domingo, 14 de agosto de 2011

Capitão América em Ação - Artigo

Da Rede Brasil Atual

Em julho, o filme Capitão América entrou em cartaz. Enquanto o herói americano desbancava Harry Potter da liderança de bilheteria, na vida real um acordo no último minuto do segundo tempo entre governo e oposição evitou o risco de um calote norte-americano, situação razoavelmente comum nas economias latinas na década de 1980, mas impensável no caso da principal economia global.

O professor da Unicamp André Biancareli afirma, com ironia, que Barack Obama “entregou a chave do cofre aos republicanos”. Durante semanas, o presidente democrata tentou um acordo que evitasse redução de gastos públicos, principalmente na área social. Mas o país ainda tropeça na busca pela recuperação. Cresceu abaixo do esperado no segundo trimestre (1,3%) e o consumo das famílias, principal componente do PIB, quase não aumentou. A taxa de desemprego ainda se mantém próxima dos 10%.

Com dois filhos na faculdade, o faxineiro Elpídio Sanchez, 47 anos, morador do Bronx, em Nova York, diz que a vida está muito difícil. “Tudo está muito mais caro. Temos de trabalhar mais e cortar gastos. Para economizar, não ligamos o ar-condicionado no verão, ficamos em casa o tempo todo, não viajamos nas férias. Eu não tenho um carro e todo o meu dinheiro vai para os planos de saúde e para a educação dos meus filhos, que é o melhor que eu posso dar para eles”, conta Sanchez, que emigrou da República Dominicana para os Estados Unidos há 22 anos.

Para ele, a política dos republicanos é míope por se limitar ao equilíbrio orçamentário e não levar em consideração a qualidade de vida e o futuro das pessoas. “Estão falando em cortar programas de auxílio aos idosos, que pagaram impostos a vida inteira, e aos pobres, que precisam de cuidados. Mas precisamos pensar também nas gerações futuras.”
Gaspar Santiago, 41 anos, pai de dois filhos, é diretor de segurança no edifício Rockefeller Plaza, em Nova York. Ele, americano nato, conta que está trabalhando entre 12 e 16 horas diárias para cobrir as despesas sobretudo com as hipotecas, cujos juros são astronômicos. “Com a economia ruim e o desemprego crescente, fica difícil encontrar trabalho com salário mais alto. Além disso, tudo está mais caro, mas meu salário permanece o mesmo”, reclama.

A prioridade, porém, é a disputa pela Casa Branca nas eleições do ano que vem. Para o economista norte-americano Paul Krugman, enquanto há uma “catástrofe” em vários níveis, como afirmou em artigo no The New York Times, os republicanos põem em dúvida todo o sistema de governo. “Afinal, como a democracia americana pode funcionar se um dos partidos está mais disposto a ser implacável e ameaçar a segurança econômica da nação? Talvez a democracia não consiga.”

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