sábado, 29 de outubro de 2011

Alguns urubus já se manifestaram

Do Luis Nassif

Agora que as notícias dão conta da boa perspectiva de restabelecimento do Lula, é curioso debruçar sobre as análises apressadas sobre uma era pós-Lula.

Aliás, chocante a maneira como algumas comentaristas celebraram a doença de Lula. Até nos ambientes mais selvagens - das guerras, por exemplo - há a ética do guerreiro, de embainhar as armas quando vê o inimigo caído, por doença, tragédia ou mesmo na derrota. Por aqui, não: é selvageria em estado puro.

A analista-torcedora supos que, com a doença de Lula, haveria uma mudança radical no quadro político. Sem voz, Lula seria como um Sansão sem cabelos. Sem Lula, não haveria Fernando Haddad. Sem contar os diagnósticos médico-políticos, de que Lula foi castigado por sua vida desregrada. Zerado o jogo político, concluiu triunfante.

Num de seus discursos mais conhecidos, Lula bradava para a multidão: "Se cortarem um braço meu, vocês serão meu braço; se calarem a minha voz, vocês serão minha voz...".

Qualquer tragédia com Lula o alçaria à condição de semideus, como foi com Vargas. O suicídio de Vargas pavimentou por dez anos as eleições de seus seguidores. É só imaginar o que seriam os comícios com a reprodução dos discursos de Lula. Haveria comoção geral.

A falta de Lula seria visível em outra ponta: é ele quem segura a peteca da radicalização. Quem seguraria suas hostes, em caso da sua falta? Seu grande feito político foi promover um pacto que envolveu os mais diversos setores do país, dos movimentos sociais e sindicais aos grandes grupos empresariais. E em nenhum momento ter cedido a esbirros autoritários, a represálias contra seus adversários - a não ser no campo do voto -, mesmo sofrendo ataques implacáveis.

Ouvindo os analistas radicais, lembrando-se da campanha passada, como seria o país caso Serra tivesse sido eleito? É um bom exercício. Não sobraria inteiro um adversário. Na fase Lula, há dois poderes se contrapondo: o do Estado e o da mídia e um presidente que nunca exorbitou de suas funções. No caso de Serra, haveria a junção desses dois poderes, em mãos absolutamente raivosas, vingativas.

Ao fechar todos os canais de participação, Serra sentaria em cima de uma panela de pressão. Sem canais de expressão, muitos dos adversários ganhariam as ruas. Sem a mediação de Lula, não haveria como não resultar em confrontos. Seria uma longa noite de São Bartolomeu.

Essa teria sido a grande tragédia nacional, que provavelmente comprometeria 27 anos de luta pela consolidação democrática.


Solidariedade a Lula espalha-se pela net

Da Rede Brasil Atual


Força Lula: solidariedade ao ex-presidente ganha redes sociais
O ex-presidente Lula, diagnosticado com um tumor na laringe (Foto: ©Ueslei Marcelino/Reuters)

São Paulo - As manifestações de solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após diagnóstico de tumor na laringe, ganharam as redes sociais neste sábado. A informação de ele tem câncer na região da garganta foi divulgada na manhã deste sábado (29) pelo Hospital Sírio-Libanês e pelo Instituto Lula, mantido pelo ex-presidente.

Internautas usaram o Twitter e o Facebook para desejar melhoras a Lula. Empregando as expressões "#forçalula" e "#vivalula" como hashtags (usadas para demarcar o assunto da mensagem), petistas, apoiadores e pessoas solidárias a ex-presidente.

"Nunca antes na história desse país esse cara deixou de vencer desafios!", escreveu João Pedro Nardy. "Pra quem passou pelo câncer do racismo, do preconceito, da mídia marrom e entreguista, esse vai ser mole", sugeriu Toferainha.

"Grave ou não o problema de saúde do Lula (oxalá não seja grave!), eu lhe desejo cura rápida e muito axé (a força sagrada da vida)", escreveu o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ). Que, depois, lembrou a necessidade de se colocar a solidariedade acima de eventuais divergências políticas.

Blogueiros com Lula

No Encontro Mundial de Blogueiros, em Foz do Iguaçu, a notícia da doença de Lula também fez os participantes expressarem  apoio e solidariedade ao ex-presidente do Brasil. Conceição Oliveira, blogueira do Maria.Fro sugeriu uma salva de palmas, no que foi atendida por todos os presentes, em pé. 

Imediatamente, cada participante usou seu notebook, celular, tablet ou netbook para tuitar #VIVALULA.


Diagnóstico do tumor de Lula

Da Rede Brasil Atual

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi diagnosticado com tumor na laringe. O tratamento com quimioterapia de caráter laboratorial será iniciado a partir desta segunda-feira (31). As informações foram confirmadas em nota à imprensa pelo Instituto Lula, mantido pelo ex-presidente, e pelo Hospital Sírio-Libanês, na manhã deste sábado (29).

Ainda de acordo com a nota, Lula esteve no hospital, em São Paulo, para exames na sexta-feira (28). Ele queixava-se de dores na garganta. Os testes confirmaram o tumor na laringe. Não foram divulgados outros detalhes sobre o diagnóstico.

Segundo o oncologista Artur Katz, que acompanhou os exames, o tumor "não é muito grande" e acredita-se que ele possa levar "uma vida normal em quantidade e qualidade, após o tratamento". Nas redes sociais, as manifestações de solidariedade se espalharam rapidamente.

Lula completou 66 anos na quinta-feira (27), e até agradeceu as manifestações de carinho dos brasileiros na ocasião, um dia antes de realizar os exames. O mais recente compromisso público do ex-presidente ocorreu na segunda-feira, em Manaus, onde esteve ao lado da presidenta Dilma Rousseff para inaugurar uma ponte sobre o rio Negro, que liga a capital do estado a Iranduba (AM).

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, o tumor na laringe é um dos mais prevalentes entre os que acometem a região da cabeça e pescoço, correspondendo a 25% do total. Há 90% de chances de cura nesse tipo de caso, especialmente se o diagnóstico é feito precocemente.
Localizada na região da garganta, a laringe impede a passagem de ar durante a ingestão de alimentos e tem papel fundamental na fala, já que está associada às cordas vocais.

Lula desenvolveu uma rouquidão crônica em consequência de calos vocais. Esforços exagerados com a voz durante a atividade sindical, com seguidas assembleias. O problema, porém, não necessariamente tem relação com o surgimento do tumor.

Entre os fatores de risco, segundo o Inca, para o desenvolvimento da doença está o tabagismo. Quando associada ao hábito de ingerir de álcool, cresce a exposição à enfermidade. Ainda segundo o instituto, o tratamento varia conforme a localização exata do tumor e do tipo. Há casos em que é necessário radioterapia, quimioterapia e cirurgia – ou combinações dessas técnicas.

LULA - Aniversário!!! - O fator Lula

Do Blog da Cidadania



Têm sido dias de uma difícil reflexão sobre como o Brasil ainda é um país em estágio civilizatório elementar, um país no qual grupos de interesse ainda logram impor sobre as instituições da República até os próprios caprichos. Eis, aí, o sistema brasileiro de organização do Estado e das instituições. Estamos vendo como o Estado brasileiro foi montado, isto é, de forma a que pudesse ser pressionado por grupos.  Essa, aliás, é a história da República.

O Brasil é um país em que entre todos os governos que teve desde a aurora do período republicano, a maioria deles não conseguiu completar o mandato popular que recebeu, tendo sido violados, esses mandatos, pelos desejos e idiossincrasias de setores abastados e “influentes” da sociedade, com destaque para a imprensa, a eterna e suprema eleitora e derrubadora de governos desde sempre, por aqui, e representante dos grandes interesses políticos e econômicos.

Este país, porém, viu, na década passada, um ponto fora da curva, um momento de sua história em que, por mais que esse poder que volta a se agigantar sobre a nação – arrogando a si o direito de apontar quem são os políticos e governos “corruptos” e de blindar os políticos e governos amigos das denúncias de corrupção que acometem a qualquer governo – tentasse, não conseguia mais falar sozinho, acusar sem réplica, pois o Estado não aceitava mais ser fustigado por grupos políticos, ideológicos e econômicos para forçarem políticas públicas.

Em um momento em que se vislumbram tentações autoritárias dos mesmos grupos de interesse e de poder que outrora jogaram este país em décadas de regime de governo autoritário, esta lembrança vem como um sopro de ar fresco sobre o pó do passado que parece voltar a encobrir a nação: houve um homem que jamais se rendeu à direita midiática que volta a estender suas garras, tornando-a, em seu período, um dos atores, mas não a protagonista do processo político.

Luis Inácio Lula da Silva, em seu período, era comentado por este blogueiro e amigos como aquele que separava este país da escuridão, sendo só o que impedia que as forças autoritárias de outrora voltassem a se erguer sobre nós, o povo, para nos cassarem a era de democratização de oportunidades que se iniciou em 2003 e que, após quase uma década, fez do Brasil um dos países mais promissores em meio a um mundo em franca decadência.

As investidas todas sobre o ministério de Dilma e os delírios autoritários de alguns – por enquanto, poucos – que pensam poder apeá-la do poder preservando-a para a hora do bote, assim, não têm pela frente apenas a consolidação da economia brasileira como uma das mais organizadas do planeta, mas a sombra de Lula, a quem o povo dedica uma confiança que o mantém popular apesar de continuar sendo alvo da maior e mais longa campanha difamatória da história brasileira, ao menos.

Quando este blog relata o clima político resultante da perda do quinto ministro “por corrupção” ou os delírios de grupos políticos que já lograram materializar seus pendores golpistas, não faz campanha contra Dilma ou tenta sobrepor Lula a ela, porque não faria sentido. O que se quer é manter as mentes alertas, ainda que sempre pregue que também há que manter o coração tranqüilo, pois instrumentos para conter os golpistas, não faltam.

Isso, porém, não significa que eles não existem. E que não andam cada vez mais assanhados.

PS: feliz aniversário atrasado, presidente Lula. E sobre as notícias de sua doença, quem venceu tudo o que o senhor venceu em sua vida, não será um tumorzinho que irá vencê-lo.

—–
Assista, abaixo, ao vídeo que o ex-presidente gravou em seu aniversário


Ismenia em ação

Nesta quinta-feira, Ismenia fez uma performance em pleno centro da cidade, para uma filmagem que ela enviará para um trabalho. Ela postou algumas fotos no blog dela que reproduzo aqui.

Do Pitanga Porã

Filmagem na esquina da Nove com a D Pedro II



 Olha o Gabriel ali me filmando !!!
Fotos da norinha Melina Menconi


Informante descoberto!

Do Correio do Brasil

27/10/2011 16:42,  Por Redação - de São Paulo
Waak
William Waak, segundo documentos vazados no WikiLeaks, recebe dinheiro da CIA para alinhar o noticiário aos interesses norte-americanos no Brasil

O repórter William Waack, da Rede Globo de Televisão, foi apontado como informante do governo norte-americano, segundo post do blog Brasil que Vai – que citou documentos sigilosos trazidos a público pelo site WikiLeaks há pouco menos de dois meses. De acordo com o texto, Waack foi indicado por membros do governo dos EUA para “sustentar posições na mídia brasileira afinadas com as grandes linhas da política externa americana”.

Por essa razão, ainda segundo o texto, é que se sentiu à vontade para protagonizar insólitos episódios na programação que conduz, nos quais não faltaram sequer palavrões dirigidos a autoridades do governo brasileiro.

O post informa ainda que a política externa brasileira tem “novas orientações” que “não mais se coadunam nem com os interesses norte-americanos, que se preocupam com o cosmopolitismo nacional, nem com os do Estado de Israel, influente no ‘stablishment’ norte- americano”. Por isso, o Departamento de Estado dos EUA “buscou fincar estacas nos meios de comunicação especializados em política internacional do Brasil” – no que seria um caso de “infiltração da CIA (a agência norte-americana de inteligência) nas instituições do país”.

O post do blog afirma ainda que os documentos divulgados pelo Wikileaks de encontros regulares de Waack com o embaixador do EUA no Brasil e com autoridades do Departamento de Estado e da Embaixada de Israel “mostram que sua atuação atende a outro comando que não aquele instalado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro”.


Números começam a revelar realidades

Do Blog do Jornalista Eloy de Oliveira

Se a intenção do prefeito de Salto é apoiar o seu secretário de Governo, Gilmar Mazetto (PMDB), para a sua sucessão, Geraldo Garcia (PDT) gosta de desafios e vai encarar o maior deles desde que assumiu a chefia do Executivo.

Isto porque o pré-candidato peemedebista não está na frente em nenhuma das pesquisas a que tive acesso, realizadas nos últimos dois meses. Liderança mesmo Gilmar tem no índice de rejeição de uma delas: 38%.

O número de antipatia ao nome do secretário é tão grande que supera o percentual de intenção de voto do principal pré-candidato avaliado: o médico Ângelo Domingos Nucci (PV), que desponta na frente com 34,1%.

Gilmar Mazetto é o penúltimo na preferência dos eleitores nessa pesquisa, que foi realizada no início de setembro. Ele aparece em terceiro em outra do início de outubro e também em terceiro em mais outra da semana passada.

Na pesquisa mais antiga, o líder, o médico Ângelo Domingos Nucci, é seguido pelo vice-prefeito 
Juvenil Cirelli (PT) com 25,2%, Gilmar com 7,2% e o presidente da Câmara, Eliano Apolinário de Paula (PTB), com 3,5%.

O questionário utilizou ainda o nome do ex-vereador João Bispo dos Santos (PV), que não anunciou pré-candidatura, mas o seu desempenho interessava a quem mandou fazer a pesquisa e ele teve os mesmos 3,5% de Eliano.

Já no levantamento do início de outubro Ângelo também lidera com 25,9% e neste caso foram incluídos outros possíveis candidatos. O segundo continua sendo Juvenil com 20,1% e em terceiro se mantém Gilmar com 5,5%.

Aparecem nessa pesquisa ainda o ex-presidente da Câmara Luiz Carlos Batista (PSB) em quarto com 5,2%, o atual presidente Eliano com 4,6% e Milton Oliveira da Silva (DEM), o Milton Bombom, com 3,9%.

A última pesquisa coloca os três nomes principais e acrescenta a advogada, ex-secretária de Ação Social e ex-vereadora Marilena Matiuzzi (PSD), que não se lançou, mas interessava ao dono do questionamento.

Nesse levantamento o vice-prefeito Juvenil Cirelli aparece na frente pela primeira vez, mas se pode considerá-lo empatado com o líder das outras duas devido à margem de erro estar em três pontos percentuais.

Juvenil é apontado por 34% dos entrevistados, contra 31% de Ângelo. Gilmar continua na terceira posição, mas um pouco melhor que nas anteriores, com 12%. Marilena Matiuzzi é a última, com apenas 4% das intenções de voto.

Com esse quadro, que é muito semelhante nos três levantamentos, não é em vão que o secretário de Governo esteja se mexendo mais que o colega petista e tente encalacrar o prefeito para obter o seu apoio. 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Mobilização

A imagem fala por si. 


A folha fugiu

Do Blog do Miro

Folha foge de audiência na Câmara

Do sítio do deputado Paulo Pimenta:

A Folha de S. Paulo se negou a participar da audiência pública que será realizada na próxima quarta-feira (26) pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados para debater o caso de censura imposto pelo jornal paulista ao blog Falha de S. Paulo. Por meio de nota, assinada pelo diretor de redação, Otávio Frias Filho, pelo editor-executivo, Sérgio Dávila, e pelo secretário de redação, Vinicius Mota, a Folha de S. Paulo informa “declinar” do convite por “discordar de seus pressupostos”. Também convocada para representar a Folha, a advogada que assina a ação contra o blog Falha, Tais Gasparin, alegou viagem ao exterior.

Autor do requerimento, o deputado federal Paulo Pimenta afirma que mesmo com a ausência da Folha aos debates a audiência será realizada. “Cada vez que um veículo jornalístico tem sua atuação limitada pela ação do Poder Judiciário, fala-se em censura, e a grande mídia e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) bradam em favor da liberdade de expressão no país. É curioso, nesse caso, que a Folha, ao se sentir atingida, tenha buscado o caminho da justiça para calar a os irmãos Lino e Mário Bochini e, além disso, não se tenha visto qualquer tipo de movimento na imprensa contestando a ação da Folha”, critica o parlamentar.

O deputado Pimenta disse ainda “lamentar” que a Folha tenha se manifestado apenas por meio de uma nota, perdendo a oportunidade de prestar esclarecimentos à sociedade brasileira e promover um debate “qualificado” sobre liberdade de expressão. “Em mais esse episódio, fica revelada a postura contraditória do jornal paulista, ao se negar a dar informações de suas ações, justo a Folha que existe e sobrevive do ato de informar. Um jornal que diz estar a serviço do Brasil, não deveria agir como se estivesse acima dos brasileiros”, avalia o deputado Pimenta.

Para um dos criadores do blog Falha de S. Paulo, Lino Bochini, a atitude da Folha de S. Paulo já era esperada. “A Folha foge desse debate, eles dizem que defendem liberdade de expressão mas não suportaram ser criticados por um blog, como o Falha de S. Paulo. Parece que o autoritarismo ainda faz parte da marca deste jornal, que apoiou a ditadura no Brasil e se sente intimidada quando provocada publicamente”, diz Lino.

Folha x Falha

Em setembro de 2010, os irmãos Mário e Lino Ito Bocchini criaram o blog Falha de S.Paulo, uma paródia ao jornal paulista. Após um mês no ar, o jornal entrou na Justiça para tirar o blog do ar. Além de cassar o endereço na web, a Folha abriu um processo contra os criadores do site, pedindo indenização em dinheiro por danos morais.

A audiência será realizada nesta quarta-feira (26), ás 14h30, no plenário 3 da Comissão de Legislação Participativa. Foram convidados os criadores do blog Falha de S. Paulo, Lino Boccchini e Mario Ito Bocchini; o proprietário do jornal Folha de São Paulo, Otávio Frias Filho; o diretor de redação da Folha de São Paulo; Sérgio Dávila; a advogada do jornal paulista, Taís Gasparian; o secretário de redação da Folha de São Paulo, Vinicius Mota; e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e Associação Nacional dos Jornais (ANJ). 
 

"Provas" não atingem ministro

Do Luis Nassif


G1 - Policial diz que não tem provas específicas contra Orlando e Agnelo - notícias em Política

Policial diz que não tem provas específicas contra Orlando e Agnelo
 
João Dias diz ter entregue 13 áudios envolvendo assessores do Esporte.
Em reportagem, policial havia dito que ministro recebeu propina.

O policial militar João Dias Ferreira disse que não possui provas do envolvimento direto do atual ministro do Esporte, Orlando Silva, e de seu antecessor, Agnelo Queiroz, no suposto esquema de desvios de recursos públicos da pasta. O policial militar negou que tenha gravado diálogos de Orlando Silva. "Em nenhuma delas [das gravações] tem a voz do ministro".

Ao prestar novo depoimento nesta segunda-feira (24) à Polícia Federal, João Dias levou 13 arquivos de áudio e 4 ofícios emitidos pelo Ministério que, segundo ele, trazem "informações contraditórias" sobre a fiscalização dos repasses de verbas da pasta a entidades conveniadas. Segundo o policial, o material envolveria assessores da cúpula do ministério.

"É natural que a minha defesa se baseie no pessoal com quem eu sempre tive contato, que são o pessoal da fiscalização, técnicos e o pessoal jurídico, coordenadores gerais e o partido", disse Dias, em relação às provas que teria contra integrantes do ministério.
 
Por meio de sua assessoria de imprensa, a PF confirmou a apreensão de um aparelho celular onde estão gravadas as conversas e disse que, até o momento, não há comprovação da participação do ministro Orlando Silva no suposto esquema.

Neste fim de semana, reportagem da revista "Veja" transcreveu diálogo, que teria ocorrido em abril de 2008, em que João Dias combina com dois servidores do alto escalão do Ministério do Esporte o envio de um documento à Polícia Militar desmentindo supostas irregularidades na execução de convênios firmados entre a pasta e ONGs controladas pelo policial.

Mais cedo, ao chegar para depor, o policial afirmou que não tinha gravações do próprio ministro, mas sim de assessores ligados a ele.

"Se a reunião é feita no sétimo andar, na secretaria executiva, se a reunião é feita sobre assunto do Segundo Tempo, se a reunião é feita com a cúpula, não tem para onde correr, é diretamente interesse do ministério" disse o policial militar.

O policial militar também apontou o nome de sete ONGs que teriam contratos irregulares com o ministério e, de acordo com Dias, utilizavam os serviços de dez empresas fornecedoras indicadas pela pasta.

Em nota divulgada neste sábado (22), o Ministério do Esporte questionou a apresentação da conversa transcrita pela revista "Veja" e diz que pedirá à Polícia Federal para incorporar a gravação à investigação em andamento sobre o suposto esquema de desvio. No texto, a pasta classificou o material como "uma suposta gravação e cita supostos trechos, partes de frases, palavras isoladas, com o intuito claro de induzir os leitores".

Denúncia
João Dias Ferreira é o pivô das denúncias contra Orlando Silva, acusado pelo policial de comandar um suposto esquema de desvios do programa Segundo Tempo, destinado a promover o esporte em comunidades carentes. Em reportagem publicada pela revista "Veja" na semana passada, o PM disse que o ministro teria recebido um pacote com notas de R$ 50 e R$ 100 na garagem do ministério.

Orlando se defende dizendo que a denúncia é uma "reação" à cobrança do ministério, que pede a devolução, por supostas irregularidades, de R$ 3 milhões recebidos pelas ONGs do policial de convênios com o Ministério do Esporte.

sábado, 22 de outubro de 2011

Cursos para orientação sobre capacitação profissional

Da Página do Juvenil Cirelli




O PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho iniciou ontem, 18, no CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) do jardim Planalto mais uma turma de “Capacitação Profissional” do programa Time do Emprego, do Governo Estadual.
 
Juvenil Cirelli conversou com os jovens participantes do curso e explicou que, para conseguir um emprego, é necessário capacitar porque as empresas estão mais exigentes. Disse ainda que o CRAS oferece vários cursos que podem abrir portas aos jovens, assim como o Senai, Senac e outras instituições.
 
Ao todo, serão seis encontros, sempre às terças-feiras à tarde no Jardim Planalto, e, as quartas-feiras, o mesmo curso será ministrado no CRAS do bairro Santa Cruz.
 
O objetivo é orientar os participantes, jovens, sobre oportunidade do 1º emprego. Os participantes aprenderão como elaborar melhor um currículo, o como se portar numa entrevista de trabalho e preparar uma carta de apresentação.
 
O curso de capacitação profissional será ministrado pelo coordenador do PAT, Pedro Lorenzani.
 
Os inscritos, no caso de dúvidas, podem contar com orientação das profissionais a psicopedagoga Alessandra Madureira Onora, da Secretaria da Ação Social e Cidadania, e da psicóloga Fabiana Midori Oikawa.

Lula aconselha comunidade europeia

Do Instituto Cidadania

As medidas contra a crise sugeridas pelo ex-presidente Lula durante congresso em Madri ganharam destaque na imprensa europeia. Confira abaixo o que disseram alguns veículos de comunicação:

(…) Con el carisma del obrero metalúrgico que fue líder sindical y llegó a presidente (2003-2011) de un país de 200 millones de habitantes, Luiz Inácio Lula da Silva dijo: “Necesitamos políticos con coraje, dispuestos a servir bebidas amargas, pero no a permitir que el pueblo trabajador pague la crisis, [políticos] que piensen más en las próximas generaciones que en las próximas elecciones”. Estas palabras fueron recibidas con una de las varias ovaciones que logró el también exlíder del Partido de los Trabajadores de Brasil. (…)

(…) “Solo hay una salida: crecimiento económico, más comercio y menos proteccionismo, porque eso generará más empleo, más ingresos y más desarrollo”, argumentó. Según Lula da Silva, Europa tendría que dejar de hablar de “ajustes fiscales y recapitalizaciones de los bancos”, cuestiones que centrarán la cumbre de Bruselas del próximo día 23 con el fin de atajar los problemas de la deuda soberana. (…)

(…) Lula recomendó a los líderes europeos que dejen de hablar de ajustes fiscales y recapitalizaciones de bancos para “discutir de política”, de regulación de los mercados, de poner coto a los paraísos fiscales y promover el comercio internacional tumbando el proteccionismo. De acuerdo con el ex mandatario, la solución a la crisis no vendrá de técnicos, sino de “políticos con coraje” para aplicar las decisiones aprobadas en 2009 en el marco del G-20, y que en lugar de pensar en las “próximas elecciones, piensen en las próximas generaciones”. “Ya me gustaría”, replicó irónicamente Rubalcaba, quien envidió la “libertad” de los ex presidentes para dar consejos sin preocuparse por las encuestas.

