domingo, 16 de maio de 2010

As Trapalhadas em Salto

Na quinta-feira um caso inédito aconteceu exatamente em Salto. Em uma de nossas delegacias, uma comerciante que foi reclamar de clonagem em seu cartão bancário, foi assaltada em mais de treze mil reais dentro da delegacia, sob os olhares dos que lá trabalham pela nossa segurança.

O caso virou notícia nacional. Até meu filho, que mora na França, questionou-me, assustado, sobre o fato.

Não bastasse o fato inédito, no dia seguinte, Salto foi ocupada por mais de cem policiais a caça do tal assaltante. No sábado, andando pelas ruas, trombávamos com viaturas policiais em comboios atrás do meliante (como eles simpaticamente dizem).

Ai fica a pergunta: qual dos dois fatos é mais pitoresco ou dantesco? Ser assaltado em uma delegacia ou ver sua cidade congestionada de policiais por conta do primeiro? Na verdade a primeira conclusão que se chega é: precisa-se desestabilizar o brio da corporação para que a ação seja contundente.

Aqui em Salto já tivemos isso quando armamentos sumiram do quartel de Itu e o mesmo ocupou por alguns dias um dos nossos bairros sob a alegação de que os surrupiadores moravam lá. O estado também teve algo parecido quando o PCC agiu de forma mais incisiva. E agora, em Salto, a polícia resolve mostrar serviços depois de ser envergonhada por um batedor de carteiras.

Que modelo de segurança é esse? Há muito tempo que ouvimos em Salto os reclamos da falta de pessoal na polícia civil. Todas as semanas esse assunto, de uma forma ou de outra, é tratado na imprensa local. E os únicos poucos que temos não conseguem proteger uma cidadã que foi justamente pedir proteção. Não vou sequer comentar a alegação dada por aqueles que lá estavam e nada fizeram, porque não é digna sequer de respeito, quiça de ser ouvida por alguém.

Que modelo de segurança é esse que depois da vergonha que faz uma cidade toda passar, agita-se como verdadeiros "rambos" para tapar com uma pseudo eficácia a ineficácia escancarada?

Não quero partidarizar a conversa, mas esse modelo tem mais de vinte anos de prática em nosso estado e seus resultados nos assustam cada vez mais.

Não quero individualizar a conversa, mas uma pergunta que como cidadão sempre faço é: como ficam os outros assaltos e roubos? No domingo de páscoa minha casa foi violada por sei lá quem. O BO feito na mesma delegacia que nos fez passar vergonha, diante da simples pergunta: "e agora, o que faço?", teve uma resposta assustadora: "o sr. aguarda... se descobrirmos algo, comunicamos...". E um detalhe: a resposta dada por uma estagiária mantida pela prefeitura...

Pobre estagiária! Será que ela estava lá no dia que viramos manchete nacional? Essa é uma outra questão que o estado não responde: muito da estrutura das delegacias são concessões do poder municipal. Até pessoal. Pessoal que não é treinado, mas que vive diariamente todas as tensões intrinsecas a uma delegacia.

E os que são treinados nos brindam com a resposta que virou chacota nacional: "achamos que era briga de marido e mulher". (!?!?!?!?!?!???????).

Nesse momento talvez já esteja preso o ousado batedor de carteiras. Mas esse fato só serviu para uma coisa: efetivamente em São Paulo não temos segurança pública eficaz.

Quem acredita, reze.... reze muito.....

Um comentário:

  1. Pois, é, meu caro amigo... Sua casa foi assaltada num domingo de Páscoa. Lembra-se da minha que foi alvo de 6 tiros numa madrugada? Só pra quem não sabe, as viaturas da PM ficaram até o meio dia em frente de casa para "resguardar o local", enquanto a Polícia Científica não chegava. Após a "verificação" do ocorrido, TODOS foram embora e até hoje só pudemos contar com os grandes amigos que nos acolheram em todos os sentidos naquela ocasião...
    Detalhe:meu marido é oficial da pm...
    Quanto aos funcionários e estagiários cedidos pela Prefeitura, talvez seja o momento de repensar suas permanências e exigir deste Estado uma atitude digna de quem é responsável pela Segurança Pública.
    E vamos continuar rezando...
    Beijos
    Jussara

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