Mesmo sofrendo impeachment, Lugo pode concorrer a eleições no Paraguai
Depois de ser impedido de exercer a Presidência da República no Paraguai,
o ex-presidente Fernando Lugo, de 61 anos, pode disputar qualquer
eleição no país. Em abril de 2013, haverá eleições para presidente da
República, governador, senador e deputado. A Constituição paraguaia não
limita os direitos políticos daquele que foi submetido ao chamado “juízo
político”, o equivalente ao impeachment. Também não menciona a
possibilidade de exclusão da vida pública. Lugo foi destituído do poder
há dois dias, depois de o processo ter sido aprovado na Câmara e no
Senado.
O Artigo 225 da Constituição do Paraguai é claro ao informar
que o presidente da República, o vice-presidente, os ministros de Estado
e da Suprema Corte, além do fiscal-geral do país,o procurador-geral da
República, o controlador-geral, os integrantes do Tribunal Superior de
Justiça e do Tribunal Eleitoral podem ser submetidos ao processo de impeachment.
Na ação, o acusado deve ser suspeito de “mau desempenho de suas
funções, cometidas no exercício dos cargos”. A Constituição diz ainda
que a ação deve ser aprovada por dois terços da Câmara dos Deputados e
depois o Senado conduz o processo, fixando prazos para acusação e
defesa. Se o suspeito, diz o texto, foi considerado culpado deve deixar o
cargo. No caso de crimes comuns, o processo segue para Justiça comum.
O processo de impeachment de Lugo foi movido pela junção de
cinco ações impetradas por deputados de oposição ao então governo. Os
parlamentares alegaram que houve “mau desempenho das funções públicas”
por parte de Lugo ao lidar com a ocupação de trabalhadores sem-terra no
Nordeste do país. No último dia 15, a tentativa de ocupação levou a um
confronto entre agentes policiais e agricultores, deixando 16 mortos.
Lugo foi submetido a julgamento na Câmara e no Senado e em menos de 24 horas ficou decidido seu impeachment.Na
sexta-feira, o ex-presidente deixou o poder com um discurso forte,
dizendo que “saía do governo pela maior das portas, a do coração dos
paraguaios”. O Brasil e vários países da região entenderam que houve um
rompimento da ordem democrática, pois a tramitação do processo foi
considerada rápida e sem tempo para a defesa de Lugo.
No sábado, Lugo deixou a residência oficial da Presidência da
República, no centro de Assunção, capital paraguaia. Ele voltou a morar
em sua antiga casa na cidade de Lambaré, na região metropolitana da
capital.
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