domingo, 21 de agosto de 2011

Campinas Acéfala???

Abaixo, análise do atual momento vivido pela cidade de Campinas com um quadro mais abrangente de suas realidades. Após o artigo algumas opiniões convergentes e/ou divergentes sobre o mesmo, para que possamos ter mais elementos na tentativa de entender o que acontece com uma das maiores cidades do país e centro econômico importantíssimo de nosso estado.


Por Elias Aredes Jr

Tenho 38 anos. Nasci, cresci, estudei e fiz minha vida em Campinas. Fui atraído pelo futebol em virtude da rivalidade de Ponte Preta e Guarani. Cresci em bairros anteriormente periféricos e que hoje transformaram-se em templos da dita classe média alta. Convivi com transportes deficitários, sistema de saúde caótico e talvez a pior parte: uma cidade que, apesar de ostentar um potencial econômico espetacular e maravilhoso, parece ter a triste sina de ser dividida em duas partes: de um lado, uma cidade de 600 mil habitantes, capitaneada pelas regiões do Ouro Verde e do Campo e formada por gente simples e lutadora e que vive com a sina de perceber que não tem saída.

Do outro, a Campinas antiga, aristocrática, que não aceita a diversidade e impregnada por um provincianismo letal. Excludente em todos os sentidos. Você vai no Cambuí ou em outras regiões ricas na cidade e a cara de poucos amigos está ali, na sua cara, para você. Não há como você ser bem recebido. Ninguém fala, mas os gestos dizem tudo. É como se para morar ou conviver ali, você deveria fazer parte de uma casta ou de uma escolha divina. Um quadro que não mudará mesmo com a cassação do prefeito Hélio de Oliveira Santos na madrugada de hoje.

Essa divisão perdura há anos e anos. Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, apesar dos problemas na curta gestão, foi o primeiro a adotar uma postura transparente e buscar um pacto que unisse esses dois lados da cidade. Que não existisse mais preconceito de qualquer lado. Que todos focassem em um único objetivo: a construção de uma cidade solidária, pacata e de paz.

Seu assassinato não destruiu o projeto político do PT e sim de todo um processo de reconstrução e de união. Izalene Tiene, a vice-prefeita,  perdeu-se em sua própria ineficiência administrativas e nas disputas internas do partido.

Basta fazer uma retrospectiva a partir de 2004 e verá que o prefeito cassado (com merecimento!) na madrugada de hoje teve a visão de perceber que existia uma parcela da população carente, desprezada e humilhada pelo outro lado da cidade. E que do outro existia uma Campinas cresceu e virou uma metrópole. Quer apenas seus pedidos atendidos e pronto.

Quando ganhou a eleição, o plano era perfeito. Para agradar a classe média, recapeamento, melhoria das praças e uma cidade limpa e impecável. Do outro lado, programas sociais para amenizar o sofrimento de uma população anteriormente desprezada e construção de empreendimentos esquecidos na gaveta, como o Túnel Joá Penteado, o Hospital Ouro Verde e a nova Rodoviária . Assim, não haveria como perturbá-lo.

Chegaram as eleições de 2008 e como Hélio não é bobo, colou em Lula e aproveitou-se da pobreza de lideranças políticas na cidade. Hoje nós xingamentos com razão o prefeito cassado? Quem poderia ser colocado em seu lugar? Carlos Sampaio? Jonas Donizete? Com todo o respeito, deixa para lá...

]Talvez isso que a ressaca cívica não permita ninguém enxergar: Campinas está falida em termos de lideranças. Hélio percebeu e colocou suas ideias maquiavélicas em prática porque sabia que não seria atrapalhado.

Pois bem, o Ministério Público fez sua parte, a imprensa cobriu os acontecimentos de modo magistral e Hélio será apeado do poder. Demétrio Villagra, por sua vez, tem a sombra da cassação sobre suas costas. Mas a pergunta que fica é: e agora?

Parem e pensem: existe a garantia de que as duas partes da cidade vão se unir? Será que a população carente será atendida em seus anseios? E quais lideranças políticas podem conduzir Campinas a um novo patamar? Josias Lech? Angelo Barreto? Canário? Bileo Soares? Benassi? Artur Orsi? Sellin? Guilherme Campos? Carlos Sampaio? Por favor, não queiram brincar com minha paciência...

