segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Três Temas de Nossa Terrinha

Nas tais retrospectivas de final de ano, um dos jornais aqui de Salto traz três assuntos bastante interessantes e dignos de reflexões, senão profundas pelo menos necessárias, na minha opinião.

O primeiro deles é sobre o emprego: Salto superou sua marca histórica de criação de novos empregos que era do ano 2007. Naquele ano, a diferença entre demissões e admissões foi positiva para a última em 1095 postos de trabalha. No ano de 2010, que encerramos nesta semana, esse número foi 111%¨maior, ou seja, 2311 novos postos de trabalho criados durante o ano. Nossa População Economicamente Ativa (PEA) que era de 25.692 trabalhadores, pulou para 27.003. Vale lembrar que em 2009, o ano da crise, o número também foi positivo, em 183 novos postos de trabalho. As causas, evidentemente, não são somente locais. Toda a economia brasileira está em ritmo de crescimento. Espera-se que o aumento do PIB nacional ultrapasse a marca dos 7%, ficando atrás somente da China em termos mundiais. Mas a atuação local precisa ser destacada, pois as ações precisam de sintonia para funcionarem. De nada adiantaria termos uma economia nacional em franca expansão, se localmente nada fosse feito. Por conta disso é que merece destaque todas as ações efetivadas pela administração municipal na descoberta e busca de novos empreendedores e na preocupação em criar espaços formativos para inúmeras novas profissões através de cursos profissionalizantes, seja de curta ou de média duração.  Além disso o IFSP (Instituto Federal de SP, Unidade Salto),  os campi universitários aqui existentes e a política de incentivo para os universitários que estudam fora da cidade contribuem e muito com essas ações.

O que me incomoda é ainda verificar críticas que pedem a vinda de "grandes indústrias" para a cidade. Assim, dizem, a criação de novos empregos é mais rápida e maior. Esse tipo de pensamento, pelos meus cálculos, é da década de 70, do século passado, quando ainda tínhamos a implantação de grandes complexos industriais. Isso já acabou faz muito tempo, com a última grande transformação produtiva que na Europa e EUA aconteceu nos anos 80 do século passado, chegando no Brasil no início dos anos 90. Não existem mais mega empreendimentos, até porque a mão de obra é cada vez mais capacitada e as tecnologias mais avançadas. Para se ter uma ideia do que falo, o nosso secretário Daniel, do Desenvolvimento Econômico, mostra isso com números: em 2010 o setor industrial em Salto cresceu 9%, o setor de comércio, 10% e o de serviços, 12,9%. Ou seja, novos investimentos estão vindo para Salto de forma crescente.

O segundo assunto é a segurança e o que vemos ainda é o lamento dos crimes não resolvidos. Continuamos com a impunidade sendo a regra quando se fala em segurança. E a explicação para isso não é tão difícil: enquanto investe-se muito em repressão (mais policiais na rua), perde-se em investigação e inteligência (delegacias fechadas). Evidente que essa equação só pode ter um resultado: impunidade, pois o aspecto investigativo e de inteligência, que podem desvendar as formas e as causas dos crimes são preteridos para uma política repressiva (chamada de preventiva) que em muitas vezes acaba também cometendo delitos pela sua própria força excessiva. Entraremos em um novo governo estadual que ao meu ver tem uma diferença em relação ao último: as pessoas são outras. Entretanto a matriz ideológica é a mesma. Não nos esqueçamos de quem era governador quando tivemos aquela série de ataques a policiais em SP. Ou seja, quero ser otimista e acreditar que as coisas irão melhorar, mas os fatos não colaboram muito com isso.

O terceiro assunto é a questão do trânsito na cidade. E o primeiro dado é muito preocupante: a frota de veículos devera ultrapassar a casa dos 50 mil em 2011. Já temos 47.918 registrados e uma média de 300 novos veículos são registrados mensalmente. Chegamos muito perto da casa de um veículo para cada duas pessoas moradoras da cidade. A preocupação nesse campo caminha para várias direções: os espaços públicos não são criados na mesma velocidade, a formação de nossos condutores é muito inadequada para essa realidade, a cultura brasileira de posse e poder quando sentado em um volante, as divergências locais quando se fala em mudanças necessárias para amenizar o problema.

Para 2011 teremos um programa batizado de "Trânsito Seguro", que trabalhará em três frentes: educação, engenharia de trânsito e fiscalização. Várias alternativas já se desenham para o próximo ano, como  a implantação de radares, as lombofaixas, as mudanças de estacionamento no centro da cidade, e um novo desafio: a educação permanente a partir dos primeiros anos de vida. Creio que todas são necessárias e urgentes. Acho que (na minha modesta opinião de observador e nada mais) ainda falta se pensar no incentivo ao transporte público. E quando falamos em transporte público talvez se pensar outras alternativas além do ônibus. Inúmeras vezes meu filho (que mora na França) já me falou dos pontos públicos de bicicletas existentes por lá. Pontos públicos, bicicletas públicas. Estamos prestes a inaugurar uma ciclovia..... quem sabe!!!

Enfim, a questão do trânsito certamente exigirá muito estudo, prevenção, educação e ação em 2011. Disso não tenho dúvida.

Três grandes assuntos que estão em pauta em nossa cidade. Três grandes assuntos que podem ajudar a construir uma bela cidade, dependendo de como nos comportamos diante deles. Mas de uma coisa tenho certeza: mais um ano se encerra e nossa querida Salto avança a passos largos para uma cidade cada vez mais humana e bela.

Um comentário:

  1. Meu amigo Sérgio Merces me atentou para o fato de que os dados do jornal que utilizei para este post tem alguns equivocos: a PEA não é a soma dos postos de trabalho com carteira assinada, como ali está definido. 27.000 é o número de trabalhadores na ativa. População Economicamente Ativa é aquela que, teoricamente já está apta ao trabalho. Os próximos dados do IBGE, segundo Sérgio, deverão indicar algo em torno de 60.000 na cidade. Na questão do crescimento econômico também o jornal faz confusão entre crescimento econômico e crescimento do emprego, também segundo o Sérgio. Neste caso fico no aguardo dos números corretos para lhes informar. De qualquer forma, os números são muito positivos.

    ResponderExcluir