segunda-feira, 25 de maio de 2009

Escola Pública e Escola Privada

Neste final de semana, a SEME - Secreataria Municipal da Educação - de Salto participou com seu secretário e as diretoras das unidades escolares do VII Simpósio de Educação da Faculdade de Educação da UNICAMP, cujo tema foi a gestão escolar.

Um dos muitos conteúdos lá discutidos foi uma pesquisa realizada pela UNICAMP na cidade de Campinas, para avaliar a qualidade dos sistemas de ensino da cidade: o privado, o público municipal e o público estadual. Diferentemente dos exames oficiais, a pesquisa acompanhou os alunos desde a entrada no ensino fundamental, até o final do seu segundo ano. Para isso, avaliaram os mesmos alunos em três momentos: quando entraram , quando terminaram o primeiro ano e quando terminaram o segundo ano. Todo o resto da metodologia foi a mesma usada pelos institutos federais e estaduais. Mais de sessenta escolas foram pesquisadas.

O resultado apresentado surpreende o senso comum: se avaliarmos o desempenho do aluno do dia em que entra até o final do segundo ano, o aprendizado é melhor nas escolas públicas.

Por que?

Bem, primeiro é preciso entender onde estão as escolas em Campinas: as públicas municipais estão nas periferias mais afastadas do centro, ou seja, onde os mais pobres estão. As estaduais mesclam ambientes de pobreza e de classe média/média alta. Já as particulares só recebem os de alto poder aquisitivo.

A pesquisa mostra que os alunos das escolas municipais estão em desvantagem em relação às outras duas no momento de entrada na escola. As estaduais, melhores que as municipais, mas piores que as privadas. E as privadas, os alunos entram com um aprendizado melhor que as outras duas.

Entretanto, quando se acompanha os alunos no transcorrer dos dois anos, percebe-se que o desenvolvimento no processo de aprendizagem é um pouco melhor nas municipais e nas estaduais. Se compararmos as pontuações de entrada e de final do segundo ano, os alunos das escolas municipais avançam um pouco mais que as outras escolas. Claro que continuam abaixo dos das escolas privadas, pois estes já entraram melhores.

Portanto, pelo menos nessa pesquisa, ficou provado que não é só a escola que define ou distingue qualidade de ensino. Existe, sim, um forte componente econômico que coloca mais próximo das crianças a capacidade de conhecimento antes da ida à escola para aquelas filhas dos mais abastados.

O mito de que escola particular é melhor do que escola pública fica assim desmascarado. Quando vemos isso falado insistentemente nos jornais, rádios, e TV, alguma coisa está se tentando. Como temos uma midia voltada para os objetivos neoliberais, podem desconfiar de tentativas de privatizar a educação. Muito cuidado.

2 comentários:

  1. "O mito de que a escola particular é melhor do que a escola pública fica assim desmascarado"

    Você "forçou" a conclusão hein...

    Tudo o que essa pesquisa diz (se pudermos confiar nela, já que veio de uma universidade pública e foi provavelmente financiada por dinheiro "público", mas enfim, vamos confiar) é que a diferença reduziu-se mais rápido nas públicas. Ora, quando você está lá atrás, reduzir a diferença de quem já está na frente é certamente mais fácil. O fato da China conseguir avançar num ritmo muito mais acelerado que o primeiro mundo não indica que os chineses vivem melhor que as pessoas no primeiro mundo, muito pelo contrário.

    É evidente a superioridade das particulares. Na minha turma do COTUCA, a esmagadora maioria vinha ou de particulares, ou tinha feito cursinho. Na minha turma da UNICAMP, praticamente todo mundo ou tinha vindo de uma pública feito COTUCA (com pré-seleção), ou tinha vindo de particular e/ou feito cursinho.

    Você não acha que se as particulares não fossem realmente melhores, ninguém se incomodaria em pagar caro pra botar seus filhos lá?

    E outra coisa sobre a qual é importante comentar é que é muito fácil competir com alguém quando você pode conseguir sua receita à força, na base da coerção, e seus concorrentes têm que conseguir a receita deles honestamente, com contratos voluntários. E além disso, quem paga por escola privada tem que pagar em dobro, ou seja, é um tremendo desincentivo e uma gritante injustiça.

    Coloquemos públicas e privadas para disputar igualmente, sem que nenhuma tenha verba garantida na base da coerção, e vamos ver quem se sai melhor. ;-)

    Ah! E em "se sair melhor" entenda "ser mais eficiente"... se você roubar 50% do PIB brasileiro para dedicar exclusivamente em Educação, claro que terá uma educação final melhor do que num sistema honesto, medindo apenas a qualidade do ensino. Mas isso é simplesmente injusto, pois o cidadão tem que ter o direito de escolher quanto ele quer gastar em educação, e quanto ele quer dedicar a outras prioridades.

    Aliás, isso me deixou curioso... você sabe quanto se gasta por aluno na rede pública de ensino? Considerando toda a administração pública relativa à Educação claro, todos os salários do MEC etc...
    Seria interessante comparar exatamente isso, custo/benefício... (se é que dá pra medir assim tão matematicamente um benefício como esse)

    Se tiver um tempinho, veja: www.pliber.org/vouchers_educacionais

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  2. Poxa.....senti-me um ladrão institucionalizado...

    A única coisa que posso dizer!!!

    Que triste.....

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