sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Diminuição do Analfabetismo é Pequena

Brasília Confidencial No 403

O Estado brasileiro com menor número de analfabetos não está, como se poderia imaginar, nem no Sul nem no Sudeste. É o Amapá, que reduziu sua taxa de analfabetismo em 66%. Assim, ficou com um percentual de apenas 2,8% de moradores que não sabem ler nem escrever. É um patamar próximo ao de países ricos. A descoberta é do estudo Evolução do analfabetismo e do analfabetismo funcional no Brasil (2004-2009), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), realizado com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No país, em cinco anos, a taxa caiu 1,8%, passando de 11,5% para 9,7%.

Retrocesso no Sul

No Norte, não foi somente o Amapá que se saiu bem. Na região, a redução da taxa bateu em 17%, acima da média brasileira. Em contrapartida, no Sul a diminuição ficou abaixo dos números nacionais. Surpreendentemente, em Santa Catarina, com percentual de 4,9%, houve aumento da taxa de analfabetismo. Foi, porém, um crescimento de apenas 0,1%. O Sul, com 5,5% de analfabetos, continua com o melhor quadro do país.

A redução (6,6%) no Sudeste foi ligeiramente menor do que a média nacional. A taxa de analfabetismo na região foi de 5,7%. O Centro-Oeste apresentou a queda de 1,8% na sua taxa com 8% da população analfabeta. O Nordeste reduziu sua taxa em 16,6% , destacando-se o Rio Grande do Norte com recuo de 18,6%. Porém, Alagoas ostenta percentual três vezes superior à média nacional e 14 vezes maior do que a do Amapá. Entre as 14 unidades da federação com percentuais acima da média nacional estão todos os nove estados nordestinos.

Posição intermediária

Se, no contexto latino-americano, o Brasil aparece com taxa consideravelmente elevada, quando se têm por referências países africanos e asiáticos, a situação brasileira se mostra menos dramática, como acentua o estudo. A Unesco contabiliza 750 milhões de analfabetos no mundo, a maioria deles concentrada em países asiáticos e africanos com grandes populações: Índia, China, Bangladesh, Paquistão, Etiópia, Nigéria e Egito. O Brasil, que possui a quinta maior população mundial, ocupa a oitava posição em número absoluto de analfabetos, com cerca de 14 milhões de indivíduos. Em termos relativos, o país se mantém em posição intermediária.

Mas, segundo a Unesco, 40% dos 35,3 milhões de analfabetos existentes na América Latina e no Caribe estão no Brasil, enquanto a população brasileira corresponde a 33% do total da região.

“Passado escravocrata”

Nas suas conclusões, o estudo indica que o atraso do Brasil em relação à maioria dos países latino-americanos “está relacionado ao seu passado escravocrata e ao pequeno investimento em educação realizado pela metrópole portuguesa em sua colônia, diferentemente do que aconteceu na América hispânica, onde até universidades haviam sido implantadas”. E agrega: “Mesmo após a Independência de Portugal, manteve-se a estrutura agrário-exportadora assentada no trabalho escravo que, por princípio, não era portador de direitos básicos de cidadania, tal como a educação”. E, comparando, repara que “no início do século XX, a esmagadora maioria da população brasileira era analfabeta, diferentemente da situação em que se encontrava a vizinha Argentina”.

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