segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Artistas Ficam Uma Semana na Funarte

Três notas que tentam resumir o movimento ocorrido na semana passada na sede da FUNARTE em SP.

Da Rede Brasil Atual

São Paulo – Artistas acampados na sede da Fundação Nacional de Arte (Funarte) em São Paulo decidem, em assembleia marcada para as 20h desta terça-feira  (26) se permanecem ou deixam o local. Desde a tarde de segunda, artistas ocupam o prédio na região central da capital em protesto contra a atual cortes no orçamento do Ministério da Cultura (MinC) e à manutenção de políticas de renúncia fiscal para a área.

O ministério sustenta, em nota, que está aberto ao diálogo e que não recebeu oficialmente nenhuma reivindicação. "A prova de que o Ministério está aberto ao diálogo é que os portões da Funarte foram abertos para que pudessem levar adiante os protestos", afirma o órgão.

O lema dos manifestantes é "Hora de perder a paciência: exigimos dinheiro público para arte pública!".  Por meio de um manifesto, divulgado pela internet, os trabalhadores da cultura reclamam do corte no orçamento da pasta.

Os artistas ainda criticam a Lei Rouanet, que permite financiamento de atividades culturais por meio de renúncia fiscal. Eles defendiam alteração na legislação para evitar o que eles consideram ser uma forma de privatização do financiamento da cultura.

"Por meio da renúncia fiscal – em leis como a Lei Rouanet – os governos transferiram a administração de dinheiro público destinado à produção cultural, para as mãos das empresas. Dinheiro público, utilizado com critérios de interesses privados", acusa o manifesto.

No início do ano, a ministra Ana de Hollanda foi alvo de críticas por parte de ativistas ligados à cultura digital e a Pontos de Cultura. Atrasos nos repasses de verbas de convênios assinados em 2009 e 2010 e queixas de falta de transparência estavam entre os motivos de reclamações. A postura a respeito da reabertura do debate sobre a mudança da Lei de Direitos Autorais também motivou queixas.

Diferentemente dessas manifestações, os ativistas que ocupam a Funarte poupam a ministra. O nome de Ana de Hollanda sequer é mencionado. A única citação ao ministério envolve o corte de verbas, promovido pela equipe econômica em fevereiro.

São Paulo – Trabalhadores da cultura que ocupam desde segunda-feira (25) a sede da Fundação Nacional de Arte (Funarte) em São Paulo afirmam, nesta quinta-feira (28), que esperam ações mais incisivas do Ministério da Cultura (MinC). Eles reivindicam uma política de governo mais clara e duradoura para a área.

Em entrevista à Rede Brasil Atual, Rudifran – que preferiu manter a identidade em sigilo –, um dos participantes da ocupação, afirmou que a negociação com o ministério se arrasta há vários anos, sem sucesso.  “A gente cansou de tomar cafezinho com o Minc”, reclama. “Não queremos mais só (a promessa de) diálogo, porque a gente dialoga com o ministério há mais de dez anos.”

Na avaliação de Fábio Rezende, também integrante do movimento, a permanência na Funarte está garantindo apoio nacional e será mantida. “Pessoas estão se articulando em outros estados também”, adianta. “O que começou aqui está se expandindo.” O trabalhador da cultura acredita que é preciso continuar a ocupação do órgão: “Vamos continuar, estamos estudando e ensaiando”.

A carta do presidente da Funarte, Antonio Grassi, divulgada na noite de quarta-feira (27) pelo Ministério da Cultura, com críticas ao movimento, também foi alvo de comentários dos artistas. “O Grassi é um excelente ator. Ele tem mania de infantilizar trabalhadores da cultura que exigem coisas que ele não pode fazer”, ironiza Rudifran.

O presidente da fundação defendeu o direito de manifestação dos ativistas por mais verbas para cultura, mas afirmou considerar uma contradição a decisão de fechar os portões do prédio para funcionários. Ele sustenta estar disposto ao diálogo.

Durante o período em que ocupam o prédio, os manifestantes – que fazem questão de serem chamados de trabalhadores da cultura – têm realizado oficinas de música e teatro no próprio espaço. Eles criticam a cobertura da imprensa sobre o ato, afirmando haver manipulação de dados e declarações.

Antes da ação, um manifesto foi divulgado criticando a Lei Rouanet, que permite financiamento de atividades culturais por meio de renúncia fiscal. Eles defendiam, entre outros pontos, a alteração na legislação para evitar o que eles consideram ser uma forma de privatização do financiamento da cultura.

São Paulo – Após uma semana de ocupação ao prédio da Fundação Nacional de Arte (Funarte) na capital paulista, trabalhadores da cultura decidiram deixar o edifício. Com uma marcha de Campos Elíseos, na região central, até a avenida Paulista, eles mantêm o tom do protesto contra a política cultural do país, com severas críticas ao corte no orçamento do ministério responsável pela área.

Ao chegar no destino, um dos alvos foi o prédio do Itaú Cultural. Os ativistas ocuparam a entrada da sede da organização, vinculada ao banco de mesmo nome.

Antes de deixar o local, onde permaneciam desde 25 de julho, foi lido o manifesto do movimento. Cerca de 300 pessoas percorrem as ruas do Centro com assentos de vaso sanitário na cabeça e cantando palavras de ordem que sugerem que a política para o setor está "na privada". Desde o início da ocupação, no manifesto "Cultura já! É hora de perder a paciência", eles advogam que há uma privatização da gestão da área.

Eles reivindicam ainda uma política de governo mais clara e duradoura para a área, além de promover duras críticas à Lei Rouanet, de incentivo fiscal a produções artísticas e culturais.

Inicialmente, a marcha não era acompanhada nem pela Polícia Militar nem por agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). No percurso, cinco viaturas da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam), da PM, passaram a acompanhar os ativistas.

Um vídeo foi divulgado satirizando os cortes de orçamento do Ministério da Cultura (clique aqui para assistir). Diferentemente de outras manifestações envolvendo a pasta, os ativistas que ocupavam a Funarte não direcionam críticas à ministra Ana de Hollanda, mas ao modelo de política que, segundo eles, permanece nos últimos anos.


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