sexta-feira, 29 de maio de 2009

Piratas Ontem e Hoje

Salete, amiga e conhecida de algumas décadas, e agora trabalhando na Secretaria comigo, milita em movimentos católicos mais progressistas e tem em Frei Betto um dos seus escritores favoritos. Sempre envia artigos dele para mim, ou impressos ou em revistas e agora também pela internet.

Frei Betto é um simbolo à resistencia ao golpe militar de 64 e também da igreja progressista, das CEBs - Comunidades Eclesiais de Base - que revolucionou a Igreja a partir do Concílio Vaticano II. A Teologia da Libertação foi o maior dos marcos desse período e onde me adentrei em meados dos anos oitenta do século passado, absorvendo desse movimento muito do que ainda acredito e procuro fazer.

Hoje ela me contemplou com um artigo magnifico do Frei Betto: Piratas, ontem e hoje. Vale a pena ler, pela sua criticidade, por jogar luzes sempre apagadas na realidade histórica de ontem e de hoje. Delicie-se aqui com a leitura.

3 comentários:

  1. hehe, foi sincronizado, não é possível... nos últimos dois dias estive lendo coisas sobre a Somália.

    O texto da mulher é legal mas tem umas considerações que eu acho equivocadas. Vou fazer uns comentários (por favor, dá um jeito de permitir colagem de textos aqui...)

    Sobre a Somália ter entrado em colapso e desde então estar na miséria, essa frase está incorreta. Ela já estava numa miséria absoluta antes do colapso do governo. A queda do governo central em 1991 acabou abrindo oportunidades. Sim, eles continuam numa miséria desgraçada, mas estão menos piores do que estavam quando tinham governo central.
    Eu colaria uns links aqui, mas não consigo. Na Wikipédia em inglês tem uma página "Anarchy in Somalia" que mostra as mudanças ocorridas desde o fim do governo central. É bem interessante, e cheio de referências... pena que está só em inglês. (quanto ao título da página, não é correto dizer que há anarquia por lá, pois há muita coerção regional, milícias, violência de pequeno alcance, ou seja, mini-governos primitivos, mas não há um governo central poderoso para atravancar a economia e limitar a liberdade das pessoas)

    No site www.libertarianismo.com também tem um artigo sobre a Somália com informações bem interessantes, recomendo.

    Um breve resumo do que você vai encontrar nessas páginas:
    - eles têm péssimos indicadores sócio-econômicos, mas a maioria deles está menos pior do que estava quando tinham governo central.
    - diversas indústrias se desenvolveram na ausência de regulamentações e impostos, levando diversos serviços como energia elétrica por exemplo aos cantos mais remotos do país. Mesmo coisas como ruas e iluminação pública são geridas por empreendedores privados.
    - O setor de telecomunicações na Somália é um dos mais desenvolvidos da África.
    - Acesso à água e esgoto tratados ainda são críticos, o que mantém baixos alguns dos indicadores socio-econômicos mais importantes.
    - A violência é um problema gravíssimo, mas não consegui encontrar informações sobre as mudanças desde a época em que tinham governo até hoje, se estão mais ou menos violentos.
    - O sistema de Justiça é primitivo, tribal.. mas bom, funciona do jeito deles, é melhor do que tentar impor algo que eles não querem, na minha opinião.

    Enfim, a Somália é mais um exemplo de como governo e coerção (duas coisas intrínsecas uma a outra) podem atrapalhar as coisas. O maior problema da Somália hoje parece ser justamente a violência localizada, os "mini-governos"... a ausência do governo em praticamente todos os outros setores da sociedade aparentemente foi benéfica, embora eles ainda tenham muito chão pela frente... e, aparentemente, as grandes potências já estão fudendo com tudo por lá... os EUA já começaram a bombardeá-los, talvez para "levar a liberdade até a Somália", explodindo eles. É foda... se eles começarem a sair da situação degradante em que estão não vai demorar muito pra ONU e EUA quererem instalar um governo por lá... e aí vai voltar a empacar como a África inteira :-S

    Eu pretendo ler mais a respeito dessa terra quando tiver mais tempo... se você tiver mais informações interessantes me passe, por favor!

    Bjão pai!

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  2. Ah, esqueci uma coisa. :D

    Ela comenta que os piratas são apenas indivíduos exigindo reparações pelos danos às suas propriedades (áreas de pesca). Isso não estaria incorreto, se eles estivessem atacando os verdadeiros agressores (poluidores) e não navios cargueiros que não têm nada a ver com a história.

    Essa punição coletivista não tem cabimento, é injusta. O fato de um cara pálida ter te agredido não te dá o menor direito de contra-atacar um outro cara pálida que não tem nada a ver com isso, só porque são da mesma raça ou nasceram dentro da mesma linha imaginária (países).

    Esses piratas são bandidos, e merecem ser tratados como tal.
    Eu também me sensibilizo com a situação extrema em que vivem, e compreendo que essa situação empurra os mais fracos para soluções violentas. Mas isso não é justificativa... roubar, seqüestrar, é incorreto, injusto. Os piratas devem ser combatidos.

    E os grandes governos mundiais, se não querem ajudar esse país, ao menos que não atrapalhem (jogando bombas ou tentando impor um sistema de sociedade no qual eles não querem viver).

    Abração!

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  3. (só mais um comentário, pra não dizer que fiquei só nas críticas... :D)

    A pergunta final do texto é muito boa. A comparação com Alexandre, O Grande e o pequeno ladrão também...

    Assim, ele acertou na mosca: os maiores ladrões do mundo, longe de quaisquer comparações, são os "imperadores" (governos).

    Só no Brasil, "o imperador" fica com 35% da riqueza produzida no país. Nem todos os trombadinhas de todas as cidades juntos chegam a tanto, não devem nem arranhar. Em alguns outros países chega a ser mais. Mesmo nos EUA, onde o rei e a Corte toda tem a cara de pau de se dizerem defensores da liberdade, eles ficam com quase 30% das riquezas produzidas *agora*, sem considerar o endividamento e a inflação alucinante que eles têm cada vez mais praticado por lá.

    À pergunta:
    "E hoje, quem é o verdadeiro ladrão?"

    Minha resposta: o mesmo de sempre ;-)

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