Mensalão: acusações a Lula escondem mentira de Jefferson
A cortina de fumaça lançada na sustentação oral de Luiz Francisco
Barbosa, advogado de Roberto Jefferson, ao afirmar que o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva de “não só sabia como ordenou o ‘mensalão”,
repercutiu junto aos veículos de comunicação na manhã desta
terça-feira. Embora em nada altere o curso do julgamento da Ação Penal
(AP) 470, serviu para camuflar uma outra declaração do advogado, a de
que não havia um esquema de compra de votos de parlamentares, como
afirmou o procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, mas a formação
de um caixa 2 para o pagamento de despesas de campanha.
Barbosa, como o Correio do Brasil publicou, na
véspera, desmontou a acusação de Gurgel e previu que o julgamento da AP
470 será “um festival de absolvições” exatamente pela falta de provas
para manter de pé a história que Jefferson inventou, há sete anos, para
atingir o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. O advogado de
Jefferson contradisse tudo o que seu cliente havia afirmado, desde a
eclosão do escândalo, em 2005, ao afirmar que o montante de R$ 4 milhões
movimentados entre o PT de Delúbio Soares e o PTB de Roberto Jefferson
referia-se, na realidade, à cobertura de despesas de campanha previstas
para a eleição municipal que se avizinhava.
Efeito ‘Teflon’
Jefferson acompanhou o julgamento da AP 470 em seu confortável
apartamento, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e quando seu
advogado no caso, Luiz Francisco Barbosa, disse que o ex-presidente Lula
deveria estar entre os réus, ele disparou:
– Se fosse o Collor, estaria preso, mas no Lula não pega.
Visivelmente abatido, após uma cirurgia para a extração de um tumor
malígno no pâncreas, Jefferson ainda assim manteve o discurso de que, em
sua opinião, o ex-presidente não tinha conhecimento dos fatos.
Segundo afirmou aos jornalistas presentes em sua sala de estar, a
acusação de que o ex-presidente beneficiou os bancos BMG e Rural
representa a posição de seu advogado, mas Lula teria uma espécie de
‘efeito Teflon’ e que nenhuma denúncia conseguiu atingí-lo ao longo
destes anos. Se não atingiu o ex-presidente, parece também não conseguir
deter a popularidade de sua sucessora, Dilma Rousseff. Após atingir seu
recorde em abril, a taxa de aprovação do governo Dilma Rousseff oscilou
dois pontos para baixo, mas dentro da margem de erro da pesquisa
realizada pelo instituto Datafolha no dia 9 de agosto.
Em nenhum momento, o julgamento do chamado ‘mensalão’
influenciou a opinião dos entrevistados. Entre os que dizem ter tomado
conhecimento do julgamento, o governo é aprovado por 62%. No grupo dos
que ignoram o julgamento, a aprovação é quase idêntica, 63%. As
informações foram divulgadas na edição desta terça-feira do diário
conservador paulistano Folha de S. Paulo.
“Em números gerais, o governo agora é classificado como ótimo ou bom
por 62% dos eleitores. Outros 30% avaliam que a administração Dilma é
regular. Os que avaliam o governo como ruim ou péssimo somam 7%. O
Datafolha ouviu 2.562 pessoas com 16 anos ou mais em 159 municípios. A
margem de erro é de 2 pontos. No recorte conforme as regiões do País, a
maior aprovação está no Nordeste, onde 68% dos eleitores classificam o
governo Dilma como ótimo ou bom. A taxa mais baixa está no Sul, com 54%.
Conforme a renda familiar, o maior índice de aprovação do governo
ocorre entre os que recebem até dois salários mínimos, 66%”, acrescenta a
pesquisa.
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