A presidenta voltou a afirmar que o caminho adotado pela
Europa na tentativa de sair da crise está equivocado (Foto: Roberto
Stuckert Filho. Presidência)
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff ironizou hoje (12) em Belo
Horizonte as sugestões dadas para que o país enfrente o agravamento da
crise internacional. Durante cerimônia em referência às obras de um anel
rodoviário na capital mineira, Dilma disse que o governo do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu dificuldades devido à
perda de uma cultura voltada ao investimento público e à participação do
setor privado em infraestrutura.
"Não estamos fazendo uma política de gasto fácil no Brasil. Nós
estamos voltados para perseguir o investimento e iremos perseguir o
investimento. Não é algo trivial. Aliás, tem várias pessoas que deram
para me dar conselho, que não são responsáveis por nenhum investimento
antes de 2003", disse. "Não são. Não são, porque este país não investia.
Quando nós começamos a fazer o PAC, a dificuldade para fazer o PAC era
enorme, porque não tinha projeto. E por que não tinha projeto? Porque
não tinha consultoria, não tinha empresa de consultoria neste país."
Durante o evento, Dilma voltou a criticar os caminhos adotados pela
União Europeia na tentativa de sair da crise. No último sábado (9), a
Espanha aceitou acessar um pacote de até 100 bilhões de euros oferecido
pelo bloco na tentativa de amenizar os efeitos negativos provocados pelo
alto endividamento dos bancos. “Eu queria dizer para vocês que o Brasil
tem forças internas para enfrentar essa crise. Ele é diferente dos
outros países da Europa que não têm forças internas. Nós estamos muito
bem fincados nos nossos próprios pés. Temos política econômica
consistente. Nós não temos uma visão que acha que o ajuste é
justificável e pode levar a que 54% da população de jovens de um país
fique sem emprego. Nós nunca achamos isso. Nós temos uma política de
defesa do emprego brasileiro, sim."
O mercado interno foi novamente apontado pela presidenta como o
segredo para que o Brasil não seja afetado de maneira tão profunda pela
crise externa. Para ela, o poder de compra da população apresentou um
forte crescimento durante o governo Lula e deixou de ser "extremamente
restrito".
Dilma também reafirmou sua crítica ao spread bancário, que é a
diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e as taxas de
juros que cobram dos clientes. “Além de termos a inflação sob controle,
somos um país que fez o seu dever de casa e tem as suas finanças
públicas sob controle. Temos uma das menores relações dívida/PIB do
país. Então, temos de reduzir o custo do capital”.
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