sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ponte Pênsil

No editorial de hoje do jornal Taperá um comentário sobre um grave acidente acontecido com uma criança em nossa Ponte Pênsil.

Sem entrar no mérito da opinião do editorialista, achei importante registrar um dado histórico que hoje pode não ter peso algum, mas que em minha opinião mostra um aspecto cultural saltense relevante: a ponte pênsil, que hoje é um dos nossos pontos turísticos, como o próprio editorial comenta, foi cedida pela antiga empresa Italo Americana que no início do séc. XX (1904) adquiriu as duas empresas téxteis pioneiras de Salto, pertencentes ao Dr. Barros Jr e a José Galvão (este já falecido quando da fusão). Logo em seguida a empresa recebe o nome de Brasital.

E por que a ponte foi cedida para a municipalidade?

Por conta da "posse" pela mesma empresa da chamada Rua do Porto, uma via pública que saia do então centro da cidade e terminava às margens do rio Tietê. Essa rua hoje pode ser imaginada quando olhamos para a frente do atual centro universitário lá existente e vemos um grande portão no seu lado direito que dá acesso aos carros daqueles que lá trabalham e dirigem o mesmo. Todo aquele espaço era público. Todos os saltenses podiam por lá transitar e chegar até as margens do nosso querido Rio Tietê.

Vale registrar também que a "troca" foi aprovada pelas autoridades da época que certamente devem ter inclusive elogiado muito a atitude da empresa, como algo nobre e de extremas vantagens para a cidade.

Importante também citar que José Galvão quando ainda vivo tentou fazer o mesmo movimento, mas o Dr. Barros Jr. dono da outra empresa e político influente em Salto e na região, usou de sua influência para não permitir.

E o que tem a ver o acidente da criança com tudo isso? Pode ser que tanto tempo depois nada mesmo. Mas ainda, na minha ingenuidade, as vezes fico a imaginar como seria aquele espaço se em vez da ponte pênsil ainda tivéssemos a Rua do Porto. Fico a imaginar que se as autoridades daquela época tivessem impedido a ocupação total das margens do rio Tietê pela empresa, como seria hoje aquele local?

Um acesso mais simples e belo para nossa querida cachoeira minha imaginação alcança. Até a ilusão ingênua de imaginar outros acidentes, mas não iguais ao que aconteceu com a criança recentemente.

Nossa história é repleta de fatos onde a prevalência dos interesses do capital se sobrepuseram aos interesses coletivos. Na minha parca leitura, a ponte pênsil é um desses. Recuperar isso é nossa obrigação. E a nova obra projetada para onde antes tinhamos a Concha Acústica certamente será um grande resgate.

Se você quiser ler mais sobre essa história, recomendo o livro de Anicleide Zequini - O QUINTAL DA FÁBRICA - publicado em 2004. Vale a pena.

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