domingo, 27 de junho de 2010

Censo Escolar e o Professor

Fonte: Portal iG - Priscilla Borges

A necessidade de trabalhar em muitos colégios para complementar renda não é realidade da maioria, revela Censo Escolar

Uma das grandes dificuldades apontadas por educadores de todo o País para manter uma vida digna trabalhando como professor é o salário pago à carreira. Não é raro ouvirmos que, para complementar a renda familiar, os docentes têm de trabalhar em mais de uma escola. Os dados do Censo Escolar revelam que, na verdade, essa é a realidade vivida por 23% deles. Ainda em 2007, ano em que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela coleta dos dados do censo, mudou as metodologias utilizadas para traçar melhor o perfil do professor brasileiro, o mito de que grande parte dos educadores do País tinha de se submeter a essa realidade foi quebrado. À época, 80,9% dos professores trabalhavam em apenas um colégio. Os números mais recentes do Inep mostram que a quantidade de profissionais que precisam circular entre duas escolas ou mais para dar aulas aumentou. Dos 23% que enfrentam essa rotina, 365.417 trabalham em duas escolas. Outros 62.985 atuam em três. E há mais 18.957 que se dividem entre quatro escolas ou mais.


Os dados também apontam para a intensidade do trabalho docente. Na educação infantil e nas primeiras séries do ensino fundamental, um único professor é responsável por acompanhar a mesma turma durante todo o turno escolar (exceto em atividades específicas, como educação artística e educação física, por exemplo). Há mais de 750 mil educadores com uma turma de alunos. No entanto, mesmo nas turmas da pré-escola quanto das séries iniciais do fundamental, há docentes dividindo-se em mais de uma turma. Na pré-escola, 47 mil dos 258 mil professores da etapa trabalham com mais de duas turmas. Nas primeiras séries do ensino fundamental, essa quantidade chega a 237.464 estão nessa situação e representam um terço dos profissionais que dão aulas nessa fase.


Perfil - Os dados do Censo Escolar 2009 revelam que a maioria dos professores brasileiros são mulheres, têm até 40 anos de idade e se consideram brancos. As mulheres representam 81,5% dos docentes brasileiros, um total de 1,6 milhões de pessoas. Na educação infantil, os homens são ainda mais raros: 3% dos quase 370 mil educadores. A cada etapa de ensino, no entanto, eles vão se tornando mais presentes. Nas séries iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), 91% do universo docente é de mulheres. Nas séries finais, a presença feminina cai para 73,4%, e, no ensino médio, para 64%.

A declaração de raça não é encarada com naturalidade pelos docentes das escolas brasileiras. Do total de 1.977.978 professores, 750.974 (38%) não declararam cor ou raça. A maioria dos que o fizeram (758.511) se enxerga como branco. Os pretos representam apenas 2,9% dos docentes e os pardos, 18%. Os indígenas são apenas 0,4% do quadro de educadores do País. Em relação à idade, o censo revela que a maioria (58%) tem até 40 anos. Os muito jovens (até 24 anos), que possuem menos experiência profissional, são a minoria: 116 mil docentes. A faixa etária que concentra o maior número de profissionais está entre 41 e 50 anos. Um estudo do Inep ainda mostra que, na rede privada, a concentração de jovens é maior. Na rede pública, os professores mais velhos dão aulas para as séries mais avançadas da educação básica.

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