Paula
Laboissière*
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM),
Eleonora Menicucci, disse hoje (10) que as prioridades da pasta para esse ano
serão investir na esfera do trabalho, sobretudo no campo das trabalhadoras
domésticas, e no combate à pobreza.
“Para isso, é preciso assegurar a garantia de direitos e acesso à informação,
à capacitação e ao mercado de trabalho. Também não se pode aceitar que, ainda
hoje, as mulheres sejam objetos de qualquer forma de violência”, ressaltou.
Durante discurso, Eleonora avaliou que o cumprimento da Lei Maria da Penha
nos últimos anos representa avanço significativo para o país. Segundo ela, é
inegável a mudança provocada pela legislação no imaginário e na vida cotidiana
das mulheres. “Hoje, a noção de que é crime bater em mulher está amplamente
assimilada pela sociedade”, disse.
A nova ministra também comentou a decisão
de ontem (9) do Supremo Tribunal Federal (STF) que passa a permitir que o
Ministério Público denuncie agressores mesmo quando as mulheres vítimas de
violência tenham desistido de prestar queixa. “A vitória no STF representa um
marco histórico na vida das mulheres brasileiras.”
Ela cobrou ainda a criação de mais juizados especializados em violência
doméstica e familiar. Para ela, a rede de atendimento a mulheres precisa deixar
de tratar apenas os danos físicos e assumir um caráter preventivo, por meio de
parcerias com outros ministérios.
Eleonora também prestou homenagens a homens e mulheres mortos durante a
ditadura militar. A nova ministra foi companheira de prisão da presidenta Dilma
Rousseff nesse período.
“Nossas trajetórias de mulheres se entrelaçaram. Nos engajamos na luta contra
a ditadura, fomos presas, torturadas, vivemos na mesma cela, tivemos um
engajamento que nos ensinou a lidar com as adversidades”, destacou.
Durante a solenidade, a presidenta Dilma Rousseff deu as boas-vindas à
socióloga e destacou que ela chegava ao governo em um momento muito especial,
lembrando a decisão do Supremo em relação à Lei Maria da Penha. A presidenta
disse que “o governo mais feminino da história deste país” deu um passo muito
importante rumo à construção de uma sociedade com democracia e justiça social,
com igualdade para todos. Seu governo, segundo ela, luta contra o preconceito, a
discriminação e a violência contra a mulher, e “temos certeza que ganhamos uma
lutadora incansável pelos direitos das mulheres”.
Doutora em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP), Eleonora
Menicucci fez pós-doutorado na Universidade de Milão, na Itália, e era
pró-reitora de extensão da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cargo do
qual se licenciou para assumir a função no governo de Dilma.
Ao ser indicada para o cargo, Eleonora Menicucci disse que considera o aborto
uma questão de saúde pública -- como o crack e outras drogas, a
dengue, o HIV e demais doenças infectocontagiosas – e não uma questão
ideológica.
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