sexta-feira, 24 de junho de 2011

Volks Paraná - Longa Greve por PLR

Noticia de 03 de junho....

Do Portal da CNM

03/06/2011 - 11:16:34
Fábrica da Volks no Paraná vive impasse e futuro incerto

Das 16 fábricas de automóveis no Brasil hoje apenas uma não foi ainda citada nos vultosos programas de investimentos anunciados pela indústria automobilística. Essa mesma fábrica está paralisada há um mês em consequência de uma greve. Os motivos que teriam levado a Volkswagen a excluir a unidade do Paraná dos planos de ampliação industrial e projetos de novos carros não são revelados. Mas um impasse nas relações trabalhistas em proporções que fugiram ao controle de ambas as partes torna ainda mais incerto o futuro dessa operação.

Uma greve tão longa provoca surpresas por diversas razões. O motivo do movimento - pagamento de participação nos resultados, o PLR - já foi acertado com todos os demais empregados da indústria automobilística, incluindo as outras duas fábricas da Volkswagen - em Taubaté, no interior de São Paulo, e São Bernardo do Campo. Temida no passado, a base metalúrgica do ABC, aliás, não fala em greve há cinco anos.

Poucas vezes a indústria automotiva mostrou-se incapaz de reverter um movimento grevista em épocas de mercado aquecido como o de hoje. O setor há meses trabalha freneticamente para atender à demanda. As vendas de veículos em maio superaram 26% de crescimento na comparação com um ano atrás e o volume acumulado no ano é 8,8% maior que o dos cinco primeiros meses de 2010.

A unidade do Paraná, apesar de moderna, acumula uma série de problemas desde a sua inauguração, em 1999.
 
Os fornecedores confirmam que estão abarrotados de pedidos. Para completar, a chegada de mais concorrentes, como as marcas chinesas, desestimula qualquer montadora a desacelerar o ritmo.

A direção da Volks queixa-se da intransigência do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba. Os trabalhadores rejeitaram a última proposta da empresa, de pagar R$ 5,2 mil na primeira parcela do PLR. Eles reivindicam R$ 6 mil na primeira parcela do PLR que totalizaria R$ 12 mil. E recusam trabalho adicional para compensar a greve.

Além dos cerca de 3 mil empregados da Volks, o movimento afeta, diz o sindicato, outras dez empresas da vizinhança, que empregam mais cerca de 3 mil. Cerca de 18 mil carros deixaram de ser produzidos desde o início da greve.

Impasses com o sindicato paranaense são comuns não só na Volks, com a fábrica em São José dos Pinhais, como nas outras duas montadoras do Paraná - Volvo e Renault. As três se acostumaram com greves, que acabam sendo decididas na Justiça.

Antes de Volks e Renault investirem, no final da década de 90, a participação do Paraná na produção nacional de veículos não passava de 0,5%. Com o reforço, a fatia subiu para quase 11%. Isso, na visão de alguns executivos, teria fortalecido subitamente o sindicato - ligado à Força Sindical.

Mas a questão não se limita à esfera sindical. No caso da Volks, a fábrica do Paraná, apesar de moderna, acumula problemas desde a inauguração, em 1999. A instalação surgiu para produzir carros da marca Volkswagen e da Audi, outra empresa do grupo Volks. O empreendimento começou com a do modelo Audi A3 e Golf, que usavam a mesma plataforma. A ideia fracassou a partir do momento em que versões mais modernas foram lançadas na Europa.

As novas gerações do A3 na Europa eram mais caras, o que inviabilizou a produção no Brasil. O A3 passou a ser importado. No caso do Golf, a equipe de engenharia no Brasil criou um modelo específico para o mercado local, mais simples que a versão feita na Europa. Com a suspensão da produção da Audi, a fábrica paranaense teve de mudar de vocação. Continuou a produzir o Golf, mas também recebeu a linha de um carro menor, o Fox, lançado em 2003.

O Fox e sua versão utilitária Crossofox são hoje a forças da fábrica do Paraná. O modelo é o quarto mais vendido no mercado brasileiro. Mas a unidade paranaense ficou fora do último programa de investimentos de R$ 6,2 bilhões, entre 2010 e 2014. Quando anunciou a divisão dos recursos, a direção da Volks citou São Bernardo, Taubaté e a fábrica de motores de São Carlos. Nessas instalações as mudanças têm sido visíveis. ABC e Taubaté já receberam reforços nas cabines de pintura, uma forma de poder ampliar a capacidade produtiva.

Os problemas da Volks no Paraná também revelam as dificuldades que surgiram a partir da descentralização do parque automotivo. Na guerra fiscal durante o regime automotivo, em meados da década de 90, o governo do Paraná teve sucesso ao atrair investimentos em troca de benefícios, como dilação do prazo d recolhimento do ICMS. Os acordos foram fechados na gestão de Jaime Lerner.

Mas as coisas mudaram com o governo de Roberto Requião (PMDB), que passou as duas gestões combatendo incentivos para grandes empresas. Fontes do setor lembram os problemas que surgiram com a falta de acordos com as empresas de dragagem, o que acabou levando dificultando o uso do porto de Paranaguá.

O quadro mudou nas últimas eleições e, segundo fontes das empresas, o governador Roberto Richa (PSDB) tem agradado as multinacionais. Já aparecem esforços para voltar a atrair investimentos. Para Ricardo Barros, secretário da Indústria e Comércio do Paraná, a greve da Volks atrapalha os planos do novo governo, de atrair indústrias para o Estado. "Cria um ambiente de ABC que não temos", diz.

