sábado, 13 de novembro de 2010

Aparelhamento do Estado

Do blog do Zé Dirceu

Escândalos e corrupção engatilhados, com data marcada para eclodirem é o mínimo que a população paulista pode esperar do futuro governo Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, se o governador eleito prosseguir nessa marcha nas articulações para a composição de seu futuro secretariado.

É desalentador acompanhar a movimentação de Alckmin para a composição de sua equipe, particularmente a designação para uma das áreas mais sensíveis e críticas do Estado, a da segurança. O futuro governador simplesmente se deixou capturar por um jogo rasteiro e nefasto em que caciques da policia e deputados ligados à área tentam impor o futuro secretário da Segurança Pública.

Conforme a Folha de S.Paulo registra hoje, Alckmin está diante de um impasse: não pode nem pensar em manter o atual secretário, Antonio Ferreira Pinto, diante da pressão de cerca de 900 delegados processados por corrupção e irregularidades e dos deputados aliados destes policiais; substuí-lo, porém, pode parecer conivência com estes policiais sob investigação e com os parlamentares que os protegem.

900 policiais processados forçam troca de secretário


Os 900 delegados - um terço do efetivo do Estado - querem obrigar Alckmin a trocar o secretário porque este instaurou na Corregedoria da Polícia os processos a que eles respondem por crimes que vão do desvio de cerca de R$ 30 milhões do DETRAN a propinas acima de US$ 1 milhão pagas a policiais por um traficante colombiano, Juan Carlos Ramírez Abadía.

Já a pressão dos deputados ocorre porque eles querem voltar a nomear delegados para cargos que consideram estratégicos e indicar as cidades onde a polícia deve abrir novas delegacias.

Esta política seguida pelos governos tucanos em São Paulo - eles governam o Estado há 16 anos - segundo o levantamento da Folha, levou a distorções como o fato de Pirassununga com 70 mil habitantes ter seis distritos, enquanto o bairro Pimentas, na Zona Leste da capital, tem um distrito para 200 mil habitantes.

Assim, enquanto Alckmin cede e escolhe secretários e demais integrantes de sua equipe claramente sem critérios técnicos, ele vai, ao mesmo tempo, aparelhando a máquina do Estado por concessões eminentemente políticas e compactuando com a pior corrupção, a da polícia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário