Do Correio Braziliense
Demóstenes entra para história como segundo senador cassado no Brasil
Demóstenes Lázaro Xavier Torres, nascido em Anicuns, interior de
Goiás, no dia 23 de janeiro de 1961, formou-se em Direito pela
Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Tido como guardião da ética,
sempre pronto para deflagrar adversários em atitude suspeita, foi
relator da Lei da Ficha Limpa e hoje é alvo de uma série de denúncias.
O ex-senador é procurador licenciado do Ministério Público e
ex-secretário da Secretaria Pública de Goiás. Presidiu, desde 2009, a
Comissão de Constituição e Justiça do Senado. No ano seguinte foi
relator do projeto da Lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de
políticos condenados e daqueles que renunciam a mandatos para não serem
cassados. Reconhecido nessa atuação, foi convidado pela OAB a redigir
prefácio de livro em comemoração à lei.
Em fevereiro deste ano, foi aberto processo de expulsão de Demóstenes
do partido Democratas, o DEM, por suspeitas de desvios éticos.
Entretanto, no dia seguinte à abertura do processo, o ex-parlamentar
protocolou ofício pedindo a desfiliação do partido, livrando-se assim da
expulsão. Dessa forma permaneceu no Senado, entretanto sem partido.
Grampos feitos pela Polícia Federal (PF) e outras informações de
inquéritos do órgão ligariam o senador Demóstenes Torres (Sem partido)
ao bicheiro Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.
Investigado por esquema de corrupção na Operação Monte Carlo, da PF,
Cachoeira foi preso em fevereiro, sob acusação de exploração ilegal de
jogos de azar em Goiás.
Demóstenes Torres é suspeito de manter conversas freqüentes com
Cachoeira e também de ter recebido presentes e pedido dinheiro ao
empresário. No dia 6 de março, durante sessão plenária, Demóstenes
admitiu que trocou telefonemas com o bicheiro, mas que apenas recebeu
presentes de casamento de Cachoeira, como uma geladeira e fogão
importados. Pressionado, Demóstenes negou que seja investigado por
crimes de contravenção e afirmou que a violação do seu sigilo telefônico
não obedeceu a critérios legais.
Considerado por colegas como um dos principais quadros do Congresso e
cogitado até para uma eventual candidatura à Presidência da República
nas eleições de 2014, Demóstenes Torres, é acusado de quebra de decoro e
é o segundo senador cassado do país. Agora, deverá voltar ao cargo de
procurador de Justiça de Goiás, do qual se licenciou em 2001 a fim de se
eleger pela primeira vez como senador da República.
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