Segundo ele, o governo tenta ajudar a resolver o caso. Ontem, ele recebeu a visita de representantes da fabricante de autopeças japonesa THK, que estuda investimento em uma fábrica de barras de direção para automóveis. Há pouco tempo, a americana Paccar sondou o Paraná para investimentos em fábrica de caminhões e a japonesa Sumitomo, anunciou a construção de uma fábrica de pneus no Estado.

Fonte: Valor

O resultado da greve, segundo o sindicato....(notícia de 10 de junho)

Depois de quase 40 dias em greve,  os metalúrgicos da Volkswagen, em São José dos Pinhais (PR), conquistaram hoje (10) à tarde um "pacotão" que garante, nos próximos 12 meses, o recebimento de R$ 21.680,00 e mais 15% a 20% de aumento salarial. O acordo inclui negociação da Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) deste ano e do ano que vem, reajuste salarial de data-base, abono salarial, nova tabela salarial e antecipação do 13º salário de 2012. Desse modo, os trabalhadores encerraram a greve, que domingo completa 39 dias e que causou prejuízo de mais de R$ 1,1 bilhão à montadora. Os 3,1 mil metalúrgicos retornam ao trabalho na próxima segunda-feira (13). A proposta aceita pelos trabalhadores hoje, em assembleia, em porta de fábrica, foi negociada entre Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba e Volks, após varias rodadas de conversação.
 
Confira aqui o acordo conquistado pelos metalúrgicos da Volkswagen:

- PLR 2011:Valor: R$11.500,00 para 100%  das metas ou equiparação com o pago em São Paulo, caso o valor de lá tenha fechamento  maior. O pagamento será feito em janeiro de 2012.  A 1º parcela terá valor de R$ 5,2 mil e será paga até o final de junho desse ano.

 - PLR 2012A 1ª parcela será igual a 52% do total pago na PLR 2011. A segunda parcela será discutida no segundo semestre de 2012.

 - Data-base 2011
Aumento de 10,3% (100% do INPC + 2,5% de aumento real) com limite ao teto R$ 7.630 mais a correção da data base + Abono salarial de R$ 4,2 mil,  sendo R$ 2,1 mil pagos em setembro deste ano e R$ 2,1 pagos em dezembro também de 2011

- Tabela Salarial - Plano de cargos e salários:Janeiro de 2012: aumento salarial de 5% para os salários do Grau I e de 2,5% para os outros graus. O último step (faixa salarial) será reajustado em agosto de 2011: 4% no Grau I e 2% nos outros graus. Em janeiro de 2013, serão mais 5% de aumento para o Grau I e 2,5% para os outros graus

- Adiantamento do 13º:Adiantamento da 1ª parcela do 13º salário de 2012 em fevereiro próximo.

- Dias de greve:São duas opções. Na 1º o trabalhador pode escolher entre pagar a greve descontando dois dias por mês de salário (junho deste ano até junho de 2012). Na 2º ele pode escolher manter o desconto de salário que a empresa já fez do mês maio e que vai fazer dos dias parados em junho. Dessa forma os dias já estarão pagos.

 -Dias adicionais:
- 6 dias em 2011 e 10 dias em 2012
- A empresa se comprometeu a não demitir nenhum trabalhador por causa da greve

Greve de 39 dias é a maior da história da Volks no mundo
A greve dos metalúrgicos começou no dia 05 de maio após a empresa divulgar que só ofereceria de PLR aos trabalhadores do Paraná 80% do que fosse pago em São Paulo. Até domingo, completa 39 dias: a mais longa da história da Volkswagen no mundo. Desde o começo, a empresa se manteve inflexível em sua posição. O presidente da Volks no Brasil, Thomas Schamll, chegou a declarar em reportagem no jornal O Estado de S.Paulo que preferia a greve à negociar, postura que foi duramente criticada pelo governo, deputados e lideranças sindicais nacionais. Durante a greve, a montadora apresentou apenas duas propostas de negociação: uma reprovada em 31 de maio e a outra, aprovada hoje.

Efeitos da greve 
Com 39 dias de greve a montadora deixou de produzir 22.990 veículos das marcas Fox, Crossfox e Golf. Segundo informações da própria Volks, o prejuízo foi superior a R$ 1,1 bilhão.
Com o prolongamento da greve o impacto nas concessionárias do país foram imediatos: diversas tiveram seu faturamento afetado pela falta de reposição dos carros produzidos pela montadora. No grupo Corujão, o prejuízo chegou a 12%. Além disso, os consumidores que já pagaram vão ter que esperar para receber o automovel até que a produção se normalize.
Além disso mais de 20 mil trabalhadores entre terceirizados, fornecedores e distribuidores foram indiretamente afetados pela mobilização, inclusive, com várias empresas dando férias coletivas a seus funcionários.

Solidariedade nacional e mundial 
O apoio aos metalúrgicos da Volkswagen de São José dos Pinhais veio de várias partes do país e do mundo. Mensagens solidarias enviadas pelos trabalhadores das unidades do México e de Portugal foram lidas em assembléia. Dirigentes sindicais de vários países que estão participando da Conferência anual da Organização Internacional dos Trabalhadores – OIT, que está acontecendo em Genebra, na Suíça, também fortaleceram o apoio a luta no Paraná.               

Em assembléia na porta de fábrica no ultimo dia 6 de junho o presidente da Força Sindical e deputado federal Paulo Pereira da Silva, ressaltou a mobilização dos metalúrgicos da unidade paranaense. “Essa luta é um exemplo para o Brasil inteiro. São 33 dias enfrentando um patrão reacionário. É um exemplo, se a Volks está ganhando muito é importante que reparta um pouco com o trabalhador.” Também vieram sindicalistas de cinco estados brasileiros, em solidariedade aos metalúrgicos da Volks.

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