O deputado Fernando Ferro (PT-PE) manifestou, no Plenário da Câmara, seu “estranhamento” com o “pacto de silêncio” na CPMI do Cachoeira
para convocar representantes do Grupo Abril e o jornalista Policarpo
Júnior. “Sob o discurso de liberdade de imprensa, vemos uma proteção a
uma delinquência jornalística, em parceria com o crime organizado. Não
há outro nome”, disse o deputado.
Fernando Ferro enfatizou que as recentes informações dando conta de que a namorada de Cachoeira
ameaçou um juiz com um dossiê produzido pelo jornalista Policarpo
“revelam a extensão desse problema e a ousadia desse grupo mafioso”.
Para o deputado, “essas são práticas da máfia, de grupos criminosos,
perigosos e altamente articulados: dossiês para chantagear juízes,
produzidos por jornalistas a serviço de criminosos, como o sr. Carlos Cachoeira”, enfatizou.
O deputado considerou ainda que esse silêncio deixa outra dúvida:
“Será que existem deputados ou senadores da CPMI ameaçados por dossiês
do Cachoeira?”. Para Fernando Ferro, ao se recusarem a convocar o
jornalista, “eles estão dando claramente sinais de que ou têm medo ou
são cúmplices desses delinquentes”.
Na avaliação de Ferro, isso é extremamente preocupante. “Sugiro ao
presidente da CPMI que inquira, que pergunte se está havendo alguma
chantagem contra algum desses parlamentares”, completou .
Fernando Ferro lembrou que, por muito menos, na Inglaterra foi aberto
um processo que culminou no fechamento de um jornal de grande expressão
daquela nação devido a problemas de espionagem política patrocinada por
esquemas que utilizaram jornalistas.
- Apelamos aos parlamentares que participam da CPMI para que
convoquem o jornalista Policarpo, o Grupo Abril, para que falem sobre
suas relações com Carlos Cachoeira. Isso é bom para a democracia e para
desmascarar certo tipo de jornalismo que faz associação com o crime
organizado para promover dossiês, ameaças e escândalos, como temos visto
neste País – finalizou o deputado.
Código de Silêncio
O silêncio do ex-tesoureiro da campanha do tucano
Marconi Perillo (PSDB) ao governo de Goiás Jayme Eduardo Rincón e do
ex-corregedor da Polícia Civil Aredes Correia Pires, convocados para
depoimento à CPMI do Cachoeira na quarta-feira (22), reforça a tese
sustentada pela procuradora Léa Batista da existência de um “código de
silêncio” que protege a organização.
- A quadrilha age de forma articulada e unitária, onde ninguém
entrega ninguém e todos são protegidos pelo chefe Carlos Cachoeira –
enfatizou o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG).
Ambos compareceram à comissão protegidos por Habeas Corpus concedido
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecerem em silêncio. Em
depoimento na terça-feira à comissão a procuradora disse que “o silêncio
é um direito de todos, mas o código de silêncio adotado nos depoimentos
à CPMI e à Justiça Federal é típico de organizações mafiosas”,
declarou.
De acordo com o relator, os depoentes perderam a oportunidade de
esclarecer as denúncias que pesam sobre eles. No caso do Jaime Rincón,
presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop),
áudios da Polícia Federal apontam denúncias graves de “acerto” de
licitações.
- Os áudios evidenciam que há interesse da Delta Construções na
Agetop. Esse interesse foi materializado quando dois lotes de empresas
que concorriam com a Delta foram desclassificados. Essa desclassificação
ocorreu seis dias após pedido do Vladimir Garcez, braço político da
organização criminosa – denunciou Odair Cunha.
Além disso, as investigações da PF revelam um depósito do grupo de
Cachoeira no valor de R$ 600 mil na conta da empresa Rental Frota Ltda,
que tem Rincón como um dos sócios.
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