El expresidente brasileño Luiz Inácio Lula da Silva recomendó este jueves a los líderes de la UE dejar de discutir de ajustes fiscales y recapitalizaciones de los bancos, y buscar la solución de la crisis en más crecimiento económico, más comercio y más creación de empleo.

(…) El principal problema era el endeudamiento excesivo de empresas, bancos y consumidores, “que fueron obligados a creer en una política de crédito según la cual el ser humano podría gastar más de lo que ganaba sin problemas”.  Los gobernantes, prosiguió, fueron después “obligados” a asumir esa deuda, que se convirtió en pública, ahogando el crecimiento y la creación de empleo. (…)

(…) El ex presidente brasileño nunca defrauda en sus intervenciones públicas. Ayer en Madrid volvió a demostrar por qué, en un discurso en el que recordó que la crisis política y económica que vive el planeta tiene su origen, sobre todo, en la falta de decisión de los líderes internacionales, que todavía no han aplicado ninguna de las decisiones adoptadas en las últimas cumbres del G-20. “Ya en la reunión de Washington de 2008, los líderes internacionales supimos establecer con claridad el diagnóstico de la situación y las medidas necesarias para acabar con la crisis que estaba comenzando. Nada de lo acordado se llevó a la práctica”, se quejó Lula da Silva. (…)

El ex presidente brasileño Luiz Inacio Lula da Silva reclamó hoy instituciones multilaterales que obliguen a cumplir las recomendaciones de los organismos internacionales y políticos “con coraje” que sirvan “bebidas amargas”. (…)


Como confiar na justiça?

No nosso país existe uma máxima que todos devemos obedecer: "decisão judicial não se discute, se cumpre". E assim é em todos os segmentos desse nosso querido país. Agora, vejam só se essa máxima não fosse contestada:

Da Rede Brasil Atual

Brasília - Juízes e promotores de Justiça de todo país concederam, entre 2005 e 2010, 33.173 mil autorizações de trabalho para crianças e adolescentes menores de 16 anos, contrariando o que prevê a Constituição Federal. O número, fornecido à Agência Brasil pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), equivale a mais de 15 autorizações judiciais diárias para que crianças e adolescentes trabalhem nos mais diversos setores, de lixões a atividades artísticas. O texto constitucional proíbe que menores de 16 anos sejam contratados para qualquer trabalho, exceto como aprendiz, a partir de 14 anos.

Os dados do ministério foram colhidos na Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Eles indicam que, apesar dos bons resultados da economia nacional nas últimas décadas, os despachos judiciais autorizando o trabalho infantil aumentaram vertiginosamente em todos os 26 estados e no Distrito Federal. Na soma do período, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina foram as unidades da Federação com maior número de autorizações. A Justiça paulista concedeu 11.295 mil autorizações e a Minas, 3.345 mil.

Segundo o chefe da Divisão de Fiscalização do Trabalho Infantil do MTE, Luiz Henrique Ramos Lopes, embora a maioria dos despachos judiciais permita a adolescentes de 14 e 15 anos trabalhar, a quantidade de autorizações envolvendo crianças mais novas também é “assustadora”. Foram 131 para crianças de 10 anos; 350 para as de 11 anos, 563 para as de 12 e 676 para as de 13 anos. Para Lopes, as autorizações configuram uma “situação ilegal, regularizada pela interpretação pessoal dos magistrados”. Chancelada, em alguns casos, por tribunais de Justiça que recusaram representações do Ministério Público do Trabalho.

“Essas crianças têm carteira assinada, recebem os salários e todos seus benefícios, de forma que o contrato de trabalho é todo regular. Só que, para o Ministério do Trabalho, o fato de uma criança menor de 16 anos estar trabalhando é algo que contraria toda a nossa legislação”, disse Lopes. “Estamos fazendo o possível, mas não há previsão para acabarmos com esses números por agora.”

Atividades insalubres

Apesar de a maioria das decisões autorizarem as crianças a trabalhar no comércio ou na prestação de serviços, há casos de empregados em atividades agropecuárias, fabricação de fertilizantes - onde elas têm contato com agrotóxicos -, construção civil, oficinas mecânicas e pavimentação de ruas, entre outras. “Há atividades que são proibidas até mesmo para os adolescentes de 16 a 18 anos, já que são perigosas ou insalubres e constam na lista de piores formas de trabalho infantil.”

No início do mês, o MPT pediu à Justiça da Paraíba que cancelasse todas as autorizações dadas por um promotor de Justiça da Comarca de Patos. Entre as decisões contestadas, pelo menos duas permitem que adolescentes trabalhem no lixão municipal. Também no começo do mês, o Tribunal de Justiça de São Paulo anulou as autorizações concedidas por um juiz da Vara da Infância e Juventude de Fernandópolis, no interior paulista.

De acordo com o coordenador nacional de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes, procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) Rafael Dias Marques, a maior parte das autorizações é concedida com a justificativa de que os jovens, na maioria das vezes de famílias carentes, precisam trabalhar para ajudar os pais a se manterem.

“Essas autorizações representam uma grave lesão do Estado brasileiro aos direitos da criança e do adolescente. Ao conceder as autorizações, o Estado está incentivando [os jovens a trabalhar]. Isso representa não só uma violação à Constituição, mas também às convenções internacionais das quais o país é signatário”, disse o procurador.

Marques garante que as autorizações, que ele considera inconstitucionais, prejudicam o trabalho dos fiscais e procuradores do Trabalho. “Os fiscais ficam de mãos atadas, porque, nesses casos, ao se deparar com uma criança ou com um adolescente menor de 16 anos trabalhando, ele é impedido de multar a empresa devido à autorização judicial.”

Procurado pela Agência Brasil, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) não se manifestou sobre o assunto até a publicação da matéria.

Fonte: Agência Brasil

Presidenta não aceita condenação sumária

Ontem a presidenta Dilma colocou muito claramente a posição do governo diante da avalanche de denúncias sobre o ministro Orlando Silva, até agora não comprovadas. Resta aguardar o que a "guardiã da moral e dos bons costumes", vulgarmente chamada de Veja, publicará neste sábado. 

Da Rede Brasil Atual

Brasília - Após a reunião na noite da sexta-feira (21) com o ministro do Esporte, Orlando Silva, a presidenta Dilma Rousseff disse que o governo “não condena ninguém sem provas e parte do princípio civilizatório da presunção da inocência”. A informação está na nota divulgada pelo Palácio do Planalto. “Não lutamos inutilmente para acabar com o arbítrio e não vamos aceitar que alguém seja condenado sumariamente”, disse a presidenta.

De acordo com a nota, na reunião, o ministro informou à presidenta que tomou todas as medidas para corrigir e punir malfeitos, ressarcir os cofres públicos e aperfeiçoar os mecanismos de controle do Ministério do Esporte.

A reunião de Dilma com Orlando Silva durou cerca de uma hora e meia. O ministro disse que apresentou um relatório contestando ponto a ponto as denúncias feitas pelo policial militar João Dias Ferreira em reportagem da revista Veja.

O ministro relatou ainda para a presidenta que ofereceu a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico, segundo ele, “porque quer a transparência máxima”. De acordo com Orlando Silva, Dilma sugeriu serenidade e paciência e reafirmou “confiança e solidariedade”. A parte final da reunião, segundo o ministro, foi dedicada a assuntos do ministério. A reunião foi o primeiro encontro de Dilma com o ministro após a publicação das denúncias da revista.

Na reportagem o policial militar João Dias acusa o ministro de ter recebido dinheiro de organizações não governamentais contempladas pelo programa Segundo Tempo que destina verba para projetos de incentivo a prática de esportes por jovens.
 

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Esquema das emendas na Assembléia Legislativa de SP

Mais uma notícia que não sairá na globo....

Da Rede Brasil Atual


São Paulo – O deputado estadual Major Olímpio (PDT-SP) denunciou nesta quinta-feira (20) aos integrantes do Conselho de Ética que a presidenta do Centro Educacional Cultural Santa Terezinha, Tereza Barbosa, da zona sul da capital, contou a ele que alguns deputados da Assembleia Legislativa só indicavam verbas de emendas para a sua entidade caso recebessem parte dos recursos para destinar a outras organizações não regularizadas, muitas vezes ligadas ao próprio deputado.

