quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Efeito Dominó Continua

Os ditadores do Oriente Médio estão "de cabelos em pé".....

Do Correio do Brasil

Partidários do governo munidos de paus e adagas entraram em confronto nesta quarta-feira com manifestantes de oposição na capital do Iêmen, e a polícia não foi capaz de apartar os dois lados. Inspirados nas recentes rebeliões do Egito e Tunísia, manifestantes se reuniram na Universidade de Sanaa para exigir a renúncia do presidente Ali Abdullah Saleh, um aliado dos EUA no combate à Al Qaeda, que está no poder há mais de 30 anos. Centenas de partidários de Saleh atacaram os manifestantes, que fugiram rapidamente. Um estudante ficou ferido, segundo um repórter da agência inglesa de notícias Reuters.

Depois, centenas de alunos surgiram de dentro da universidade para tentar reiniciar o protesto. A polícia os trancou dentro do campus. Pelos portões, eles atiraram pedras nos partidários do governo.

– Vamos continuar protestando até que o regime caia. Não temos futuro sob as atuais condições – disse o universitário Murad Mohammed.

Dos 23 milhões de iemenitas, 40% vivem com menos de US$ 2 por dia, e um terço passa fome cronicamente. Os protestos recentes têm sido menores que em semanas anteriores, quando dezenas de milhares de manifestantes foram às ruas. Mas eles estão tendo um início mais espontâneo, e ocorrendo de modo mais violento e estridente. Além de enfrentar a atividade da Al Qaeda, o Iêmen combate também rebeliões no norte e no sul do país, e está à beira de se tornar um “Estado falido”. Diante dos recentes protestos, Saleh prometeu deixar o poder em 2013 e propôs diálogo com a oposição. Os partidos de oposição aceitaram as negociações, mas muitos jovens manifestantes estão frustrados.

– Queremos mudança e queremos fazer a mudança do jeito que os egípcios e tunisianos fizeram – disse o universitário Meshaal Sultan.

Num sinal da crescente preocupação do governo com os protestos, Saleh cancelou no domingo uma viagem que faria neste mês a Washington. Num país onde metade da população possui armas, muitos acham que a revolta pode se tornar mais prolongada e violenta do que na Tunísia e no Egito.

– É uma escalada, mas este país está armado até os dentes. Quando as pessoas ficam fartas, elas recorrem aos pedaços de pau. O próximo passo é provavelmente os coquetéis molotov, e então, as armas. Estamos chegando perto de um ponto de inflexão – disse Theodore Karasik, analista de segurança do grupo Inegma, de Dubai.

Na Líbia

Centenas de pessoas revoltadas com a prisão de um ativista pró-direitos humanos entraram em choque com a polícia e partidários do governo da Líbia, na cidade de Bengasi, no leste do país, segundo relatos de uma testemunha e da mídia local. O tumulto na terça-feira à noite foi um acontecimento raro na Líbia, que está há mais de 40 anos sob forte controle do líder Muammar Gaddafi. O país tem sentido os efeitos das revoltas populares no Egito e na Tunísia. A TV estatal líbia informou que nesta quarta-feira estão ocorrendo em todo o país manifestações de apoio a Gaddafi, o líder há mais tempo no poder na África.

Relatos dos acontecimentos em Bengasi, situada cerca de mil quilômetros a leste de Trípoli, a capital, indicam que a cidade voltou à calma, mas que nos protestos à noite manifestantes armados com pedras e coquetéis molotov incendiaram carros e entraram em confronto com a polícia. A edição online do jornal líbio Quryna, de propriedade particular e com sede em Bengasi, informou que 14 pessoas ficaram feridas sem gravidade nos confrontos, incluindo dez policiais.

– A noite passada foi uma noite ruim. Houve cerca de 500 ou 600 pessoas envolvidas. Eles foram até os comitês revolucionários (QGs do governo local) no bairro de Sabri e tentaram seguir até o comitê revolucionário central. Atiraram pedras, mas agora tudo está calmo – disse ao jornalista um morador que não quis se identificar.

A população de Bengasi tem um histórico de resistência em relação ao regime de Gaddafi. Muitos de seus maiores opositores vivem no exílio. Boa parte dos detidos por integrarem grupos islâmicos banidos tem origem em Bengasi. Segundo informações vindas de Bengasi, os tumultos começaram depois da prisão de um homem chamado Fethi Tarbel, ativista em defesa dos direitos humanos que trabalha com famílias de presos.


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