terça-feira, 26 de outubro de 2010

Amauri Ribeiro Jr - Em Conta Gotas

Brasília Confidencial No 371

Como e porque o empresário Gregório Marin Preciado, primo, amigo e ex-sócio de José Serra, depositou US$ 1,2 milhão na conta da empresa Franton Interprises pertencente ao ex-tesoureiro de campanha do candidato do PSDB à Presidência, Ricardo Sérgio de Oliveira. E por que a maior parte de tais depósitos ocorreu justamente no ano eleitoral de 2002 quando Serra concorreu contra Lula? Estas duas questões foram levantadas ontem (segunda) pelo jornalista Amaury Ribeiro Junior, em documento distribuído à imprensa após seu depoimento à Polícia Federal, em Brasília. Ao fim de seu quarto depoimento, o repórter foi indiciado pela PF sob a acusação de que encomendou a quebra de sigilo fiscal de familiares de Serra e praticou outros três crimes. Ribeiro Junior contesta as acusações.

Os depósitos do primo de Serra beneficiando seu caixa de campanha – e de Fernando Henrique Cardoso – somente agora foram revelados, embora sejam datados de 2001 e 2002. Mais importante: estão comprovados documentalmente em material obtido pelo repórter através de uma ação de exceção da verdade na Justiça de São Paulo. Estão presentes nos extratos da chamada conta Beacon Hill do banco JP Morgan Chase, de Nova York. A Beacon Hill nada mais é senão uma conta aberta pela empresa Beacon Hill Service Corporation (BHSC) onde eram administradas muitas subcontas com titulares ocultos. Nos EUA, a BHSC foi condenada em 2004 por operar contra a lei. Tais documentos bancários constam do relatório da CPMI do Banestado, de 2004, e foram, até agora, ignorados pela mídia.

Casado com uma prima de Serra, Preciado realizou, no mínimo, sete depósitos beneficiando Ricardo Sérgio, também conhecido como o grande articulador dos consórcios de privatização no período FHC. O menor no valor de US$ 17 mil, no dia 3 de outubro de 2001, e o maior - de US$ 375 mil - em 15 de outubro de 2002. A proximidade com Serra valeu a Preciado, por exemplo, uma nomeação para o conselho de administração do antigo Banespa. Posteriormente, com a ajuda de Ricardo Sérgio, Preciado renegociou uma dívida milionária junto ao Banco do Brasil, reduzindo seu valor em mais de 100 vezes. E ainda com o apoio do ex-caixa de Serra, mesmo na condição de devedor contumaz do BB, Preciado conseguiu a participação do banco no consórcio Guaraniana, que arrematou três estatais de energia elétrica no nordeste. No Guaraniana, Preciado, de origem espanhola, representou a Iberdrola, da Espanha.

O segundo ponto levantado por Ribeiro Junior também é inédito. Trata-se dos depósitos realizados pela empresa Infinity Trading e também favorecendo a Franton, do ex-caixa de Serra. O repórter descobriu que a Infinity Trading pertence ao empresário Carlos Jereissati, que liderou um dos consórcios que participou dos leilões de privatização e comprou parte da Telebrás. Sempre se suspeitou do pagamento de propina na venda das estatais, mas esta é a primeira vez que aparece um claro indício a respeito e calcado em documentos bancários oficiais. A Infinity Trading depositou comprovadamente mais de US$ 410 mil favorecendo o ex-caixa de Serra.

DO BLOGUEIRO> Por que será que o jornalista faz suas declarações a conta-gotas? Quando saberemos de tudo o que ele, a mando de Aécio Neves e sob a tutela do jornal Estado de Minas, descobriu? Ou não saberemos? Conseguirão novamente abafar tudo? Ou como a revelação acima, só saberemos daqui a oito, dez anos? Quem investigará todas essas denúncias? 

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