“Dona Terezinha me relatou um fato, dizendo que alguns parlamentares obtinham retorno financeiro através das emendas, dizendo: ´eu ajudo a sua entidade, mas também tenho uma ou umas entidades, que ainda não estão regularizadas e que também carecem de ajuda´", contou o deputado. Tereza Barbosa não foi encontrada. Na ONG informaram que ele está viajando e volta na próxima terça-feira. 

A polêmica surgiu durante uma entrevista na internet do também deputado Roque Barbiere (PTB), afirmando que 25% a 30% dos deputados "vendem" a cota de emendas a que têm direito todos os anos em troca de parte dos recursos. Covas, em entrevista a um jornal, endossou o colega e sugeriu ter ouvido rumores a respeito, citando até um exemplo onde um prefeito de uma cidade havia oferecido-lhe 10% de uma emenda no valor de R$ 50 mil indicado pelo parlamentar.

Mesmo afirmando não ter conhecimento do nome dos deputados que propunham o esquema com a entidade, Major Olímpio assegurou que Terezinha possuía bom relacionamento com membros do governo paulista e com deputados da base. Ele propôs para o conselho convidar Terezinha a se pronunciar a respeito. A sugestão foi vista com bons olhos pela oposição. "Estamos falando de uma pessoa que ensina os deputados como se faz para ganhar emendas, que tem livre trânsito na Alesp e na Casa Civil", disse o membro do conselho deputado Luiz Cláudio Marcolino.

Alguns deputados da base governista foram contrários ao convite, alegando que as investigações devem prosseguir no Ministério Público. O deputado Campos Machado (PTB) sugeriu até mesmo o fim dos trabalhos no Conselho de Ética, dizendo que não há irregularidades no processo. "Por que transparência no processo de emendas se não há nenhuma irregularidade?" questionou.




Petista deve ser censurado

Do Blog da Cidadania




Processos autoritários começam de forma tímida e vão avançando até erigirem as ditaduras. Este país tem grande experiência nisso. Uma ditadura de direita foi posta em prática neste país há quase cinqüenta anos e durou 4/10 desse período baseando-se nas seguintes premissas:

1 – A esquerda não podia se manifestar publicamente.

2 – Qualquer preceito ideológico identificado com a esquerda era crime.

3 – Ao se manifestar, o esquerdista deveria ser punido.

4 – A identificação e supressão da difusão de “idéias esquerdistas” seria política de Estado.

5 – O “esquerdismo” seria intrinsecamente mau e seus adeptos, criminosos

Durante a segunda metade do século passado, em boa parte da América Latina, sob o pretexto da defesa da “liberdade” grandes meios de comunicação de massas passaram a só dar espaço para idéias “antiesquerdistas”.

No processo de criminalização política e ideológica em curso hoje em várias partes da mesma América Latina, com criação de escândalos na mídia sempre contra um lado, aquele lado que chegou a ser proibido de existir durante parte dos últimos cinqüenta anos do século XX, finalmente surge o ovo da serpente.

Nesta quarta-feira, um colunista da revista Veja, publicação que pertence a um ítalo-argentino que se aliou a um grupo de mídia sul-africano que teve papel preponderante na sustentação do regime do Apartheid na África do Sul, faz uma proposta inédita: censurar esquerdistas.

A tese do colunista? “Se você é bom, justo e democrata, não pode ser de esquerda”. Em seguida, propõe que “os sites dos jornais” e “os portais” dos grandes meios de comunicação impeçam que “petistas” tenham acesso à caixa de comentários de leitores em suas matérias.

O colunista da revista Veja Reinaldo Azevedo comentou matéria veiculada ontem pelo portal do Jornal Folha de São Paulo que dava conta de que o PT está organizando equipes para atuarem na internet nas eleições do ano que vem.

Azevedo recomenda que sejam criados “filtros” só para “petistas”. Ou seja: se a opinião for favorável ao PT, o comentarista deve ser imediatamente considerado “de esquerda” e, assim, banido das páginas dos grandes meios de comunicação.

Essa política de seletividade político-ideológica já é praticada no blog desse jornalista. A caixa de comentários de sua página só aceita comentários antipetistas.

A mera leitura do que dizem esses seres imunes ao “esquerdismo” ou ao “petismo” que o colunista da Veja diz superiores e, eles sim, detentores de liberdade de expressão mostra que a estupidez humana não tem cor político-partidária ou ideológica.

Recentemente, o jornalista Marcelo Rubens Paiva, em seu blog, publicou uma amostra da “superioridade” desses internautas que Azevedo prega que possam comentar sem “filtros”.  Marcelo, que é paraplégico, provocou a ira do colunista da Veja e este o atacou em seu blog, do que decorreu onda de comentários “superiores” de seus leitores que reproduzo abaixo:
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agnes eckermann – 26/09/2011 às 0:37
“Sou assinante do Estadão, mas não perco tempo lendo o que escreve esse sujeito. É um recalcado, era um filhinho de papai, quando o regime sumiu com seu pai. E após o acidente que o deixou numa cadeira de rodas, ele odeia tudo e todos, aliás menos o PT e os comunas seus amigos. É lamentável que o Estadão dê espaço para esse tipo de pessoa, que não tem conteúdo e escreve boçalidades.”

Nilton – 15/09/2011 às 17:51
“Pois é, o cara tem 52 anos mas não cresceu. Tenta dar a impressão de que tem 32, mas a cabecinha continua nos 22. Seu sonho de mundo ideal (o mundo melhor…) é poder comer a mulher do próximo sem censuras, e servir, presumo, sua própria mulher de banquete para os amigos. O pior é que o infeliz nem sabe escrever, nem tem talento, humor, graça, verve, essas coisinhas básicas para quem quer ganhar a vida como escritor. É por essas e outras que não vou renovar minha assinatura do Estadão. Enquanto gente dessa estirpe e estatura colaborar com o jornal (pois há muitos outros…) eu tô fora.”

estrela azul – 15/09/2011 às 15:23
“Este cara pode ser simplesmente um mentiroso, ou, verdadeiramente, um petista. Ainda que saiba da coisa apenas por ouvir dizer, dentro da militância petista, é normal o acasalamento animalesco tal qual o descrito.”

Ali – 15/09/2011 às 12:35
“Esse MRPaiva é um deslumbrado, sempre se aCHOU “JÊNIO” e agora tá mais bobo ainda, dizendo que está cada vez mais à esquerda? Deve ser efeito retardado do tombo de cabeça quando era ABORRECENTE!!!!”

bolsa terrorista – 15/09/2011 às 11:15
“só pra saber: o marcelo ganha bolsa terrorista?”

eder – 15/09/2011 às 11:07
“o Marcelo participou da marcha da maconha…mas será que apareceu nesse último dia 7 na marcha contra a corrupção???…duvido!!!”

claudio – 15/09/2011 às 10:12
“Quem tem um amigo como este, não precisa se preocupar, porque o cabra é mentiroso pra caramba!”

Baianinho – 15/09/2011 às 9:52
“Rei, gostaria de ler um texto teu sobre o “educador” das madrugadas, Serginho Groisman. Ou, o chuchu politicamente correto.”

Rods – 15/09/2011 às 9:28
“REI. ESTE É MAIS UM COMUNISTA QUE É BAJULADO POR CAUSA DE SUA DEFICIÊNCIA FÍSICA, TER SIDO FILHO DE UM COMUNISTA E POSSUIR SUPOSTA CULTURA ESQUERDOPATA. MAIS UMA CRIAÇÃO DAS ESQUERDAS COM O EPÍTETO DE INTELECTUAL.”

marina silva – 15/09/2011 às 9:19
“A entrevista é mesmo papo de ptrlha em TPM sem pé nem cabeça…Parece que a queda do rapaz ainda provoca sequelas além da tetraplegia pois se nao era assim nao se exporia a esse ridiculo!”

DaIlha – 15/09/2011 às 8:09
“O pai dele talvez discordasse…Mas o Marcelo é feito da mesma matéria que o Lulla, a vítima, o tadinho, que falava “verdades” corajosamente no apagar da ditadura e com isso angariou simpatias. Outro paralelo é que os dois se levam muito à sério…”

Bene – 15/09/2011 às 5:57
“Esse tal de marcelo realmente, nunca poderia pertencer a outra corrente a não ser a esquerda- burra, anacrônica e destituida de um mínimo de bom senso.Mais um a receber pagamento do lullo-petismo para inverter a ordem das coisas e conspurcar a verdade da forma vulgar com que eles se especializaram ao longo dos anos, de vagabundagem que é a caracteristica principal dessa súcia.”

Toninho boca suja – 15/09/2011 às 2:52
“Li “Feliz Ano Velho”,e nunca mais pus os olhos num livro dele. Pensei até que já tinha desencarnado por efeito de drogas.”

Alexandre Campolina – 15/09/2011 às 0:27
“Sinceramente? Nem todos podem ter todos os prazeres que a vida permite e optam por fantasiar sobre os prazeres que as pessoas normais têm. E então estes coitados (No sentido inocente da palavra) encontram alternativas fictícias de prazer. Alguns bebem, outros cheiram. E há os que queiram holofotes falando asneiras.”

Alexandre M. F. Silva – 14/09/2011 às 22:54
“Marcelo Rubens Paiva é sempre o mesmo: vazio e ignorante. Uma das piores figuras da imprensa brasileira.”

Leniéverson Azeredo – 14/09/2011 às 22:35
“Reinaldo, eu acho o Marcelo Rubens ideologicamente parecido com um certo atual Governador do estado do RJ.”

Anônimo – 14/09/2011 às 21:54
“Elle (Marcelo Paiva) se acha. Certa ocasião estava no bar de um teatro em Sampa e ele apareceu por lá. Tive oportunidade de observá-lo de uma mesa próxima, e constatar o quanto é arrogante. É apenas um “intelectualóide” metido a besta. Só se tornou conhecido por conta dos dos tristes acontecimentos de sua trajetória de vida. Menos, Marcelo Paiva!”

WHK – 14/09/2011 às 21:31
“Pode prestar atenção: arnaldo jabor é cineasta = ficção;

marcelo rubens paiva = escritor = ficção.
Outros ditos “jornalistas” se acham escritores (= ficçãO). Ora, quando vai trentar expressar alguma coisa sobre a realidade, acaba acontecendo a mesma coisa que um cisdadão comum querer pilotar um caça. Ou seja, como não são do ramo, só vão fazer merda. Esperar coerência de uns tipos como esses?”

JM – 14/09/2011 às 20:59
“Liga”não! Todo bom comuna é recalcado e invejoso. A inveja é uma …. Aliás ,vc já viu algum país socialista produzir vinho de qualidade? Vinho bom ,só na área do Império Romano.”

Alvaro Risso – 14/09/2011 às 20:23
“esse é o problema do comunismo: Até as mulheres são “bens de produção” (geram filhos) e por isso são propriedade do estado e estão à disposição dos “cumpanheiros”. Tô fora! Aliás já li comentários assim a respeito dos nossos grupos guerrilheiros das décadas 60-70.”

Mauricio A – 14/09/2011 às 20:07
“Uns roubam hóstia, outros roubam namorada. Mas todos esquerdistas roubam.E assumidamente. E ninguém acha feio. Ninguém acha que se rouba uma coisa, pode roubar outras.É a moralidade elástica do brasileiro. Têm o que merecem.”

Valéria Rodrigues – 14/09/2011 às 19:44
“Tambem quase caí da cadeira ao ler que o Marcelo Rubens Paiva tem 52 e o polemista de direita tem 50! Pensando bem, ele só pode mesmo estar indo cada vez mais para a esquerda. Aquela barba “de cara suja”, pose “de jovem”… hoje ele deve ter uns 20 aninhos. Nunca vai ser um tiozinho.”

Leopoldo Dogher – 14/09/2011 às 19:09
“Quem é mesmo Marcelo Rubens Paiva? O garotão? O eterno adolescente? Hahahaha, o carinha é da tchurma dos modernos da Vila Madá e da Folha. Tem salvo conduto permanente.Pega mal não gostar dele.”

Gil – 14/09/2011 às 19:08
“Sólê Marcelo RubensPaiva a brava gente que pertence à diretoria da UNE…”

Gil – 14/09/2011 às 19:05
“Reinaldo, você fez bem em nunca ter sido Marcelo Rubens Paiva. Que vida levou esse eterno jovem de 52 anos? Ancorou-se na história do pai por décadas para fazer a sua jornada de vida. É só o que ele tem a dizer, nada mais. Como não seria ele de esquerda? Como não seria ele a favor da Comissão da Verdade? Como não deixaria ele de mamar na Bolsa Ditadura? Taí mais um tema para mais um futuro livro adolescente dele…”

Bastião – 14/09/2011 às 18:26
“Eu tenho hepatite C e estou quase no bico do corvo, não vou usar o meu sofrimento para bater a carteira de ninguem.”Mesmo nos tempos de mais grave doença,nunca me tornei doentio” “Na solidão,o solitário se devora a si mesmo;na multidão devoram-no inúmeros.Então escolhe.” Nietzsche. Não dou esmolas no farol e nem compro livros porcaria.”

patricia m. – 14/09/2011 às 18:16
“PARA QUEM DIZ QUE SE SITUAR COMO ESQUERDA OU DIREITA EH “ROTULAR” PESSOAS (ha uns 2 ou 3 comentarios assim abaixo): ISSO EH COISA DE GENTE QUE TEM VERGONHA DE ADMITIR QUE EH DIREITA OU COISA DE ESQUERDALHA. EU SOU DIREITA E COM ORGULHO. Deviamos lancar um movimento desse tipo, alias… SOU DIREITA E COM ORGULHO.”

ClaudioM – 14/09/2011 às 18:06
“Tarso (16:39), MRP escreveu um mini-conto no Estadão certa vez em que, resumindo, é a história de uma garota que conheceu um cara, transou com ele, botou a roupa e foi embora. Sem cigarrinho, nem pipi depois. E o cara ficou ali na cama, choroso e apaixonado.”

MULLA DA SELVA – 14/09/2011 às 18:04
“foi uma das pessoas mais mal educadas e arrogantes que conheci. trabalhei na radio usp onde ele tbem tinha lá uma espeice de ’sinecura’. achava-se um ‘deus’. em uma festa, certa vez, aproximei-me e com educação apresentei-me e lhe disse ‘oi, meu nome é fulano e trabalhamos juntos na Radio’…NAo ME ESTENDEU A MÃO DE VOLTA E ME FEZ UMA CARA DE DESDEM QUE JAMAIS ESQUECEREI . Ao seu lado, duas meninas, filhas de dois grandes nomes da indústria paulista o adulavam com um conversê de ‘esquerda-chic’.”

Paulo Bento Bandarra – 14/09/2011 às 17:25
“Os amigos dele devem estar agoraem dúvida. Tenhoou não tenho galhada? Eu sugeriria um exame urgente de AIDS.”

Justo Eu – 14/09/2011 às 17:12
“É aquele cara que não pensa o que faz por isso está paraplégico.”

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Comentários absurdos como esses não são exclusividade de nenhuma ideologia ou grupo político. Há idiotas em qualquer grupo, em qualquer corrente de pensamento. Assusta quando alguém tenta atribuir defeitos intrínsecos a quem professa esta ou aquela ideologia.

Alguns leitores desta página que se identificam com a sua linha editorial reclamam frequentemente da permissão que se dá aqui à exposição da divergência. Tento sempre explicar que a convivência em sociedade nos obriga a nos expormos ao contraditório.

Todos podem cometer excessos retóricos. Algumas vezes perdemos a calma e escrevemos algo de que podemos nos arrepender depois, de cabeça fria. Isso não é característica de ideologia alguma, seja política, religiosa ou de qualquer outra natureza. Acreditar no contrário, é doentio.

Enfim, até o momento esse defensor da “liberdade” e combatente da “praga comunista” ainda não propôs censura a “petistas” nos outros meios de comunicação. Por enquanto, parece admitir que políticos do PT possam se manifestar na mídia. Por enquanto.

Todavia, nos sites e portais dos grandes meios de comunicação já há uma profunda censura ideológica sendo praticada. Comentaristas desta página que podem ser tachados como “petistas” vivem informando que foram alvo de censura nas páginas da grande mídia.

