Acabo
de ler uma notícia do Estado de São Paulo que dá conta das dificuldades
da prefeitura de São Paulo em resolver a questão das vagas em creche.
Nela, a tônica (não sei se para salvar o governador ou crucificar o
prefeito) é o fato de o estado apoiar construções de novas creches, mas a
prefeitura não conseguir zerar o déficit.
Evidente
que estamos falando da maior cidade do país, mas o problema vivido lá é
vivido proporcionalmente em todas as prefeituras de nosso país. Por lá,
o déficit atual é de mais de 126 mil vagas faltantes. Com o apoio do
governo do estado a prefeitura irá construir mais 20 novos Centros de
Educação Infantil. Com isso atenderá 4.000 crianças, ou seja, sequer
resvala no problema macro. A notícia mostra outro dado muito
interessante: em 2005 haviam 60 mil vagas atendidas pela prefeitura;
esse número pulou para 196 mil em 2011. E mesmo assim ainda precisam ser
criadas 126 mil novas vagas.
Percebe-se
que o problema é de difícil solução em qualquer lugar. Se não, vejamos:
quando entramos na prefeitura em 2005, eram atendidas nas creches, 600
crianças. Em 2011 as vagas pularam para 1.100 atendidos (este ano com a
nova creche do Santa Marta esse número deve estar em 1.250).
Proporcionalmente Salto teve o mesmo desenvolvimento que São Paulo.
Entretanto tem na fila de espera mais de 1.000 crianças.
O que fazer?
Tenho
dito a algum tempo que não existem soluções somente a partir das
prefeituras. E pela notícia divulgada no Estadão, sequer com a ajuda do
estado. Creio que precisamos fazer uma grande operação nacional para
resolver isso. A presidenta Dilma está com um plano ousado de construir
em seu mandato 6.000 novas creches pelo país afora. Todavia, para
atendermos toda a demanda, precisaríamos de no mínimo 18.000 novas
unidades. Ou seja, é um trabalho extremamente delicado e demorado.
Para
amenizar em nossa cidade ainda acredito em novas construções. Nesse
sentido quando sai da prefeitura deixei encaminhado alguns novos
projetos de construção. Deles, dois foram reivindicados ao PAC 2 -
Programa de Aceleração do Crescimento - do governo federal. Fui
informado recentemente que foram liberados os dois projetos: um para o
Jd. São Gabriel e outro para o Jd. dos Ipês. As construções devem se
iniciar em 2013.
Mas
somente construções não resolverão o problema, até porque o custo anual
de uma creche é no mínimo seis vezes o custo de sua construção. Isso
nos leva a outro problema: a contratação de pessoal e a limitação da lei
de responsabilidade fiscal. Não é possível colocar uma creche em
funcionamento sem gente trabalhando (e não são poucos). Para uma creche
que atende cerca de 100 crianças é necessário no mínimo de 30 a 40
funcionários. E a folha de pagamento, pela lei de responsabilidade
fiscal, não pode ultrapassar os 51% da receita anual. Isso quer dizer
que se o país quer resolver a questão das creches e essa
responsabilidade ficar com o município, ele precisa ter dinheiro novo e
um tratamento especial na lei de responsabilidade fiscal.
Outro
movimento possível em Salto é a compra de vagas nas creches
particulares. Tínhamos um sério problema nesse campo: até 2011 todas as
creches particulares não eram reconhecidas pelo sistema de ensino
municipal por não terem condições para isso. Fizemos um intenso trabalho
para regularizar todas elas. No final de 2011 conseguimos regularizar
três delas, o que é pouco ainda para a demanda reprimida.
Uma
última questão nesse problema: quanto mais creches forem construídas,
maior será a demanda reprimida. Explico: temos em Salto (no país não é
diferente) cerca de 7.000 crianças entre zero e três anos de idade. É
atendida na rede municipal de creches 1.250 crianças e 1.000
aproximadamente esperam novas vagas. Isso quer dizer que cerca de 5.000
crianças nunca procuraram os serviços de creche, o que acontecerá
naturalmente caso o serviço seja ampliado (o que é um bom problema).
Para
concluir, qualquer dos prefeitos que vença as próximas eleições
(certamente será JUVENIL e JUSSARA) não terá como resolver esse problema
sem muita ajuda externa. Não existem milagres, nem varinhas de condão
para fazermos mágicas. É um problema de difícil solução que os agentes
públicos, principalmente os municipais, precisam forçar uma negociação
nacional de amplos e certeiros resultados. Qualquer coisa fora disso é
pura campanha eleitoral.
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