sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Bela tentativa, mas....

Da Rede Brasil Atual

São Paulo – A iniciativa do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) de oferecer um terreno na região da Luz, no centro da capital, ao Instituto Lula já vinha sendo tratada desde junho do ano passado. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (2) pela assessoria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com isso, apesar de o anúncio ser considerado uma cartada política de Kassab, de olho nas eleições deste ano, perdem força os rumores de que a oferta da prefeitura faria parte das negociações em torno de uma eventual aliança política entre o PT e o PSD para o pleito na capital.
De acordo com a assessoria de Lula, a proposta de aliança foi feita em janeiro deste ano, mas as conversas sobre o terreno foram apresentadas em junho do ano passado. Havia três propostas para abrigar o memorial do Instituto Lula, uma do governo do Rio de Janeiro, outra do governo de São Bernardo do Campo (na região metropolitana de São Paulo) e outra de São Paulo.

O vereador Alfredinho (Alfredo Alves Cavalcante, do PT) confirmou que as conversas entre Kassab e Lula já vinham acontecendo desde o ano passado e descartou que a doação do terreno não possui fins eleitorais. “Não considero que seja uma tentativa de aproximação política. O Lula é hoje uma pessoa acima de partidos, acima de várias outras coisas e que é homenageado no mundo inteiro”, afirmou.

De acordo com o projeto, a área prevista possui mais de 2 mil metros quadrados na rua dos Protestantes, na região da Nova Luz, próximo ao Museu da Resistência. Atualmente, a região, conhecida como "cracolândia", é palco de uma ação integrada dos governos estadual e municipal para a retirada de usuários de drogas das ruas.

Aliança

Mesmo negando que a gentileza de Kassab possua fins eleitorais, o PT, principal partido de oposição ao governo paulistano nos últimos anos, já cogita uma aliança com o PSD no pleito municipal. “Dentro do programa do PT, quem quiser apoiar, ninguém vai dispensar. Por enquanto não sou contra nem a favor, acho que (o assunto) tem ser debatido com muita tranquilidade”, observou Alfredinho.

Tida como fora de cogitação até alguns meses atrás, uma coligação formada entre históricos adversários políticos divide o PT e causa estranhamento na militância. Enquanto alguns pregam o debate e as conversas para se alcançar um consenso interno, outros rechaçam a ideia. É o caso do presidente do diretório municipal do partido, vereador Antonio Donato, que já chegou a negar a viabilidade dessa hipótese, e do ex-presidente nacional do PT, deputado federal Ricardo Berzoini, que afirmou ser “um tiro no pé da militância” uma aliança com o partido fundado por Kassab.

Caso venha a se concretizar, a aliança se daria com o pré-candidato do PT, Fernando Haddad, na cabeça de chapa, e a indicação de um nome do PSD para o cargo de vice. Tudo indica que esse nome seria o do ex-presidente do Banco Central do governo Lula, Henrique Meirelles, hoje no partido do Kassab. No entanto, a confirmação feita na terça-feira (31) pelo vice-governador do estado, Guilherme Afif, de que ele disputaria a eleição como candidato do PSD, tratou de embaraçar ainda mais as previsões.

Uma aliança com o PSD interessa – ao PT e ao PSDB – não pela aprovação política conquistada por Kassab, mal avaliado nas pesquisas, mas pelo apoio da máquina formada pela administração municipal, incluindo as 31 subprefeituras. Em pesquisa realizada em 26 e 27 de janeiro pelo instituto Datafolha, 22% dos eleitores afirmaram que aprovam a atual gestão e 37% consideram o governo péssimo ou ruim. Os que a julgam regular chegam a 39%.


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