Por Roberto Kodama
Gostaria de comentar que em nível federal, no anteprojeto de Lei Orgânica da Administração Pública, (http://www.gespublica.gov.br/anteprojeto-de-lei-organica) procura-se isentar a área jurídica da responsabilidade pelo seu trabalho (?!):
"Art. 54. Os órgãos de consultoria jurídica da administração, independentemente de sua função de assessoria, devem, no exercício do controle prévio de legalidade, prestar orientação jurídica quanto à adoção de medidas aptas a permitir a efetividade da ação administrativa, em conformidade com os preceitos legais.
§ 1º Os agentes dos órgãos a que se refere o caput deste artigo não são passíveis de responsabilização por suas opiniões técnicas, ressalvada a hipótese de dolo ou erro grosseiro, em parecer obrigatório e vinculante para a autoridade a quem competir a decisão.
§ 2º Não se considera erro grosseiro a adoção de opinião sustentada em interpretação razoável, em jurisprudência ou em doutrina, ainda que não pacificada, mesmo que não venha a ser posteriormente aceita, no caso, por órgãos de supervisão e controle, inclusive judicial."
Já pensaram se este Anteprojeto for levado à frente? Preocupa-me que foi uma iniciativa do Ministério do Planejamento sob a gestão do Paulo Bernardo, hoje Ministro da Comunicação do Governo Dilma.
Por Gustavo Zottich
Nassif,
Um ponto importante, fora do contexto nacionalizado, ou melhor, federalizado dos problemas de desvio de dinheiro público, reside num fato simples, aparentemente sem muita importância. O fato de lidar com interesses de uma categoria profissional municipal, lhe tira o brilho devido. São os procuradores e/ou advogados municipais.
Responsáveis pela defesa juridica e administrativa do ente, também aplicam seus conheceimentos em contratos de compra e venda, alienações e emprestimos, licitações e contratações diversas, dentre outras situações onde são empregados rios de dinheiro público.
Ocorre que na maioria absoluta dos municípios, tais cargos - pertencentes exclusivamente a servidores de carreira devidamente aprovados em concurso público - são em comissão, preenchidos por amigos, parentes ou correligionários do prefeito. Essa característica de nomeação, retira do proffissional a autonomia e imparcialidade exigidas para o bom desempenho da função pública.
A ausência no texto constitucional serve de suporte para essas contratações, embora nitidamente contrárias a vontade do legislador constituinte.
Sendo esse servidor amigo ou parente do prefeito, como pode ele negar provimento a determinado procedimento; notificar o MP acerca de irregularidades; não aprovar contratações ou contratos; identificar erros na destinação de recursos federais estaduais e do próprio município? Não há como!
Existe uma necessidade de regulamentar o exercício dessa função e ela é urgente.
Não dá pra imaginar de um estado sendo exercida por profissional ocupante de cargo político. Não haveria defesa e sim acordo.
Por Barbosinha
Sendo esse servidor amigo ou parente do prefeito, como pode ele negar provimento a determinado procedimento; notificar o MP acerca de irregularidades; não aprovar contratações ou contratos; identificar erros na destinação de recursos federais estaduais e do próprio município? Não há como!
Existe uma necessidade de regulamentar o exercício dessa função e ela é urgente.
Não dá pra imaginar de um estado sendo exercida por profissional ocupante de cargo político. Não haveria defesa e sim acordo.
Por Barbosinha
Só acho que o autor do texto isentou de responsabilidade, espero que por ignorar a realidade, os procuradores concursados. Quem pertence ao meio jurídico sabe que essa classe não está nem aí para o interesse público, salvo exceções. Observem qual a realidade de grande parte daqueles que compõem, ainda que concursados, as procuradorias municipais. Muitos têm escritório particular, ou seja, não estão nem um pouco preocupados com o serviço público. Este, no fim das contas, só serve para lhe garantir influência, dinheiro certo no final do mês e prestígio. Além do que, em alguns municípios, eles têm direito a percepção de honorários sucumbenciais. E o que isso acarreta? Uma total preferência pelas chamadas "execuções fiscais", pois as demais demandas não implicam, em alguns casos, ganhos financeiros. Elas, portanto, ficam a cargo de estagiários, o que acaba, em muitas ocasiões, prejudicando a sociedade. E isso vai acontecer com a União, caso aprovem o pleito de procuradores e advogados federais. Será uma corrida ao ouro. O concursado não visará mais servir a sociedade.
E estará, isso sim, em passar para ter, eternamente, o maior e melhor cliente do mundo: o Estado.
E estará, isso sim, em passar para ter, eternamente, o maior e melhor cliente do mundo: o Estado.
Por Marcotog
Pera lá.
Há diferenças entre Procuradores de carreira de advogados/escritórios contratados pelo Município. Os procuradores atuam rotineiramente no interesse do município. Entretanto, há casos específicos em que se admite a contratação de um profissional especializado para patrocínio de uma causa ou elaboração de um parecer. A Lei de licitações admite tais hipóteses. Entretanto, se o Prefeito se utiliza da previsão legal de dispensa de licitação para "ajudar" amigos, o Ministério Público está (ou deveria) aí para isso.
Agora, procurador municipal sem concurso não conheço nenhum. Os municípios que conheço, aliás, exigem o Procurador Geral seja escolhido dentre os de carreira. Diferente, portanto, do Procurador Geral do Estado que costuma ser de livre nomeação do governador.
No mais, acho que o Barbosinha aí em cima tocou no ponto.
A maioria dos procuradores municipais não se dedicam exclusivamente ao Município (salvo engano, atualmente, só SP exige exclusividade), mesmo porque na maioria esmagadora dos municípios o salário pago é uma mixaria. Nem a verba sucumbencial salva. Quem tem vida mansa mansa é procurador do estado e principalmente da União, que recebem salários muito maiores.
No mais é bem isso aí. Conheço vários. A grande maioria pouco se importa com o trabalho. Empurra com a barriga, larga - normalmente o que tem de pesquisar e exige um pouco mais de trabalho - quase tudo na mão de estagiários. Afinal, se fizer uma c@g*d@ é quase certeza que não terá de dar explicações a ninguém mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário