segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Notícias da Libia

Primeiro, a prepotência do ditador Líbio. Depois uma posição internacional sobre julgamento de Khadafi e por fim uma pergunta: por que retaliações só com a Líbia? E os outros que tem a única diferença de serem apoiados pelos EUA?

Da Rede Brasil Atual

São Paulo - As forças oposicionistas a Muammar Kadhafi na Líbia obtiveram novos avanços no controle de áreas no país, tanto a leste quanto a oeste de Trípoli. O ditador, porém, dá sinais de que se recusa a reconhecer os protestos nas ruas da capital.

Segundo o jornalista Christiane Amanpour, da rede ABC, Khadafi teria dito: "Todo o meu povo me ama. Eles morrerão para me proteger". A informação foi apresentada pelo norte-americano pelo Twitter após uma entrevista com o líder líbio nesta segunda-feira (28).

"Estou surpreso que tenhamos uma aliança com o Ocidente para combater a Al Qaeda, e agora que estamos lutando contra terroristas, eles nos abandonaram", disse Khadafi ao jornalista da ABC. "Talvez eles queiram ocupar a Líbia".

Na semana passada, o líder de 68 anos – 41 deles no poder – prometeu lutar até a morte, mas um porta-voz estabeleceu um tom conciliador nesta segunda-feira (28). As forças governistas tentam, há dias, conter a revolta que conquistou boa parte dos militares, pôs fim ao seu controle no leste da Líbia e rechaça os ataques do governo em cidades do oeste do país perto de Trípoli.

Khadafi chamou o presidente dos EUA, Barack Obama, de "bom homem", mas afirmou que ele parecia estar informado de maneira errada sobre a situação na Líbia. "A América (EUA) não é a polícia internacional do mundo", acrescentou.

Petróleo

A União Europeia (UE) afirmou, nesta segunda, ter informações de que Khadafi não controla a maioria dos campos de petróleo e de gás do país. O comissário europeu para a Energia, Guenther Oettinger, disse, em Bruxelas, na Bélgica, que essas áreas estadiam nas mãos de clãs regionais ou de líderes locais.

“Temos todas as razões para acreditar que os grandes campos de exploração (de gás e de petróleo) não estão mais nas mãos de Khadafi, mas, sim, sob o controle de tribos e de forças provisórias que assumiram o poder”, disse Oettinger.

Em seguida, o representante europeu para a área de energia acrescentou que: “Decidimos não impor um bloqueio para não penalizar as pessoas que não estão atingidas pelas sanções”. Na Líbia, segundo Oettinger, “a produção (petrolífera) sofreu uma paralisação, mas as explorações deverão ser retomadas”.

De acordo com a União Europeia, o gás líbio representa menos de 3% do volume total do mercado do bloco e a venda de petróleo é de cerca de 10%. A Líbia é o nono maior exportador entre os 12 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e um dos quatro principais produtores de petróleo da África.

Com informações da Agência Brasil e Reuters

Brasília – O presidente da Líbia, Muammar Khadafi, será julgado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda. A pedido do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), ele será julgado por crimes contra a humanidade e de guerra e acusações de violações aos direitos humanos. Paralelamente, representantes dos Estados Unidos e de vários países europeus se reúnem nesta segunda-feira (28), em Genebra (Suíça) para examinar a adoção de mais sanções à Líbia.

As informações são do Departamento de Estado norte-americano e também das Nações Unidas. Há denúncias de que pessoas foram enterradas vivas na Líbia, durante os protestos, e bombardeios atingiram as cidades de Trípoli, capital líbia, e Benghazi.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou que os integrantes do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas vão analisar nesta segunda-feira alternativas para ampliar as sanções à Líbia. Hillary negou as acusações de que os Estados Unidos estimulam as manifestações que ocorrem não só na Líbia, mas em outros países muçulmanos.

“Essa mudança que está varrendo toda a região é proveniente de dentro das sociedades, não está vindo de fora. Mas cada país é diferente e cada um deve lidar com as exigências de seu próprio povo e buscar caminhos que conduzam à mudança”, disse a secretária de Estado.

No último sábado (26), o Conselho de Segurança determinou que as autoridades líbias cooperem com o TPI nas suas investigações sobre a crise que atinge a Líbia desde 15 de fevereiro. Porém, o país não é signatário do Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional. Na resolução, o órgão condenou o que ocorre na Líbia. "É um ataque generalizado e sistemático em curso na Líbia contra a população civil que pode constituir crimes contra a humanidade."

Efetivamente, o tribunal passou a atuar em 1996. O órgão foi criado com o objetivo de julgar indivíduos e não os Estados – o que é uma tarefa do Tribunal Internacional de Justiça. São levadas ao Tribunal Penal Internacional as denúncias como de genocídios, crimes de guerra e contra a humanidade.

Já foram indiciados 78 suspeitos, dos quais a maioria é sérvia, croata e árabe. Foram condenados o croata-bósnio Drazen Erdemovic e o sérvio-bósnio Dusan Tadic, além do do líder nacionalista sérvio-bósnio Radovan Karadzic.


A utilização - e manipulação - dos direitos humanos por parte do governo dos Estados Unidos para atender seus interesses políticos, econômicos e sociais é um fato comprovado e não pode ser simplesmente desconhecido no caso líbio. Até porque o que assistimos na Líbia é a uma guerra civil, com as Forças Armadas divididas.

Lá, e em qualquer parte do mundo, a não ser para fazer luta política, os EUA são indiferentes aos direitos humanos. Na Líbia, só lhes interessa um governo amigo e pró-ocidente, de preferência anti-palestino.

No nosso caso (Brasil), o que se coloca é: além da condenação de toda e qualquer repressão e violação dos direitos humanos, qual é o nosso interesse nesta história? Já que não vamos intervir nos assuntos internos da Líbia, só nos restam os organismos internacionais, fechar com algumas de suas posições.

Eles agora estão obrigados a tratar da mesma forma todos os outros Estados árabes em crise - em muitos aspectos, muito parecida - com rebeliões deflagradas há mais tempo, começando pelo Bahrein e Iêmen, depois Argélia, Jordânia e Marrocos.

Ou será que somente a Líbia vai merecer o tratamento defendido pelos EUA?
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário