a Guerra não era uma unanimidade entre os deputados, o governador Geraldo Alkmin voltou atrás e disse, no início desta tarde, que “a discussão é extemporânea” e, caso Serra resolva disputar o cargo, contará com o seu apoio.

– Nem sei se o Serra será candidato a presidente do partido. Mas, se quiser, terá meu integral apoio – disse Alckmin.

Diante da crise que divide, ainda mais, a legenda, Alckmin sugeriu a Guerra que esperasse um pouco para começar sua campanha à reeleição.

– Essa é uma questão extemporânea. [...] Ontem, quando o Sérgio Guerra me telefonou, disse a ele minha opinião – concluiu Alckmin.


Trabalhadores Rurais Inocentados

Notícia que poucos divulgarão....

Do Escrevinhador

por Juliana Sada

Em janeiro deste ano, a Justiça decidiu pela libertação dos trabalhadores sem-terra acusados de praticar crimes durante a ocupação de uma fazenda pertencente à empresa Cutrale, produtora de suco de laranja. Além disso, o processo foi arquivado pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
 
De acordo com o desembargador Luis Pantaleão, em seu relatório, não havia indícios que ligassem os acusados aos crimes alegados. Além disso, o desembargador citou problemas no processo. A prisão preventiva foi decretada antes do recebimento da denúncia e ainda com a investigação em curso, para o desembargador não havia indícios de que os acusados trariam algum empecilho ao processo. O encarceramento foi baseado também na suposta “imoralidade” dos trabalhadores, acusação que não sustenta a prisão preventiva.

Já o processo foi trancado por inépcia da denúncia, ou seja, por não possuir os requisitos legais para instauração de um processo.

A ocupação
Em setembro de 2009, cerca de 250 famílias ocuparam uma fazenda pertencente à Cutrale, para denunciar a grilagem de terras pela empresa. De acordo com o MST, a área ocupada pertence à União e a Cutrale estaria se apropriando ilegalmente da terra. A ocupação durou doze dias, entre 28 de setembro e nove de outubro, e terminou por ordem judicial.

O episódio teve intensa repercussão na mídia, sobretudo por conta da derrubada de pés de laranja da fazenda pelos manifestantes, como forma de protesto.


Egito> O Dia do Acerto de Contas

Grandes convulsões acontecendo no Egito. As duas reportagens e notícias abaixo nos dão um  quadro dos acontecimentos de lá.

Do VioMundo

Enquanto os aliados observam…
Egito: o dia do acerto de contas
28/1/2011, Robert Fisk: The Independent, UK

Dia de orações ou dia de ira? Todo o Egito está à espera do sabbath muçulmano hoje – para nem falar dos assustados aliados do Egito –, enquanto o envelhecido presidente do país agarra-se ao poder depois de noites de violência que já fazem os EUA duvidarem da estabilidade do regime de Mubarak.

Até agora, há cinco mortos e mais de 1.000 presos, a polícia bateu em mulheres e, pela primeira vez uma das sedes do Partido Nacional Democrático reinante foi incendiada. Aqui, os boatos são perigosos como granadas de gás lacrimogêneo. Um diário do Cairo publicou que um dos principais conselheiros do presidente Hosni Mubarak fugiu para Londres com 97 malas de dinheiro; outros falam de um presidente enfurecido, que grita com os comandantes da polícia, exigindo mais força na repressão das manifestações.

Mohamed ElBaradei, líder da oposição, Prêmio Nobel e ex-funcionário da ONU retornou ao Egito ontem à noite, mas ninguém acredita – exceto talvez os norte-americanos – que venha a converter-se em ímã que dê foco aos movimentos de protesto que se alastram por todo o país.

Já aparecem sinais de que muitos, cansados do governo corrupto e antidemocrático de Mubarak, tentam persuadir os policiais que patrulham as ruas do Cairo a unir-se a eles. “Irmãos! Irmãos! Quanto eles pagam a vocês?” um grupo de manifestantes pôs-se a gritar para os policiais no Cairo. Mas ninguém negocia coisa alguma – não há o que negociar, exceto a partida de Mubarak, e o governo egípcio nada diz e nada faz, mais ou menos exatamente como nos últimos trinta anos.

Há quem fale de revolução, mas não há ninguém para ocupar os lugares dos homens de Mubarak – jamais houve sequer um vice-presidente – e um jornalista egípcio disse-me ontem que conversou com amigos de Mubarak, preocupados com ele, presidente, isolado, solitário. Mubarak está com 82 anos e deu sinais de que se candidatará novamente à presidência – o que é ultraje para milhões de egípcios.

A dura verdade, porém, é que, exceto pela força policial brutal e um exército escandalosamente dócil – o qual, aliás, não apoia a indicação de Gamal, filho de Mubarak – o governo está impotente. Essa é revolução pelo Twitter e revolução pelo Facebook, e a tecnologia, já há muito, derrubou as regras da censura.

Os homens de Mubarak parecem ter perdido toda a noção de iniciativa. Os jornais do partido governista vêm carregados de falsas ilusões autoimpingidas, empurrando as vastas manifestações de rua para os rodapés, como se bastasse a diagramação para esvaziar as ruas – e como se, de tanto esconder os fatos, conseguissem convencer-se de que as manifestações não existiram.

Mas ninguém precisa dos jornais, para ver o que não deu certo. A sujeira das ruas e das favelas, os esgotos a céu aberto e a corrupção de todos os funcionários do estado, as prisões sobrecarregadas, as eleições risíveis, o vasto, esclerosado edifício do poder, tudo isso, afinal, arrastou ou egípcios para as ruas das cidades.

Amr Moussa, presidente da Liga Árabe, observou ponto interessante, na recente reunião de cúpula dos líderes árabes no resort de Sharm el-Sheikh, no Egito. “A Tunísia não está longe de nós”, disse ele. “Os árabes estão quebrados”. Mas… será que estão? Um meu velho amigo contou-me história assustadora sobre um egípcio pobre, que lhe disse que não tinha interesse algum em arrancar os líderes corruptos das fortalezas superprotegidas onde vivem no deserto. “Hoje, pelo menos, sabemos onde eles moram” – disse o homem. O Egito tem hoje mais de 80 milhões de habitantes, 30% dos quais com menos de 20 anos. E perderam o medo.

Nas manifestações, observa-se uma espécie de nacionalismo egípcio – mais do que algum islamismo. 25 de janeiro é Dia Nacional da Polícia – dia em que se homenageia a força policial que morreu em combate contra o exército britânico em Ishmaelia – e o governo não poupou discursos, para dizer à multidão que estariam traindo os próprios mártires. A multidão gritou “Não. Os policiais que morreram em Ishmaelia eram valentes, nada a ver com os policiais de hoje.”

Mas o governo não é completamente cego. Há uma espécie de inteligência na gradual liberação da imprensa e das televisões, nessa pseudodemocracia em cacos. Os egípcios ganharam uma lufada de ar fresco, o suficiente para respirarem, para que se acalmem e calem-se, e voltem à docilidade de sempre, nessa terra de pastores. Pastores e agricultores não fazem revoluções, mas quando são amontoados aos milhões nas grandes cidades, nas favelas, nas casas e nas universidades em ruínas, que lhes dão diplomas, mas não dão trabalho, alguma coisa pode ter acontecido.

“Os tunisianos ensinaram aos egípcios o que é poder orgulhar-se do que se faz” – disse-me ontem outro jornalista egípcio. “São inspiração para nós, mas o regime egípcio é mais esperto que o de Ben Ali na Tunísia. Lá foi preservada uma semente de oposição, ao não meterem na cadeia a Fraternidade Muçulmana, mas, ao mesmo tempo, dizerem aos EUA que o grande inimigo seria o Islã, e que Mubarak ali estava para proteger os EUA do “terror” – mensagem que os EUA sempre gostam de ouvir já há dez anos”.

Há vários indícios de que o poder no Cairo percebeu que algo estaria para acontecer. Ouvi de vários egípcios que dia 24 de janeiro já havia soldados arrancando cartazes de Gamal Mubarak dos muros das favelas – para evitar mais provocações. Mas o alto número de prisões, a violência policial – que espancou homens e mulheres pelas ruas – e o virtual colapso da Bolsa de Valores no Cairo mais sugerem pânico, que astúcia política.

Um dos problemas foi criado pelo próprio regime; foram sistematicamente afastados do poder todos que tivessem algum carisma, mandados para o interior, castrando politicamente qualquer possível oposição verdadeira, muitos, diretamente para a prisão. Hoje, EUA e União Europeia dizem ao regime que ouçam o povo – mas que povo? Onde estão as vozes de liderança?

O levante no Egito não é – embora possa vir a converter-se em – levante islâmico, mas, além do grito em massa de milhões de egípcios que despertam de décadas de humilhação e fracassos, só se ouve nas manifestações o discurso de rotina da Fraternidade Muçulmana.

Quanto aos EUA, a única coisa que parecem capazes de oferecer a Mubarak é uma sugestão de reformas – conversa que os egípcios ouvem há muito tempo. Não é a primeira vez que a violência toma conta das ruas do Cairo, é claro. Em 1977, ouve manifestações imensas de gente que pedia comida – eu estava no Cairo, e vi multidões famintas, de mortos de fome –, mas o governo de Sadat conseguiu controlar a revolta mediante preços mais baixos e muitas prisões e tortura. Também houve motins nas forças policiais – um deles reprimido a ferro e fogo pelo próprio Mubarak. Mas, agora, está acontecendo algo de diferente.

Interessante de observar, não há nenhuma animosidade contra estrangeiros. Várias vezes aconteceu de a multidão proteger jornalistas e – apesar do vergonhoso apoio que os EUA garantem aos ditadores no Oriente Médio – nenhuma bandeira dos EUA foi queimada. Já se vê que há aí alguma novidade. Talvez a multidão que amadurece – e descobre que vive sob um governo que é, ao mesmo tempo, senil e imaturo.
Ontem à noite as autoridades egípcias cortaram todos os serviços de internet e de transmissão de texto por celulares, na tentativa de impedir que os manifestantes se organizassem através de redes sociais. A medida foi tomada no mesmo momento em que uma unidade policial de elite, de forças antiterrorismo, recebeu ordem para tomar posição em pontos estratégicos em toda a capital, preparando-se para o que se estima que sejam as maiores manifestações até agora, previstas para hoje.

Dentre os pontos estratégicos selecionados pelas forças antiterrorismo está a Praça Tahrir, cenário das maiores manifestações até agora. Facebook, Twitter, YouTube e outros sites de contato social tiveram papel vital nos protestos no Egito, exatamente como na Tunísia, para manter os manifestantes em contato e planejar a movimentação dos grupos.


Abaixo as notícias mais atualizadas de hoje, inclusive a prisão do Nobel da Paz

Do Luis Nassif

Por André
Ainda sobre os protestos na terra dos faraós, acaba de ser preso o Nobel da Paz Mohamed ElBaradei:

Do UOL
28/01/2011 - 10h17 / Atualizada 28/01/2011 - 11h46 
Governo do Egito enfrenta nova onda de protestos e detém prêmio Nobel da paz

Do UOL Notícias*
Em São Paulo

Apesar das tentativas do governo do Egito de desarticular a "sexta-feira da ira", convocada por manifestantes que desde terça-feira protestam contra o presidente Hosnik Mubarak, pelo menos um confronto entre manifestantes e policiais já foi registrado hoje em Cairo, segundo a AFP.

Cerca de 2.000 pessoas estavam reunidas para uma oração na mesquita de Guiza, no centro de Cairo, entre elas, o opositor egípcio e Nobel da paz Mohamed ElBaradei. Os fiéis oravam e gritavam "Abaixo (o presidente) Hosni Mubarak!”. A polícia disparou para o ar e usou gases lacrimogêneos e jatos de água para dispersar a multidão ao término da oração, tentando evitar novas manifestações.

Segundo a rede de TV "Al Jazeera", ElBaradei teria sido detido pelas autoridades egípcias ao tentar deixar a mesquista ao lado de outro dirigente da oposição, Ossama Ghazali. Quatro jornalistas francesas também teria sido detidos durante as manifestações.

No quarto dia de protestos contra o regime do presidente Mubarak, o governo do Egito montou um esquema de segurança no Cairo e bloqueou sites da Internet e o sistema de telefonia celular para tentar desarticular a "sexta-feira da ira" convocada por manifestantes. Desde terça-feira, os confrontos já deixaram pelo menos cinco mortos e centenas de pessoas foram presas.

O bloqueio à internet, que começou à meia-noite, priva os ativistas de uma ferramenta essencial para a mobilização - durante a semana, a rede social Facebook foi o principal instrumento para a convocação dos protestos para esta sexta-feira, ao lado do celular e das mensagens de texto.

A companhia telefônica Vodafone disse que recebeou ordens do governo para suspender todos os serviços para celulares em "áreas selecionadas" no país. Em nota, a empresa disse que "sob a legislação do Egito as autoridades têm o direito de fazer tal solicitação e nós somos obrigados a cumpri-la".

O policiamento também foi reforçado nas ruas. Caminhões de bombeiros capazes de disparar jatos de água estão estacionados em locais que podem reunir manifestantes, como os arredores da mesquita Al Azhar, do palácio presidencial e nas ruas que dão acesso à praça Tahrir, no centro do Cairo.

Além de protestarem contra a ditadura de Mubarak, há 30 anos no poder, os jovens manifestantes se queixam do desemprego, da inflação, da corrupção e do autoritarismo do governo. São queixas semelhantes às que levaram à rebelião na Tunísia, e que também desencadearam protestos em países como Argélia e Iêmen.

"A inflação exauriu o povo. Os preços da comida, do combustível, da eletricidade e do açúcar estão subindo... Os ricos ficam mais ricos, e os pobres, mais pobres", disse um taxista, que não quis dizer seu nome. "Só Deus sabe o que vai acontecer hoje. Após a Tunísia, tudo é possível."

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, fez um apelo nesta sexta-feira para que os líderes e o povo do Egito não permitam uma maior intensificação da violência, pedindo respeito pela liberdade de associação e de expressão.

"Todos os envolvidos -- povo ou líderes -- deveriam garantir que a situação naquela região, particularmente no Egito não conduza a uma violência maior", disse Ban em coletiva de imprensa no Fórum Econômico Mundial. "Eu venho pedindo às autoridades para que encarem isso como uma oportunidade para abordar as preocupações legítimas de seu povo."

Membros do proscrito grupo oposicionista Irmandade Muçulmana, inclusive oito dirigentes e seus principais porta-vozes, foram detidos durante a noite. Uma fonte oficial de segurança disse que as autoridades ordenaram que o grupo seja reprimido.

O governo acusa a Irmandade de tentar explorar os protestos juvenis em prol da sua "agenda oculta". O grupo islâmico afirma estar sendo usado como bode expiatório.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Como o Brasileiro se Locomove

Interessante a pesquisa anunciada pelo IPEA. Entretanto ainda acho que o transporte público deveria ser mais incentivado para desafogar os malucos congestionamentos que vemos até em cidades como a nossa.

Do Correio do Brasil

O transporte público, principalmente o ônibus, é o meio de locomoção mais usado nas cidades brasileiras, de acordo com o estudo Sistema de Indicadores de Percepção Social: Mobilidade Urbana, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o estudo divulgado nesta segunda-feira  na capital paulista, 44% dos brasileiros se locomovem dessa forma.

Em segundo lugar aparece o carro, com 23,8%, seguido por motocicleta com 12,6%. O levantamento feito com 2.770 famílias em todo o país constatou ainda que 12,3% se locomovem a pé.

Aluno/Escola - Relação de Poder


As reformas pretendidas para a Educação devem tomar muito cuidado com a visão simplista de que o aluno é o culpado de tudo. Segundo o sociólogo Marcel Engelberg, são as experiências do cotidiano escolar que produzem o conceito de aluno. E uma vez que as experiências são sempre diferentes para cada estudante e para cada escola, a concepção do que é ser aluno não pode ser vista como algo estático, já pronto. "Esse tipo de olhar prejudica as possíveis reformas, que tem se limitado à ótica do professor e da coordenação, baseada na perigosa dicotomia ‘aluno comportado e aluno bagunceiro’”, ressalta.

