segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Reação à Política Monetária dos EUA

Do Luis Nassif

Por Roberto São Paulo-SP 2010

Cresce reação contra política monetária americana 
Jeremy Page e Patrick McGroarty, The Wall Street Journal, de Pequim e Berlim(Colaboraram Jacob Bunge, em Chicago, e Tom Barley, de Jacksonville, Flórida)
PORTUGUESE/NOVEMBER 7, 2010, 7:11 P.M. ET

http://online.wsj.com/article/SB128917491711954631.html?mod=WSJP_inicio_...

A reação mundial contra a decisão do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, de injetar mais US$ 600 bilhões na economia americana ganhou força sexta-feira, com autoridades da Ásia e Europa prometendo discutir a medida na reunião do G-20 esta semana.
 
O ministro da Fazenda da Alemanha, Wolfgang Schäuble, criticou o plano do Fed de comprar mais títulos, argumentando que ele mina os esforços para equilibrar o mercado cambial.

As declarações de Schäuble ocorreram no fim de uma semana em que o euro chegou a bater em US$ 1,4281 — o nível mais alto desde 20 de janeiro. A moeda comum europeia já se valorizou 15% frente ao dólar desde o fim de junho.

"O que os EUA acusam a China de fazer, eles estão fazendo por meios diferentes", disse ele........
.......O governo americano tem pressionado o chinês a deixar que sua moeda, o yuan, se valorize mais rapidamente, argumentando que a política monetária da China está prejudicando a indústria e criando desemprego em outros países. Mês passado, o Departamento do Tesouro dos EUA adotou uma postura mais branda contra Pequim, optando por adiar a divulgação de um relatório que define se a China e outros países estão "manipulando" suas moedas.

O Tesouro americano afirmou que o yuan já subiu mais de 1% por mês desde 2 de setembro, um ritmo que, "se for sustentado (...), vai ajudar a corrigir" o que os EUA consideram ser uma moeda artificialmente desvalorizada.

A própria China emitiu um julgamento ambíguo sobre a decisão divulgada pelo Fed na quarta-feira, de iniciar uma nova rodada de compras de ativos — uma tática conhecida como "afrouxamento quantitativo" — numa tentativa de impulsionar a demanda e manter os juros baixos.

"Muitos países temem o impacto dessa política sobre suas economias", disse numa coletiva em Pequim o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Cui Tiankai, o principal negociador do país no G-20. Os líderes do grupo de 20 países industrializados e em desenvolvimento vai se reunir em Seul esta semana.
"Seria apropriado que alguém tomasse a frente e nos desse uma explicação, ou a confiança internacional na recuperação e crescimento da economia mundial pode ser prejudicada", disse Cui. Ele acrescentou que os EUA "nos devem algum tipo de explicação".

Mas, em outro evento na sexta-feira, o presidente do banco central da China, Zhou Xiaochuan, disse que já se comunica regularmente com o Fed e é simpático ao curso que ele está adotando. "Podemos entender muitos dos argumentos deles", disse ele.

Zhou disse que, embora esteja preocupado com o efeito das novas políticas sobre os outros países, sabe que "o Federal Reserve é responsável pela economia americana".

Na sexta-feira, o presidente do Fed, Ben Bernanke, defendeu a nova rodada de estímulo e enfatizou que a saúde da economia americana é crucial para a recuperação mundial. Ele também sugeriu que a estratégia dará mais suporte ao dólar no longo prazo.

Bernanke acrescentou: "Certamente sabemos que o dólar tem um papel especial na economia mundial, nos mercados financeiros internacionais e no sistema financeiro internacional".

Vários outros países já expressaram preocupação de que a decisão do Fed possa valorizar ainda mais suas moedas e causar inflação em certos ativos.

O presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, criticou a decisão do Fed, afirmando que as medidas exóticas dos EUA para aumentar a liquidez de seu mercado de crédito podem ter como efeito colateral a criação de bolhas perigosas em países como o Brasil.

A medida do Fed também preocupa outras economias importantes, disse Meirelles, porque países como o Brasil continuarão em crescimento e com uma demanda "robusta". A liquidez extra injetada no sistema pelo Fed pode causar "desequilíbrios", disse ele.

"Muitos países" têm a mesma opinião do Brasil sobre essa questão, disse Meirelles, algo que pode facilitar um acordo na reunião da semana que vem em Seul.
Meirelles disse que há sinais de alguns membros do G20 de que é possível chegar a um acordo sobre a questão.

Schäuble, da Alemanha, rotulou como inaceitável a proposta de criar cotas de exportação para mitigar os desequilíbrios comerciais, como foi sugerido pelos EUA e outros países na reunião de ministros da Fazenda do G20 na Coreia do Sul no fim de outubro.

O ministro da Fazenda alemão disse também que os países europeus devem adotar posições em comum para o mundo, de modo a lidar efetivamente com as potências econômicas mundiais que estão surgindo.
"Em tempos de globalização, não temos nenhuma alternativa para a Europa dar certo. Precisamos entender e levar à sério nossa responsabilidade coletiva", disse Schäuble, que vai participar da conferência em Seul.

Cui, o principal negociador da China no G20, também rejeitou firmemente a proposta do secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, de negociar metas para diminuir os déficits em conta corrente e suavizar os desequilíbrios comerciais do mundo.

"A imposição artificial de uma meta numérica só nos lembra da era das economias planificadas", disse Cui. "Acreditamos que uma discussão sobre metas de conta corrente ignora o problema maior. Se você analisar a economia mundial, há muitas questões que merecem mais atenção — o problema do afrouxamento quantitativo, por exemplo."

Geithner sugeriu criar metas de superávit ou déficit de menos de 4% do PIB como uma alternativa a pressionar a China a permitir que sua moeda, o yuan, se valorize mais rapidamente.............

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