quinta-feira, 24 de junho de 2010

População Derruba Projeto

Depois de três tentativas fracassadas, o Governo Yeda Crusius (PSDB) desistiu de exigir de sua base parlamentar a votação do polêmico projeto da venda de 74 hectares de área pública em Porto Alegre e anunciou a retirada da proposta da Assembléia Legislativa.

Percebendo um recuo na sua própria base de sustentação, a administração tucana jogou a toalha. Nas últimas semanas, a iminência da votação – e da aprovação – do projeto, levou seis comunidades carentes, ambientalistas e sindicalistas a se mobilizarem contra o que definiram como “a venda do morro Santa Teresa”. Em todas as sessões em que a proposta esteve na pauta, os manifestantes tomaram as galerias do plenário pressionando os parlamentares.

O governo estadual pretendia obter autorização para negociar o terreno mais cobiçado da capital
gaúcha, que hoje sedia a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), antes conhecida como Febem/RS. Sua intenção era se desfazer dos 74 hectares no morro Santa Teresa através de venda ou permuta. Em frente ao estádio Beira Rio, com acesso rápido ao centro da cidade, o local é privilegiado pela natureza: situado em uma encosta, dele se descortina uma ampla visão do rio Guaíba, das ilhas do delta do rio Jacuí, das regiões central e sul de Porto Alegre. O argumento do Executivo era de que, sem negociar a área, não seria possível descentralizar a Fase e implantar nove casas de atendimento no interior para melhorar o atendimento aos menores.

Em contrapartida, os moradores das seis comunidades do morro temiam ser desalojados, enquanto os ambientalistas denunciavam que 23 dos 74 hectares que seriam postos à venda eram de proteção ambiental. A eles se juntaram os funcionários da Fase, também insatisfeitos
com a alteração.

A oposição agregou mais um problema: Yeda pretendia vender a Fase por R$ 79 milhões, uma pechincha para os especuladores imobiliários já que a área valeria, no mínimo, dez vezes mais. Sob a sombra de uma possível negociata, a pressa na venda já havia sido questionada também por outras instituições, entre elas o Tribunal de Justiça, a Defensoria Pública, o Sindicato
dos Engenheiros, o CREA e a Câmara de Vereadores da capital.

Fonte - Brasilia Confidencial No 269

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