A pesquisa de mestrado do sociólogo, cujo título é A invenção cotidiana do aluno: relações de poder, experiências escolares e possibilidades de existência, foi baseada nas ideias do filósofo Michel Foucault sobre o conceito de "relações de poder”. Para Foucault, uma relação de poder é construída a partir das possibilidades de reação, de negociação e de disputa pelo exercício de poder sobre os outros.

O que Engelberg fez por meio de sua pesquisa foi aplicar esse conceito à questão da Educação, considerando que nas relações escolares, ou seja, nas cenas do cotidiano, o aluno é produzido e é capaz de produzir efeitos também lutando, reagindo e interferindo nas ações, decisões e situações escolares.

Disputa em sala
"Um mesmo aluno pode ser muito dedicado em uma aula e extremamente indisciplinado em outra”, afirma Engelberg, que defendeu seu mestrado em outubro de 2010, na Faculdade de Educação (FE) da USP. Segundo o pesquisador, isso acontece porque a escola não é a detentora de poder sobre o aluno, e nem o professor, como muitos ainda pensam.

"O que existe é uma disputa, em que, na relação dinâmica aluno-escola, esse "poder” se torna reversível, ou seja, está em exercício e não em detenção ou posse de alguns perante os outros. Assim, alguns professores conseguem exercer melhor certo poder sobre o aluno, com uma mistura de respeito, condução da ação e obtenção de certos efeitos”, explica o sociólogo. ”Uma vez que alunos e professores estão em constante disputa pelo exercício de poder, o resultado são alunos ora disciplinados, ora não, dependendo de cada aula, professor ou relação estabelecida com a escola”.

Dessa forma, as relações e disputas desenvolvidas no cotidiano escolar devem ser sempre consideradas com atenção pelas instituições de ensino, segundo Marcel. "Há uma variabilidade muito grande de cenas cotidianas, de relações aluno-professor, aluno-aluno, aluno-direção. Todas as cenas funcionam como exemplo de jogos e relações de poder, e exigem da escola uma postura e uma metodologia que leve em consideração um olhar múltiplo, procurando enxergar o aluno sem ser somente pelos ‘documentos oficiais’, ou seja, pelas notas das provas, ou advertências, por exemplo”, conclui o autor em sua pesquisa.

De acordo com Engelberg, o aluno que se comporta sempre com indisciplina pode, por exemplo, estar se valendo do rótulo de "aluno indisciplinado” para conquistar seu espaço na escola, fazendo com que os professores passem a agir com ele com bastante cautela. Assim, o sociólogo exemplifica como os estudantes podem jogar com os rótulos, perseguindo seus interesses, assim como a pórpria escola também joga, buscando os seus.

O aluno é uma invenção
O diferencial deste estudo, orientado pela professora Hanna Cecilia Mate, está na busca por mergulhar nas cenas escolares, e tentar perceber as disputas e as dificuldades dos alunos, pela ótica dos próprios alunos. "Não fui procurar a desgraça do ensino público, ou o que a escola sempre faz de errado. Fui colocar o foco no aluno, sem querer julgar questões sobre o conteúdo específico que é ensinado em sala de aula, ou se o conteúdo está ou não adequado.”

Para o sociólogo, portanto, o ser que ocupa o rótulo de aluno possui características e atitudes não tão definidas como se imagina, sendo fruto de inúmeras possibilidades e experiências que estão a todo momento em construção. "Ser aluno é uma invenção, uma produção muito subjetiva e variável, que depende sempre da análise dos próprios alunos sobre suas experiências”, constata.

O pesquisador diz ainda que as experiências diferentes, vividas por diferentes estudantes, de diferentes escolas, podem, inclusive, diferenciar os alunos quanto as instituições das quais fazem parte. "Um aluno de escola particular vive experiências muito diferentes de um estudante de escola pública. Essas experiências distintas formulam "rótulos” diferentes, que diferenciam um aluno de outro de maneira muito particular e relativa”, acrescenta.

