Este será o primeiro julgamento internacional contra o Estado brasileiro  no caso conhecido como “Guerrilha do Araguaia”, que resultou no  desaparecimento de 70 pessoas envolvidas no movimento de resistência à  ditadura durante operações das Forças Armadas brasileiras entre 1972 e  1975.
Entidades e movimentos de defesa dos direitos humanos  realizam quarta feira, em São Paulo, um ato público “pelo fim da  impunidade” organizado por organizações como o Centro pela Justiça e o  Direito Internacional (Cejil), o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de  Janeiro e a Comissão Especial de Familiares de Mortos e Desaparecidos  Políticos de São Paulo que, desde 1995, apresentam denúncias aos órgãos  de proteção da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Segundo  um comunicado divulgado por estas entidades, o caso conhecido como  ‘Guerrilha do Araguaia’ diz respeito à “detenção arbitrária, tortura,  execuções sumárias e desaparecimento forçado de pelo menos 70 pessoas  (…) com o objetivo de destruir um movimento de resistência à ditadura”.
Apesar  das iniciativas de familiares e organizações de direitos humanos  perante a Justiça brasileira, prossegue a nota, “durante mais de 30 anos  o Estado negou-se a entregar informações acerca do paradeiro dos  desaparecidos ou a iniciar uma investigação criminal séria que  esclarecesse os fatos e determinasse responsabilidades”.
O  Tribunal Interamericano analisará a Lei de Anistia (promulgada em 1979  pelo Governo Militar brasileiro), por ser considerada pelas vítimas como  “o principal obstáculo à investigação, ao esclarecimento dos fatos e ao  julgamento de graves violações aos direitos humanos e crimes de  lesa-humanidade cometidos durante o regime militar brasileiro”.
As  entidades e organizações de direitos humanos afirmam ainda “esperar que  o tribunal emita uma sentença contra o Brasil na qual estabeleça a  responsabilidade internacional do Estado brasileiro pelas violações aos  direitos humanos das vítimas e que se pronuncie acerca da  incompatibilidade da Lei de Amnistia com a Convenção Americana sobre  Direitos Humanos”.
O Tribunal Interamericano de Direitos Humanos  da OEA não pronunciará uma sentença de imediato. Até 21 de junho, as  partes poderão apresentar as suas alegações por escrito e,  posteriormente, o órgão deliberará sobre a sentença, processo que poderá  levar alguns meses para ser concluído.
 
 
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