Ciúme, tweet e escândalo agitam a política francesa
Ciumenta, a companheira do presidente francês Hollande, agita o clima das legislativas com um tweet contra sua rival Ségolène Royal.
De repente, umas poucas linhas num tweet desencadearam um terremoto na política francesa, a apenas cinco dias do segundo turno das legislativas.
Teria sido ciúmes ? Em todo caso, pouco mais de um mês da vitória de
François Hollande, o novo presidente se vê às voltas com seu primeiro
abacaxi para descascar, envolvendo sua companheira, sua girl friend como
dizem os americanos, e sua ex-esposa e por tabela a campanha
legislativa do Partido Socialista na circunscrição de La Rochelle.
Ninguém consegue imaginar como o presidente François Hollande, que
descartara de seu mandato qualquer mistura com sua vida pessoal, vai
sair da confusão criada por Valerie Trierweiler em pleno confronto com
sua ex-esposa Ségolène Royal.
Há coisas que só acontecem na França, sem qualquer presságio e em
meio à calma absoluta. Domingo, os socialistas obtiveram a maior vitória
nas eleições legislativas nunca antes registrada. Nem mesmo Mitterrand
conseguiu dar aos socialistas uma tal vitória sem compromissos com
outros partidos de esquerda.
Havia só um senão – a ex-esposa do presidente François Hollande,
ex-candidata à presidenta vencida por Sarkozy, a bela e voluntariosa
Ségolène Royal corre o risco de não ser eleita deputada federal. Talvez
para não deixar em má situação seu ex-marido, agora presidente, Ségolène
não pediu um posto de ministra, mesmo se batalhou pela vitória do pai
de seus quatro filhos.
Ségolène decidiu, meio sem consultar seus amigos, se candidatar a
deputada federal pela cidade de La Rochelle, com o objetivo declarado de
ser a presidenta da Assembléia Nacional, equivalente à nossa Câmara de
Deputados.
O Partido Socialista autorizou sua candidatura, porém surgiu um
problema – um professor socialista da região, Olivier Falorni,
conselheiro da governança local, amigo de longa data do atual presidente
Hollande, queria se candidatar e não aceitou que em seu lugar fosse
colocada Ségolène Royal. Chamado à atenção pela chefe do Partido
Socialista, Martine Aubry, e convidado a retirar sua candidatura,
Olivier Falorni se declarou dissidente e disputou as eleições como
candidato socialista dissidente.
Domingo, conhecidos os resultados, quem chegou em primeiro lugar foi
Ségolène Royal, mas seus votos não foram suficientes para se eleger
sendo necessário se submeter a um segundo turno a fim de disputar a
maioria absoluta. Em segundo lugar, estava Olivier e em terceiro lugar
um candidato do partido de direita do ex-presidente Sarkozy.
Como em política as vinganças são comuns, o candidato da direita se
retirou da competição mas pediu aos seus eleitores para votarem no
candidato local, ou seja Olivier Falorni. É a primeira vez que um
candidato de direita renuncia em favor de um socialista, mesmo que seja
dissidente. Porém, o ato nada tem de louvável, o objetivo é o de tirar
Ségolène Royal da vida política.
Diante disso, todo Partido Socialista se mobilizou e sua presidente,
Martine Aubry, foi pessoalmente, nesta terça-feira, fazer campanha por
Ségolène Royal, enquanto o próprio presidente deu seu apoio à ex-esposa
contra Olivier Falorni.
O escândalo estourou logo de manhã, quando Martine Aubry chegou a La
Rochelle. Valerie Trierweiler, quase nesse mesmo momento, enviou por seu
tweet uma mensagem de apoio a Olivier Falorni. Bastaram alguns minutos para toda imprensa francesa noticiar nos seus online como a girl friend
do presidente Hollande passou por cima de todos os socialistas,
inclusive de seu marido presidente, para apoiar o adversário de sua
ex-rival.
Enquanto a direita ri de euforia, diante dessa cena de ciúme
qualificada de cena de bulevard e a imprensa fala em reedição de um ato
digno de Cecília Sarkozy, conhecida por seu temperamento forte, os
socialistas se inquietam com receio de que o tweet da companheira do presidente Hollande possa influir nos resultados do segundo turno, domingo, dia 17.
Outros se lembram de que Danielle Mitterrand também não era mulher de
seguir docilmente as decisões do marido. Valerie já havia dito que não
queria ser uma mulher decoração, tanto que decidiu continuar com sua
profissão de jornalista na revista Paris Match.
Em todo caso, uma coisa ficou evidente – o presidente Hollande que
instarou a « normalidade » no governo, tem uma mulher « normal »
ciumenta que não perdoa seus telefonemas escondidos à ex e que, na
Bastilha, depois do beijo do presidente no rosto de Ségolène foi
exigente – « eu quero beijo na boca ». Sem se esquecer de que Valerie
não votou em Ségolène quando sua rival era candidata a presidente.
As mulheres franceses não têm nada a ver com as mulheres submissas dos islamitas.
Publicado originalmente no site Direto da Redação
Rui Martins, correspondente em Genebra.
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