A pesquisa foi realizada em uma escola pública, estadual, localizada em um bairro da região central da cidade de São Paulo. O sociólogo escolheu uma instituição não periférica, sem destaque na mídia, justamente porque o foco do estudo era observar os alunos em relação com a escola, e não os problemas da escola em si. Os estudantes foram observados, nos diversos espaços e momentos do cotidiano escolar, ao longo do período compreendido entre os anos de 2007 e 2010, enquanto cursavam o ensino médio.

http://www.usp.br/agen

Estado Mínimo em Xeque nos EUA

Alguma consequência haveria de existir depois do desastre irresponsável do Golfo do México....

Dos Amigos do Presidente Lula

Depois dessa notícia já tem demo-tucano, inclusive jornalistas como Miram Leitão, Sardenberg, Jabor e assemelhados procurando psicoterapia para se tratar, não de TOC, mas de "TOCONEP" ("Transtorno obsessivo compulsivo pelo neoliberalismo privatista")... Deixando a piada de lado, vamos à notícia de fato:

Depois do derramamento de 4,9 milhões de barris no Golfo do México com a explosão de uma plataforma da British Petroleum, as autoridades estadunidenses criaram uma comissão responsável por apontar as causas e propor sugestões para evitar novos desastres.

Corrupção no governo dos EUA pelas petroleiras privadas igual no período neoliberal de FHC

O resultando deste trabalho levou a conclusões assustadoras. Descobriram o elevado grau de corrupção no interior do Mineral Management (agência encarregada de regular o setor petrolífero).

Martin Durbin, vice presidente da API (Americam Petroleum Institute), principal lobby petrolífero dos EUA, reconheceu este problema afirmando que "As relações entre o Mineral Managament e indústria petrolífera tornaram-se bastante acolhedoras". Tem mais: Nos Estados Unidos 3 em 4 lobistas da indústria do petróleo trabalharam no governo federal, apurou uma reportagem do Washington Post.

O discurso ideológico e fundamentalista liberal tornou-se o responsável por esta degeneração administrativa ao propor o afastamento do Estado de suas atividades regulamentadoras, legitimando ações de negligência da segurança em nome do maior lucro possível. O relatório da comissão oficial de investigação confirma estas afirmativas.

O Estado mínimo morreu

A crença ideológica no mercado auto-regulado promovendo a concorrência sem interferência estatal conduzindo ao paraíso do consumo mostrou-se falsa. O governo dos EUA encontrava-se diante de um quadro ameaçador para sua economia considerando-se a segurança energética somados aos problemas decorrentes da catástrofe ambiental presente e futura.

E qual foi a solução? Segurem a Miriam Leitão, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, FHC e José Serra para eles não desmaiarem: A solução foi ampliar a intervenção do Estado.

Os Estados Unidos reformularam todo processo de pesquisa, autorização e exploração offshore reduzindo o poder decisório das empresas a partir da criação de duas novas agências para o setor petrolífero.

Imaginem estas modificações ocorrendo em qualquer país produtor da América Latina, como Venezuela ou Equador. O apelo seria o de sempre: "Marines neles!"

Vejamos as novidades do processo de intervenção governamental nos EUA. O novo Ocean Energy Management (BOEM) vai analisar a viabilidade econômica das novas autorizações, aprovar ou negar permissão para pesquisa, administrar o plano de execução, promover estudos ambientais. Outra agência criada foi o Comitê de segurança ambiental responsável por fiscalizar todas as operações de campo e assumirá o controle dos programas de vazamento de óleo. Foi também estabelecido um Conselho Cientifico de caráter consultivo constituído por 13 membros representando o governo, setor petrolífero, universidades e institutos de pesquisa para assessorar diretamente o Secretário do Interior na elaboração de novas políticas de segurança e exploração.


Nos Estados Unidos , os oligopólios do petróleo cresceram graças ao apoio estatal efetivado na forma de incentivos fiscais e apoio militar sobre o controle de áreas produtivas de outros países. Lá não existe uma estatal do petróleo, entretanto as indústrias petrolíferas não atuam objetivando a exportação de óleo bruto devendo em primeiro lugar garantir o abastecimento interno.