Daqui alguns dias, ninguém vai se lembrar de Hélio e da turma do Mato Grosso. E esse apartheid social, essa separação virtual, essa luta de classes existente em Campinas continuará firme e forte. A saída de Hélio de Oliveira Santos deveria ser o começo de uma nova era. Mas existe um empecilho: ninguém, absolutamente ninguém, tem capacidade e estofo para a tarefa. E existe um agravante: falta vontade em colocar a mão na massa. Os mesmos políticos que cassaram Hélio querem que tudo continua do jeito que está: migalhas à periferia e agrado ao contingente provinciano. Em termos de estrutura e pujança, Campinas é a capital do interior do estado de São Paulo. Mas no espirito de sua sociedade, é praticamente inviável. Triste.

**************   **********************   *******************
JC SOUZA

Discordo em parte do referido artigo. Dr. Hélio se perdeu por não ser um político habilidoso com a demanda destas classes. A cassação veio num caldo , onde as lideranças antigas da cidade perceberam um momento de enfraquecimento geral. Não existe um lider natural para ocupar o vácuo político  , mas aproveitador de momento está repleto.  O impressionante é a ausencia da intelectualidade no debate político da cidade , representada por duas grandes universidades ( UNICAMP e PUC ) , não se manifestarem a respeito. Lamentável.
 
**********************
 Robson Porto

O que me chama a atenção, tendo vivido mais de 30 anos em Campinas, é que um Quércia, que saiu de radialista paupérrimo para vereador, e posteriormente, Prefeito, quando saiu milionário, passando por Chico Amaral, uma caricatura ambulante que foi Prefeito duas vezes e passava mais tempo em "re-hab" do que trabalhando, somente agora tenhamos um Prefeito cassado. Acho estranho... muito estranho...

***********************
Marcos J B Ferreira 
 
Prezado Elias Aredes Jr.

Como você também nasci, cresci, estudei e continuo vivendo em Campinas. Fico feliz de de ver uma análise tão clara e objetiva quanto a sua.

Faço minhas as suas palavras, talvez carregasse um pouco mais nas tintas, da tristeza e importância para os descaminhos de Campinas que foi o assassinato do Prefeito Toninho do PT (até hoje não solucionado !!!). E também das "pragas bíblicas" que foram o seu antecessor, o incompetente  Chico Amaral e da sua sucessora, a incapacitada Izalene Tiene.

No primeiro mandato, apesar de não ter votado nele, vi o governo do Dr. Hélio como uma tentativa de recuperação do município, mas na realidade fomos observadno uma quadrilha se apoderar do Palácio dos Jequitibás e, em troca de "trinta moedas", jogar por terra qualquer tentativa de planejamento de longo prazo para o desenvolvimento e integração do conjunto do município. 

Concordo, uma cidade de grande potencial, com certeza um dos maiores do país, mas sem lideranças políticas para esta desafiadora tarefa.   

***************************
Sonia Maria Aranha 
 
O vereador Sérgio Benassi (PCdoB) concedeu entrevista ao jornalista Luiz Crescenzo, no programa Balanço Geral, da TVB/Record, confirmando a posição do Partido com relação ao pedido de cassação do prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT).

Ao avaliar o relatório final da Comissão Processante, o vereador aponta que não houve produção de provas que levem à cassação. Ele destaca que o relatório joga tal questão para as denúncias do Ministério Público. Lendo os documentos do MP, Benassi verificou por mais de uma vez é afirmado que não há provas contra o prefeito.
---------------------------------------------------------------------------
Em respeito à população de Campinas, a Comissão Política do PCdoB reafirma publicamente sua posição face às denúncias contra o governo do prefeito Hélio de Oliveira Santos.

O Partido Comunista defende a continuidade das investigações das denúncias feitas pelo Ministério Público, bem como a apuração e a punição de pessoas que possam ter cometido delitos.

Nosso voto contrário à cassação está baseado na análise do relatório final da Comissão Processante da Câmara e nas denúncias do Gaeco do Ministério Público. Ambos os documentos não produziram provas contra o prefeito.

Participamos do governo Hélio em apoio a um projeto político que produziu ações que beneficiaram amplas parcelas da população historicamente excluídas do desenvolvimento da cidade.

Campinas, 20 de agosto de 2011.  Comissão Política do Partido Comunista do Brasil

*******************************
Ricardo Cesar 
 
Cassamos e defenestramos os corrompidos, e os corruptores? Eles não existem? Ha, são empresários que só querem o bem do país!
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário