quinta-feira, 2 de junho de 2011

Em Sorocaba, PT Descarta Coligação

O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), o deputado estadual Rui Falcão, afirmou que Sorocaba, que se constitui no 12.º maior colégio eleitoral do país, é uma das principais metas da sigla na luta pela conquista da prefeitura nas eleições de 2012 e descartou "definitivamente" qualquer possibilidade de aliança com o PMDB. Ao contrário, disse que o PT nacional deverá convidar o PMDB sorocabano para uma possível composição, mas para o cargo de vice-prefeito na chapa.

Falcão foi taxativo ao afirmar que essa decisão não atende a uma solicitação do diretório municipal, mas sim uma tática nacional do partido em apresentar candidatura própria em capitais e nas grandes cidades do país. Disse ainda que a executiva nacional não irá interferir na escolha do pré-candidato, mas mandou o recado às lideranças locais ao defender que não haja a realização de prévias. Destacou também que a sigla está traçando estratégias para ampliar sua participação na região de Sorocaba, que conta apenas com três prefeituras.

Além disso, Rui Falcão alfinetou a oposição ao dizer que ela está fragmentada e com falência de ideias. Minimizou a crise no governo da presidente Dilma Rousseff e saiu em defesa do ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci e das intervenções do ex-presidente Lula. 
 
Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

Cruzeiro do Sul - O PT de Sorocaba tem, tradicionalmente, lançado candidaturas próprias em eleições para prefeito. Em 2012, o diretório local defende novamente uma candidatura própria. A executiva estadual manifestou apoio ao diretório local, mas nos bastidores são fortes os comentários de que a direção nacional poderá exigir uma aliança como o PMDB, assim como acontece em várias capitais e cidades importantes do país. Em Sorocaba essa aliança poderá acontecer?
Rui Falcão - Cumprindo a orientação da tática nacional do partido, em Sorocaba o PT deve apresentar nomes pleiteando a Prefeitura. Em cidades estratégicas, onde há mais de 200 mil eleitores, nós queremos disputar essas Prefeituras. São cerca de 70. E nós queremos, com isso, também fortalecer o partido para as eleições de 2014. O PMDB tem sido um parceiro importante do PT e nós queremos manter essa parceria. É obvio que Sorocaba tem um quadro novo agora; uma mudança no PMDB local, com a possível candidatura do ex-prefeito e ex-deputado Renato Amary, mas a nossa decisão nacional é apresentar o nosso nome para uma disputa e não como vice. Eventual aliança com o PMDB para participarmos como vice na chapa está definitivamente descartada. Nunca conversamos (PT e PMDB) sobre isso, ou seja, envolvendo a cidade de Sorocaba. Nós é que pretendemos convidar o PMDB para eventual vice na chapa.

CS - O PT local possui três nomes como pré-candidatos à Prefeitura: Francisco França, Hamilton Pereira e Iara Bernardi. O senhor conhece cada um deles, principalmente Hamilton e Iara, que já disputaram eleições passadas, mas sem sucesso. França é vereador e disputou para deputado estadual, também sem conseguir se eleger. Todos estão decididos a não abrir mão da vaga. Há ainda diferentes grupos dentro do diretório, cada um com o seu preferido. Isso não prejudica a sigla, que pode entrar rachado já num período pré-eleitoral?

RF
- Felizmente, o PT - nos grandes colégios eleitorais, incluindo Sorocaba - tem mais de uma opção. O que mostra nossa capacidade de produzir líderes; que reflete nossa inserção nos movimentos sociais. Não vejo como prejudicial. Agora, essa decisão ficará mesmo ao diretório municipal. Mas nós queremos que haja a busca de consenso. Quero acreditar que em Sorocaba o PT caminhe para o entendimento, sem a necessidade de prévias.

CS - Na região de Sorocaba o PT detém apenas três prefeituras - Porto Feliz, Piedade e Votorantim. Como o partido pretende se fortalecer, visando 2012? Qual a meta para conquistar mais espaço regional?

RF
- Nós vamos realizar uma pesquisa nacional qualitativa para sondar temas mais relevantes de opinião do eleitorado sobre nosso governo, sobre o PT. E isso vai servir de referência para várias regiões do país, inclusive Sorocaba. Em segundo lugar, nós vamos acompanhar, aqui em São Paulo em conjunto com o diretório estadual, um planejamento eleitoral das regiões e vamos traçar uma agenda da presença de lideranças, deputados federais, dirigentes partidários, que estimule não só as candidaturas locais e regionais, mas sobretudo, para que possamos conquistar o eleitorado.

