sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Alckmin e as Doações Ocultas

Brasília Confidencial No 385

Quem confere a lista das receitas da campanha eleitoral do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), fica impressionado com um fato: existe apenas um doador declarado, o Banco Itaú, que contribuiu com R$ 1 milhão. O restante dos R$ 34,2 milhões investidos pela campanha tucana – segundo foi declarado à Justiça Eleitoral -- correspondem às chamadas “doações ocultas”, nas quais as empresas doam dinheiro para os comitês que o repassam para o candidato.

A doação do Itaú foi realizada no dia 5 de agosto de 2010 e é equivalente ao que foi pago na produção de todos os programas de rádio e televisão de Alckmin.

Fraude no metrô

Praticamente todos os partidos, porém, recorrem às doações ocultas por conta de uma brecha na legislação eleitoral. Entre os governadores eleitos em 2010, Siqueira Campos (PSDB-TO) recebeu 98% de suas doações através de partidos ou comitês. Algo semelhante ocorreu com Raimundo Colombo (DEM-SC), que teve 92% de contribuições “ocultas” e Roseana Sarney (PMDB-MA) que registrou 87% na mesma modalidade.

No entanto, a quantidade de doações via comitê para a campanha tucana ao Palácio dos Bandeirantes expõe uma situação delicada: R$ 5,8 milhões tem sua origem em empresas suspeitas de fraudar licitações da Linha 5 (Lilás) do metrô paulistano. É o que se constata na prestação de contas divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A construtora Camargo Corrêa, participante do consórcio vencedor do lote 3, encaminhou R$ 2,5 milhões ao comitê de Alckmin. Mendes Junior (R$ 1,2 milhão), OAS (R$ 1 milhão), Andrade Gutierrez (R$ 500 mil), Carioca (R$ 400 mil) e Triunfo (R$ 215 mil) completam a lista. Na lista de construtoras que repassaram dinheiro diretamente ao PSDB-SP estão também as vencedoras do lote 2 da linha 5 do metrô: Serveng e Galvão Engenharia.

Licitação suspensa - Quando a Folha de S. Paulo revelou que os vencedores da licitação de cinco lotes do metrô já eram conhecidos seis meses antes da data marcada, o governo teve que suspender temporariamente as obras da Linha 5. O resultado da licitação só foi divulgado no fim de outubro de 2010. Entretanto, o diário paulista já havia registrado o nome dos ganhadores em vídeo e em cartório em abril de 2010. O Ministério Público Estadual investiga irregularidades nos contratos do Metrô de São Paulo desde 2008, quando surgiu a suspeita de que a multinacional Alstom teria pago propina a altos funcionários.

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