Aliás, os jornais aos quais o colunista da Veja se refere também praticam esse “filtro” político-ideológico. Basta ver as seções de cartas de leitores de jornais como Folha ou Estadão que se notará que há muito mais leitores antipetistas em um país em que o PT é o partido político mais robusto.

Se a proposta de Reinaldo Azevedo for bem recebida no resto da grande mídia, além da Veja, ela não terá muito trabalho para implementá-la. Para que a censura de “petistas” – sejam políticos, militantes ou simpatizantes do PT – seja completa, falta muito pouco.


Deputado reafirma denúncia

Como deste caso raramente veremos alguma coisa nos meios de comunicação de massa, vamos aqui fazendo nossa parte para clarear um pouco as coisas de todos os lados...

Da Rede Brasil Atual

São Paulo – O deputado estadual Roque Barbiere (PTB-SP) afirmou nesta terça-feira (18) que possui confirmações sobre o esquema de vendas de emendas na Assembleia Legislativa de São Paulo. Sem citar nomes, Barbiere deverá depôr na próxima quinta-feira (27) no Conselho de Ética da Casa, segundo informações de sua assessoria.

Foi a partir do próprio deputado que surgiram as primeiras denúncias, há cerca de três meses, durante uma entrevista na internet, afirmando que 25% a 30% dos deputados "vendem" a cota de emendas a que têm direito todos os anos em troca de parte dos recursos. O deputado licenciado e atual secretário de Meio Ambiente do estado, Bruno Covas (PSDB), em entrevista a um jornal - que posteriormente tentou desmentir -, endossou o colega, citando até um exemplo que aconteceu com ele mesmo, quando um prefeito ofereceu-lhe uma propina de 10% de uma emenda no valor de R$ 50 mil.

Em entrevista ao site G1, Barbiere garantiu que não se arrependeu das denúncias e pretende levar o caso adiante. “Eu tenho confirmações. Eu vou denunciar. A maioria sabe dessas vendas de emendas. Pode não saber detalhes, como eu não sei todos os detalhes, é difícil de se apurar, de se comprovar. Mas os indícios saltam aos olhos dos mais antigos aqui”, disse.

As afirmativas do parlamentar foram reforçadas em entrevista do deputado Major Olímpio (PDT). “Todo mundo sabe que isso faz parte do cotidiano da Casa, não sei se é um, três ou dez, mas existe. Ninguém fala porque é muito difícil produzir provas ou flagrar algum caso.”

Todas as denúncias, segundo o parlamentar, têm a finalidade de colocar fim ao recursos provenientes das emendas parlamentares. “O governo fica de braços cruzados porque é confortável para ele, porque mantém todo mundo refém, dependente dessas emendas”, disparou.

Barbiere ainda contou que recebeu pessoas em seu gabinete que confirmaram o esquema e se colocaram à disposição para denunciar. “Algumas pessoas vieram aqui voluntariamente falar: 'deputado, o que o senhor disse é verdade, eu trabalhei com fulano e eu vou lá depor, eu via chegar pacotes de dinheiro nos gabinetes', tudo fruto de vendas de emendas”, apontou.
 
Nesta quinta (20), a reunião do Conselho de Ética da Assembleia irá ouvir o depoimento de Major Olimpio, e na próxima semana, deve ser a vez de Barbiere . Bruno Covas ainda não confirmou se irá explicar-se aos deputados
 
 

domingo, 16 de outubro de 2011

"Occupy Wall Street" em SP

Da Rede Brasil Atual

São Paulo – Pedro Fuentes quer ignorar a encharcada manhã de sábado. "Vamos ocupar as ruas de São Paulo", grita, animado, enquanto uma centena de pessoas se aboleta sob menos de uma centena de guarda-chuvas e caminha pelo centro da cidade. Aos 68 anos, Pedro é um desvio estatístico neste encontro, dando aos matemáticos o difícil desafio de recalcular a média de idade dos presentes.

Após longa reunião, conclui-se que o grupo situa-se numa faixa etária de 20 anos – sem Pedro, seria 19. São jovens, muitos recém ingressados na universidade, outros no ensino médio, que querem uma porção de mudanças no mundo. Melhorias na educação, dar um não a Belo Monte, a manutenção do atual Código Florestal, igualdade entre os gêneros, combate à homofobia, transparência nos gastos da Copa, o fim das injustiças ao povo palestino, o começo da Justiça aos torturadores do regime autoritário.

Então, pelo quê se reúnem? "A principal pauta que nos faz estar aqui é sermos contra a pseudodemocracia que está colocada", explica Bárbara Guimarães, uma jovem que fotografa o encontro. "Está dentro de um sistema econômico que não aceitamos. A linha em comum é ser anticapitalista e contra o sistema antidemocrático".

15-O se chama o movimento. E calcula-se estar ocorrendo em 950 cidades de 82 países. O nome é uma alusão a 15-M, como ficou conhecida a manifestação de 15 de maio na qual jovens espanhóis foram às ruas com a certeza de que podem mudar a realidade daquele país. Para eles, a crise econômica que afeta a Europa – no caso da Espanha, com as mais altas taxas de desemprego – não é simplesmente um problema de arranjo das finanças, mas uma crise estrutural do sistema.

"Poucos têm muito, muitos têm pouco", diz uma faixa pintada por Tamires Cordeiro, uma menina de 18 anos que não interrompe por um segundo a tarefa de expressar por escrito seus pensamentos. Sob a marquise da Praça do Patriarca, na capital paulista, enfim os jovens se veem a salvo de uma parte da chuva, que cai a cântaros nos últimos dias. "Acredito completamente nesta manifestação. Porque ninguém me convenceu a estar aqui. Vim porque quis", explica, enquanto já começa a pintar outra faixa: "Ocupe São Paulo".

Ocupe Wall Street é a mais nova perna dos movimentos populares iniciados na Primavera Árabe. Tunísia, Egito, Líbia. Espanha, Portugal, Irlanda, França. Até chegar aos Estados Unidos, centro do sistema nervoso capitalista. Lá, jovens ocuparam uma área próxima à maior representação do capitalismo financeiro, considerado culpado por um sistema calcado em desigualdades no qual não há regras para os bancos e as transnacionais, mas há montes de regras para regular a vida dos cidadãos.

"1% toma decisões, 99% pagam por isso" é a frase que surge como mantra nas bocas dos jovens paulistanos – pode haver ligeiras variações, como "99% trabalham, 1% se apropria desse trabalho", mas a ideia central é a mesma: é uma geração que contesta a validade da noção de trabalhar em busca de um enriquecimento que cria angústias e que nunca atende às expectativas que promete.

"Só há dois caminhos. Ou seguir afundando, ou procurar uma alternativa", constata o veterano Pedro. "Estamos no nascimento de um novo processo mundial. Esse sistema está fissurando". Ele faz uma cara de estranheza quando, ao notar o forte sotaque, pergunto de onde vem. Seu rosto estampa um sonoro "que importa?". O importante é que está em São Paulo e quer tratar de ajudar a crescer o movimento. Embora seja quadro de um partido, Pedro não acredita na atual representação política, e pensa que ela só faz afundar o descrédito do sistema vigente.

"É um movimento que tem mais profundidade que os da década de 1990 porque junta vários setores indignados. Os jovens são protagonistas, mas a população como um todo dá respaldo", acrescenta a pesquisadora Natalie Drumond. "Hoje não se tem saídas. As pessoas estão descrentes com este sistema, que não consegue oferecer alternativa cultural, ecológica, humana".

O 15-O em São Paulo, que alguns chamam por "Democracia Real Já", tem métodos de organização similares aos do restante do mundo. Em parte por se inspirar naqueles movimentos. Em parte porque as causas que levam a se mexer são as mesmas. É natural que se recuse a associação a partidos políticos e a outras instituições tradicionais da luta política.

Alguns dos manifestantes integram coletivos de diversas áreas, mas, no geral, recusa-se que este ou aquele grupo comande a mobilização. As reuniões são convocadas pela internet e realizadas em lugares públicos para que qualquer pessoa possa se somar ao debate. Os integrantes se dividem em comitês por uma questão de logística, sem verticalidade. Em assembleias, decidem se vão fazer esta ou aquela atividade, quando e como.

Em São Paulo, a intenção é acampar no Vale do Anhangabaú, apesar da tormenta e do frio, com data de entrada, sem data de saída. Vive-se um dia de cada vez: admite-se o tamanho diminuto da mobilização paulistana em comparação com as marchas de centenas de milhares de pessoas em outros pontos. "Só por acontecer em 900 cidades é 'surreal'. Ontem estava pensando que nunca poderia imaginar que viria a uma manifestação que tem a ver com os Estados Unidos, com a Espanha, com o Chile", constata Maíra Tavares Mendes, professora de uma rede popular de cursinhos pré-vestibular.

Ela faz uma cara de espanto quando ouve de uma repórter se não teme que as manifestações ao redor do planeta desemboquem em "radicalismos socialistas". Para por um segundo, como a ter certeza de que ouve o que ouve, e responde: "A maioria das pessoas concorda que, do jeito que está, não está bem. A gente não precisa ter medo de se mostrar socialista".

Para os manifestantes, o ato deste sábado foi apenas a largada para uma série de mobilizações que acabarão por colocar o país no mesmo nível de mobilização das nações árabes e europeias. É uma questão de tempo, talvez dois ou três anos, na leitura dos jovens, para que os efeitos ruins do atual sistema voltem a se mostrar com força por aqui. "Vivemos um contexto diferente no Brasil. Há muitas especificidades. Mas pelo nível de globalização estou segura de que o país não está livre destes problemas", constata Natalie. "O sistema capitalista está em um beco sem saída."


Liderança estudantil chilena

Da Carta Capital

Por Jonathan Franklin, de Santiago
Das manifestações no Chile a símbolo mundial do movimento estudantil. Foto: Martin Bernetti/AFP

Enquanto o sol da tarde de sexta-feira descia em direção ao horizonte, alguns estudantes da Universidade do Chile jogavam pingue-pongue ou futebol e casais descansavam e se beijavam ao último calor do dia. Mas outros tinham questões mais sérias na cabeça: a rebelião estudantil extremamente popular que transformou a agenda política do país. E para muitos dos manifestantes envolvidos e os que simpatizam com seus objetivos a face da rebelião é Camila Vallejo. Em um auditório em um porão, um grupo de 60 líderes estudantis planejava os próximos passos de sua revolução incipiente pela educação universitária gratuita, com Camila no centro do palco.


Ela estava sentada atrás de seu velho laptop, com um pequeno caderno azul sobre a mesa e um público cativo à sua frente. Quando fala, suas mãos revoam como pássaros apanhando presas invisíveis. Sua linguagem é pontuada e clara, mas misturada com constantes doses de humor e autozombaria, ela faz suas acusações rindo.

Como segunda mulher presidente do principal órgão estudantil do Chile, conhecido como Federação de Estudantes da Universidade do Chile (Fech), Camila Vallejo, que também integra o braço jovem do Partido Comunista, a JJCC, preside o maior movimento democrático civil desde o tempo das marchas de oposição ao general Augusto Pinochet, há uma geração.

Das manifestações no Chile a símbolo mundial do movimento estudantil. Foto: Martin Bernetti/AFP

A reação do governo lembrou a muitos chilenos mais velhos aquela época sombria. Na quinta-feira 6, a polícia antimotim chilena emboscou Camila e um grupo de líderes estudantis logo depois de uma entrevista coletiva no centro de Santiago. “Eles (a polícia) visaram a liderança com violência”, disse Ariel Russell, estudante da Universidade do Chile que presenciou o ataque. “Nem tínhamos começado a marchar e o aparato policial estava sobre nós.”

Camila Vallejo, uma estudante de Geografia de 23 anos, cantava e marchava com um cartaz escrito à mão quando um esquadrão de veículos militares a fechou e atacou com jatos de gás lacrimogêneo. Um par de caminhões montados com canhões de água despejou uma barragem de água forte o suficiente para quebrar ossos e arrastar uma pessoa pelo asfalto. Ela ficou molhada e, então, uma nuvem de gás foi projetada sobre seu corpo. Com a pele molhada, a reação química foi maciça e paralisante. O corpo de Camila entrou em reação alérgica e surgiram bolhas causadas pelo gás.
 
“No início, nós resistimos, mas foi insuportável”, disse ela ao Observer. “Você não conseguia respirar, era complicado, tivemos de fugir dos carabineros (a polícia) e, depois, outro canhão de água nos atingiu de frente com outra substância, muito mais forte… Todo o meu corpo queimava, foi brutal.”

Nas quatro horas seguintes, jornalistas foram espancados e 250 pessoas, detidas. Vinte e cinco policiais ficaram feridos quando jovens mascarados e com bombas de tinta e punhados de pedras contra-atacaram. Durante toda a tarde, o centro de Santiago foi tomado por lutas de rua entre unidades da polícia fortemente armadas e centenas de manifestantes de short e tênis, e cachecóis para se proteger do gás.

Enquanto esquadrões da polícia atacavam os estudantes, os pedestres e até uma ambulância, Camila Vallejo se escondeu em um escritório, recebeu cuidados médicos e monitorou a situação pelos relatos por telefone celular de uma equipe de batedores nos arredores do que logo se tornou tumulto.

O governo culpou Camila pelo caos: ela havia feito o apelo muito divulgado, mobilizando seus seguidores a se reunir na Plaza Itália, um parque público, e marchar ao longo da Alameda, a principal avenida da capital, que fica a menos de 2 quilômetros do palácio presidencial, levemente guardado. A líder estudantil rapidamente retrucou que as reuniões públicas não precisam de autorização e que a polícia havia atacado ilegalmente estudantes parados em um parque.

Camila, uma jovem eloquente e bonita que exala autoconfiança e estilo, deixou a violência de lado e se concentrou no que ela considera as conquistas positivas até agora. “Durante anos a juventude chilena foi consumida por um modelo neoliberal que salienta a conquista pessoal e o consumismo; tudo tem a ver com eu, eu, eu. Não há muita empatia pelo outro”, diz em seu escritório, decorado com uma grande foto de Karl Marx.

“Este movimento conseguiu exatamente o contrário. Os jovens assumiram o controle e reviveram e dignificaram a política. Isso vem de mãos dadas com o questionamento de modelos políticos desgastados – tudo o que eles fizeram é governar para as grandes empresas e grupos econômicos poderosos.”

Em questão de poucos meses, Camila Vallejo foi projetada de presidente de um órgão estudantil anônimo a herói popular latino-americana com mais de 300 mil seguidores no Twitter. Digite seu nome no Google e haverá mais de 160 mil resultados apenas nas últimas 24 horas. Os estudantes brasileiros hoje a exibem como convidada vip em suas marchas, o presidente do Chile a convida para negociar um acordo e, quando ela pede uma demonstração de força, centenas de milhares de estudantes de todo o Chile vão às ruas. Como adepta e um fenômeno de mídia social extremamente popular, a líder ascendeu para se tornar um rosto mais identificável nos protestos estudantis.

Durante a revolta de seis meses, os estudantes chilenos – em muitos casos liderados por jovens de 14 e 15 anos – ocuparam as ruas de Santiago e outras grandes cidades, provocando e contestando o status quo com sua exigência de uma reestruturação maciça na indústria da educação superior do país. Em apoio às suas demandas por uma educação gratuita, desde maio eles organizaram 37 marchas, que reuniram mais de 200 mil estudantes de cada vez.

A repressão policial foi frequente. Vândalos que muitas vezes usam a cobertura dos protestos estudantis para atacar bancos, farmácias e empresas de serviços públicos encontraram uma força armada da polícia antimotim habituada a atacar pedestres e atirar gás lacrimogêneo em multidões de civis inocentes.

O que começou como um apelo tranquilo por melhoras na educação pública agora surge como uma rejeição total à elite política chilena. Mais de cem colégios em todo o país foram ocupados por estudantes e uma dúzia de universidades acabou fechada pelos protestos.

Amplamente admirada por seus discursos na televisão chilena, Camila Vallejo reuniu um público admirador em todo o mundo, que vai desde tributos do rock- alemão a vídeos da maior universidade da América Latina, a Universidade Nacional Autônoma do México. “Essa internacionalização do movimento foi muito importante para nós”, diz Camila, que recebe um dilúvio diário de correspondência de fãs e convites para fazer palestras e seminários. “Aqui no Chile ouvimos constantemente a mensagem de que nossas metas são impossíveis e que não somos realistas, mas o resto do mundo, especialmente a juventude, está nos dando muito apoio. Estamos em um momento crucial nesta luta e o apoio internacional é fundamental.” •

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves