quarta-feira, 15 de agosto de 2012

"Mensalão" e a cortina de fumaça do Jefferson

Do Correio do Brasil

Mensalão: acusações a Lula escondem mentira de Jefferson

A cortina de fumaça lançada na sustentação oral de Luiz Francisco Barbosa, advogado de Roberto Jefferson, ao afirmar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “não só sabia como ordenou o ‘mensalão”, repercutiu junto aos veículos de comunicação na manhã desta terça-feira. Embora em nada altere o curso do julgamento da Ação Penal (AP) 470, serviu para camuflar uma outra declaração do advogado, a de que não havia um esquema de compra de votos de parlamentares, como afirmou o procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, mas a formação de um caixa 2 para o pagamento de despesas de campanha.

Barbosa, como o Correio do Brasil publicou, na véspera, desmontou a acusação de Gurgel e previu que o julgamento da AP 470 será “um festival de absolvições” exatamente pela falta de provas para manter de pé a história que Jefferson inventou, há sete anos, para atingir o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. O advogado de Jefferson contradisse tudo o que seu cliente havia afirmado, desde a eclosão do escândalo, em 2005, ao afirmar que o montante de R$ 4 milhões movimentados entre o PT de Delúbio Soares e o PTB de Roberto Jefferson referia-se, na realidade, à cobertura de despesas de campanha previstas para a eleição municipal que se avizinhava.

Efeito ‘Teflon’

Jefferson acompanhou o julgamento da AP 470 em seu confortável apartamento, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e quando seu advogado no caso, Luiz Francisco Barbosa, disse que o ex-presidente Lula deveria estar entre os réus, ele disparou:

– Se fosse o Collor, estaria preso, mas no Lula não pega.

Visivelmente abatido, após uma cirurgia para a extração de um tumor malígno no pâncreas, Jefferson ainda assim manteve o discurso de que, em sua opinião, o ex-presidente não tinha conhecimento dos fatos.

Segundo afirmou aos jornalistas presentes em sua sala de estar, a acusação de que o ex-presidente beneficiou os bancos BMG e Rural representa a posição de seu advogado, mas Lula teria uma espécie de ‘efeito Teflon’ e que nenhuma denúncia conseguiu atingí-lo ao longo destes anos. Se não atingiu o ex-presidente, parece também não conseguir deter a popularidade de sua sucessora, Dilma Rousseff. Após atingir seu recorde em abril, a taxa de aprovação do governo Dilma Rousseff oscilou dois pontos para baixo, mas dentro da margem de erro da pesquisa realizada pelo instituto Datafolha no dia 9 de agosto.

Em nenhum momento, o julgamento do chamado ‘mensalão’ influenciou a opinião dos entrevistados. Entre os que dizem ter tomado conhecimento do julgamento, o governo é aprovado por 62%. No grupo dos que ignoram o julgamento, a aprovação é quase idêntica, 63%. As informações foram divulgadas na edição desta terça-feira do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo.

“Em números gerais, o governo agora é classificado como ótimo ou bom por 62% dos eleitores. Outros 30% avaliam que a administração Dilma é regular. Os que avaliam o governo como ruim ou péssimo somam 7%. O Datafolha ouviu 2.562 pessoas com 16 anos ou mais em 159 municípios. A margem de erro é de 2 pontos. No recorte conforme as regiões do País, a maior aprovação está no Nordeste, onde 68% dos eleitores classificam o governo Dilma como ótimo ou bom. A taxa mais baixa está no Sul, com 54%. Conforme a renda familiar, o maior índice de aprovação do governo ocorre entre os que recebem até dois salários mínimos, 66%”, acrescenta a pesquisa.


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