segunda-feira, 4 de outubro de 2010

SALTO E O 1º TURNO DAS ELEIÇÕES 2010

Um dia depois do 1º turno das eleições deste ano, muitas análises já estão à disposição de todos e todas, inclusive neste blog.

Gostaria modestamente de tecer alguns comentários sobre como elas aconteceram em nossa cidade.

Em se tratando de PT, apesar de não termos conquistado a oportunidade de disputar o 2º turno no estado, por aqui os números foram muito bons. Na disputa ao governo, enquanto no geral Mercadante teve 35,23% dos votos, em Salto ele alcançou 40,52%, contra 45,55% do tucano. Também na disputa presidencial, Dilma levou bela vantagem sobre o tucano, ficando para a candidata verde a maior surpresa. Dilma em Salto obteve 42,38%; o tucano 35,42% e a candidata verde, 21,03%.

Por aqui, apesar de uma diferença ínfima, Netinho suplantou Marta, ficando com 23,56% dos votos e Marta, 23,38%. Já o tucano obteve 28,26%.

Nas disputas proporcionais, dos candidatos apoiados em Salto, somente Iara Bernardi e Durval Orlato ficaram de fora. Arlindo Chinaglia teve 4.624 votos, Hamilton Pereira, 4.373, Ana Perugini, 259 votos, Enio Tatto, 498 e Marcos Martins, 191. Grana, metalúrgico, candidato a deputado estadual eleito, teve em Salto 188 votos. Gabriel Bittencourt, do PCdoB, teve em Salto 419 votos, mas também não conseguiu ser eleito – teve 18.621 no total.

O fenômeno Tiririca teve em Salto 2.371. Entendam “fenômeno” como quiserem.

Os candidatos de Salto que mais se destacaram foram: na esfera federal, Dr. Ângelo, com 13.727, de um total de 16.815. Não foi eleito. Na estadual, Luiz Bueno, com 1.394, também não eleito.

Os candidatos apoiados pelo prefeito Geraldo tiveram bom desempenho em Salto e conseguiram se eleger. Aline Correia, do PP, teve em Salto 17.308 votos de um total de 78.317. O mais interessante aqui é que o PP em São Paulo até agora fez somente dois deputados federais e a deputada foi a segunda colocada. Rogério Nogueira teve 23.153 votos em Salto de um total de 86.985, sendo o penúltimo deputado estadual eleito pelo PDT.

A CAMPANHA

Como participante de mais uma campanha eleitoral, não posso deixar de destacar um fenômeno que parece crescer a cada eleição: a personificação do voto nas candidaturas legislativas, sem o comprometimento com os majoritários. Os dois candidatos mais votados em Salto faziam parte na esfera federal de partidos coligados com a candidata Dilma. O candidato a deputado estadual, do PDT, em São Paulo fazia parte da coligação que apoiava Mercadante. A candidata do PP em São Paulo tinha candidatura própria: Russomanno.

Entretanto durante toda a campanha uma vírgula sequer foi falada sobre isso. Nenhum material destacava os majoritários. Nenhuma propaganda volante falava dos majoritários. Oras, a pergunta ingênua e despretensiosa: por que se coligam então?

Ai fazemos algumas continhas subjetivas: se mesmo assim Mercadante teve em Salto 40,52% dos votos, será que se respeitassem os majoritários – não só em Salto, evidente – não teríamos outro cenário no estado? A mesma continha subjetiva pode ser feita para a candidatura de Dilma.

Aparentemente em Salto o foco da personificação frente a projetos mais amplos que pensem o estado e o país é crescente e vem de lideranças com forte influência no eleitorado que, por consequência passa a ter o comportamento de votar na pessoa e não no que ela representa.

Sei que isso não é novidade alguma, mas observar novas lideranças caminharem na mesma direção é desalentador.

Ou então talvez o erro esteja na forma com que encaro a política: projetos coletivos que buscam a gestão de políticas públicas. Talvez o erro esteja em pensar que os coletivos podem sobreviver sem personificações destacadas. Talvez imaginar que Dilma e o candidato tucano representam projetos de Brasil muito distintos e defendidos por grandes coletivos, esteja errado. Talvez imaginar que Mercadante e o candidato eleito tucano, signifiquem opções claras e diversas de pensar o estado de São Paulo, por coletivos distintos, seja um equivoco meu. Talvez... Mas para mim a política não tem sentido se não for assim.

Uma das leituras que ouso fazer a respeito da votação do Tiririca é exatamente essa: personifica-se tanto o voto que as pessoas se cansam de serem contrariadas, enganadas, usurpadas por indivíduos. E o voto de protesto se manifesta. A reforma política é urgente em nosso país. E se tiver fôlego e espaço, defenderei a ideia do voto no partido, no projeto para a cidade, o estado e o país. As pessoas precisam ser trabalhadoras dos projetos definidos por parte da sociedade (partido) e não o inverso: o partido e a sociedade sujeitarem-se às estrelas que alguns políticos se transformam.

Nesta eleição, em Salto, minha forma de pensar não foi completamente derrotada porque os candidatos e candidatas do PT caminharam bem, defendendo sempre seus majoritários. Mas pesa verificar que os proporcionais mais votados tiveram uma campanha individualista, e ainda por cima incentivada por várias lideranças locais.

A verificar como se comportarão essas mesmas lideranças agora no 2º turno das eleições presidenciais, já que para o nosso estado perdemos a chance disso. Isso porque as coligações continuam e devem ser ampliadas para o novo embate. 

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