CS - O senhor assumiu recentemente a presidência e disse que sua primeira missão é garantir a unidade do PT, cumprir as tarefas preparatórias para as eleições de 2012 e ainda tratar da reforma eleitoral. Garantir a unidade não tem sido uma tarefa fácil. Ao assumir a presidência o senhor já encontrou resistências de grupos de outros Estados?.

RF
- Nossa meta é até o final do ano visitar todas as capitais e simultaneamente algumas das principais cidades, como é o caso de Sorocaba. Nessas visitas, a gente debate muito com a militância; primeiro, a realidade do país, do Estado; segundo, a reforma política e tributária e, terceiro, os caminhos partidários para se buscar a unidade. E qual é o segredo disso? É mostrar os desafios que estão em jogo neste momento e como a busca do consenso ajuda nessa direção. Nós temos espaço para vereança; fazer projetos de médio e longo prazo para as próximas eleições; lideranças que não vão disputar a prefeitura, mas que podem optar pelo Legislativo. Temos que ter unidade e nunca imposições. A direção nacional tem ido aos Estados e principais cidades, mapeia os conflitos e apresenta uma resultante de entendimento.

CS - O senhor acredita mesmo que haverá um ampla reforma eleitoral no país? O próprio PT, agora à frente do governo federal, se mostra resistente em vários pontos.

RF
- Realmente acho difícil haver uma ampla reforma eleitoral. Nós temos concentrado nos seguintes pontos: financiamento público exclusivo da campanha, que é uma maneira de conter o peso do poder econômico; reduzir possibilidade de corrupção e baratear as eleições. Em segundo, a lista partidária. No nosso congresso partidário nós decidimos pela lista partidária fechada, mas elaborada democraticamente. O terceiro ponto é a fidelidade partidária e o quarto, o fim das coligações proporcionais. A gente enfatiza a necessidade de além de manter o voto proporcional obrigatório, aperfeiçoar os mecanismos que permitem a participação popular, como referendo, plebiscito e consultas, que permitem uma aproximação mais estreita entre a democracia representativa e a chamada democracia participativa direta.

CS - O fim das coligações é um tema delicado e os partidos pequenos, inclusive aliados, devem resistir. Como senhor analisa isso?

RF
- Tem aliados nossos que se opõem a isso, mas a gente acena, também, já que não somos favoráveis à cláusula de barreiras, com alternativa a criação de "federação" ou de "frente", como existe no Uruguai. Como funciona? É quando um grupo de partidos pequenos podem se constituir como federação ou frente nas eleições só que isso implica numa diferença em relação à coligação. Coligação, se desfaz no momento da apuração, na federação ela persiste ao longo do mandato.

CS - Como o senhor vê os partidos de oposição?

RF
- Existe fragmentação dos partidos de oposição. A oposição parece ter perdido a sua perspectiva de projeto, muito devido à falência de algumas ideias que defendiam e que entraram em crise no plano internacional, ideias conservadoras, neoliberais. Eu lamento isso. É vital para a democracia que haja uma oposição. A oposição não encontrou um rumo. Com a falência de ideias, ficam buscando factóides ou episódios eventuais para tentar abalar o governo.

CS - A presidente Dilma Rousseff vive sua primeira crise. Na semana passada o ex-presidente Lula foi para Brasília e, como um rolo compressor, tratou de acalmar os ânimos dos aliados e, inclusive integrantes do próprio PT. Isso não soa como uma afronta ao atual governo e expõe a falta de articulação política da presidente Dilma?

RF
- Acho que o presidente Lula, que é uma liderança que já transpôs os próprios limites do país, é sempre bem vindo nas suas aparições e intervenções, seja orientando o partido, seja aconselhando a nossa presidenta. Até porque, ela sempre afirmou que quer ter o presidente Lula como parceiro e conselheiro. Ele (Lula) também disse que quando houver uma diferença entre ele e ela, o que não houve até o momento, ela sempre terá razão. O governo segue seu rumo com normalidade e sem atravessar crise e com iteração permanente com o PT.

CS - E as denúncias que pesam sobre o ministro Antônio Palocci. O senhor acredita que ele conseguirá se manter no governo?

RF
- Ele deu as explicações necessárias desde o primeiro momento e, agora, para o procurador-geral da República. O governo em relação a ele está conduzindo corretamente a questão e várias lideranças do PT, dentro e fora do parlamento, têm manifestado solidariedade; inclusive este presidente. Não há motivo para ele deixar o cargo.
 
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

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