quinta-feira, 11 de junho de 2009

Feriado de Corpus Christi

A lembrança mais remota que tenho do feriado de hoje é quando ainda pré-adolescente era coroinha (isso mesmo....com batina e tudo....rs....) na Igreja de São Benedito e saíamos para a procissão. O que mais gostávamos era pisar no tapete formado de serragens, tampinhas, cascas de ovos e tantos outros materiais, que enfeitavam a rua por onde passava a procissão. Cada casca de ovo pisada era um riso enorme por dentro. Até disputas existiam para ver quem mais fazia barulho, ou mais pisava em determinado conteúdo do imenso tapete.

Depois, lembro-me de épocas em que, a partir de estudos e muitas leituras, procurava explicar aos mais jovens o significado dessa data. Aliás, muitas foram as vezes em que, na igreja, fiz palestras. Dos mais variados assuntos. Sempre objetivando a evangelização...

Até que um dia percebi que o tal evangelho exigia de mim ações concretas e não discursos e rezas. E esse mudar levou-me a caminhos distintos, apesar de nunca ter abandonado o falar. Sempre me dei bem com isso....rs. Anos organizando os jovens na busca de ações concretas na sociedade para sua transformação. Até que isso foi "longe demais" aos olhos dos "donos da igreja", e a decepção com ela afastou-me totalmente de sua "acolhida".

Hoje, recordar dos pisões nas cascas de ovos é bom pois faz-me perceber como esse caminho, apesar de ter-me bloqueado em muitas coisas, fez-me crescer em tantas outras. Impossível dissociar o que penso hoje, desse período. Talvez a maior das minhas decepções foi perceber que alguns acham ser possível monopolizar a verdade. E por conta desse monopólio afastam, ridicularizam, segregam e até matam muitas vezes. Institucionalizar a verdade jamais dará certo. Aliás, a grande pergunta que Pilatos fez a Jesus deve nos acompanhar sempre: "O que é a verdade?"

Interessante estar aqui agora, escrevendo e fazendo reflexões sobre tempos já passados e que sempre insistem em retornar.

Talvez o mais divino do humano seja exatamente perceber o quanto o humano não é divino. Se pudesse sintetizar o que representou minha "vida religiosa" até meus 27/28 anos, talvez seja essa frase. E por não sermos divinos é que precisamos constantemente refletir sobre nossas verdades. E por não sermos divinos jamais divinizar quem nunca quis sê-lo. Por não sermos divinos jamais projetar em alguém ou em alguma coisa o que nunca seremos.

Aceitar a condição de ser humano para cada vez mais ser humano - talvez seja este o maior dos ensinamentos de quem hoje comemoramos seu corpo.

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