domingo, 10 de junho de 2012

CEMUS XII

Fachada do prédio e as pessoas presentes
Hoje pela manhã participei da inauguração de mais uma unidade escolar do município: o CEMUS XII. 

Localizado em uma bela área no Jd. Santa Marta, a escola foi construída em parceria com o MEC no programa PRÓINFANCIA, que tem como objetivo ampliar as vagas de educação infantil em todo o país, principalmente nas chamadas creches. 

De uma arquitetura única e inovadora (por conta disso com alguns pequenos problemas) a proposta do governo federal veio complementar a estrutura municipal em funcionamento. Apesar de o espaço inaugurado trabalhar somente com educação infantil (zero a cinco anos), o terreno tem um amplo espaço onde futuramente poderá ser construído um bloco de salas para o ensino fundamental, necessário na região. 

O convênio foi conquistado ainda no governo Lula, por iniciativa do deputado federal Arlindo Chinaglia,  e discutido por um longo tempo, por conta das grandes diferenças de valores entre o proposto pelo MEC e a realidade do mercado paulista. A obra iniciada em 2009 também teve uma série de entraves, principalmente em seu início, já que o terreno continha em seu subsolo um número altamente significativo de rochas (comum naquela região) que pela necessidade de serem implodidas e retiradas, atrasou bastante o andamento da obra.

Quando da nossa demissão, em janeiro deste ano, tínhamos a liberação dos recursos (bastante modestos) pelo MEC, para a compra de móveis e equipamentos. Quando de lá saí, as licitações já estavam em andamento. Curiosamente vieram a terminar em maio passado. 

Isso quer dizer que nos últimos dois anos que lá estive, essa obra era uma das que acompanhei bem de perto e com constantes preocupações, já que atrasou por demais sua conclusão e a prestação de contas com o MEC é bastante minuciosa. 

Muito bem!

Chegou o grande dia da inauguração. Como sempre um ato solene marcou o evento, além das atrações para as crianças (novidade!!!). 

Palanque das autoridades
 A registrar, no ato, algumas coisas pitorescas: a primeira delas e certamente a mais grave foi a não chamada do vice-prefeito Juvenil Cirelli para fazer uso da palavra. Quem lá estava evidente que constatou mais uma vez que o tal "racha" acontecido em janeiro e provocado pelo sr. prefeito está presente de forma contundente para o mesmo. Desprezou-se o fato de nosso vice-prefeito ser uma autoridade. Desprezou-se o fato de parte de suas ações terem propiciado o convênio com o governo federal que deu vida à obra. Mostrou-se para todos e todas que lá estavam que apesar de ser uma autoridade, nosso vice-prefeito JUVENIL CIRELLI é uma "persona non grata" nos meios do sr. prefeito. 

Além disso, um dos oradores (falaram a Fernanda, secretária da educação; Eliano, presidente da Câmara Municipal e o sr. prefeito) teve a grande criatividade de parabenizar o ex-secretário de governo (atual candidato do prefeito) pela sua atuação que contribuiu para que a obra fosse concluída (?????????). 

Outra nota, digna de registro foi o deslize de nosso prefeito: depois de Fernanda em sua fala ter explicado que o prédio era único em Salto, que sua arquitetura é diferente de todos os outros prédios do município, por ser um projeto do MEC, o sr. prefeito disse textualmente: "...bom saber que é um prédio único... agora terei o prazer de entrar nele pela primeira vez....". É.... primeira vez... uma obra que teve seu início em 2009. 

Talvez ele tenha se equivocado. Quero acreditar que sim. Mas é uma fala sintomática em se tratando de educação. Nos sete anos que lá estive a preocupação com as coisas da educação sempre se deram dentro da educação. Outras estruturas da prefeitura voltavam seus olhos para ela quando insistentemente chamadas ou quando problemas graves aconteciam. O dia a dia da educação, desde suas obras até os mais complexos detalhamentos pedagógicos não são conhecidos pela gestão da prefeitura. Ela é importante quando todos os discursos dizem (e hoje ouvi de novo) ser a educação a pasta que "leva mais dinheiro" do orçamento. Pode ser. Mas qual pasta tem 1100 funcionários? 10.000 crianças para cuidar e formar todos os dias? 40 prédios para manter em funcionamento? Isso não é levado em conta.

Por isso que hoje quando temos duas importantíssimas discussões em nosso país: o PNE (Plano Nacional de Educação) e a Lei do Piso dos professores - a maioria dos gestores municipais, estaduais e até federais não querem atender aos anseios mais elementares desse espaço extremamente importante das políticas públicas em todos os cantos. Desafio qualquer vereador, deputado, gestor público que não esteja de alguma forma vinculado à educação a falar um pouco sobre as propostas do PNE. Não conhecem. 

Apesar de aparentemente "estar misturando os assuntos", é emblemática toda inauguração de uma nova escola. Por tudo aquilo que representa e pelo "teatro" que alguns gostam de fazer, procurando trazer para si os louros dessas obras que são coletivas, da população e daqueles e daquelas que a utilizarão. É emblemática pois nos faz refletir nas ameaças de retrocesso que estamos observando nas discussões do PNE. Retrocessos que, se vierem, são justificados por forças de grupos sociais e não pelas necessidades das crianças e jovens a serem formados. 

Eu, Emílio e Tezotto, na inauguração
Enfim... hoje, apesar da alegria de ver mais uma escola sendo inaugurada em Salto e saber que lá também tem um pedacinho de mim, apesar da alegria de rever a equipe maravilhosa da secretaria, apesar da alegria de me reencontrar com professores e trabalhadores da educação que lá estavam, depois de ouvir as falas (com exceção da Fernanda) me pus a refletir no quanto ainda temos que avançar para efetivamente termos políticas públicas de qualidade, no quanto ainda temos que avançar para termos uma educação de qualidade - não qualquer qualidade, mas a que forma cidadãos (não "cidadões", como também ouvi hoje) e cidadãs que venham proporcionar uma sociedade mais justa e mais humana. 

O que nos dá força e alegria é saber que muitos e muitas trabalham por essa mudança. E o que dá mais força ainda é saber que dentro de espaços como o CEMUS XII estarão os nossos seres mais preciosos, pelos quais todas as nossas ações deveriam se voltar: nossas crianças!!!

Aqui nossas crianças serão formadas


Um comentário:

  1. Então...que triste essa atitude do senhor prefeito, muito triste.

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