quarta-feira, 2 de março de 2011

CUT Se Afasta das Demais Centrais

Brasília Confidencial No 413

A longa parceria que as principais centrais sindicais viveram nos governos Lula e nas eleições presidenciais  de 2010 parece muito próxima do fim. Maior das centrais, com quase 39% dos trabalhadores  sindicalizados, a CUT decidiu marcar suas diferenças com as outras entidades. Os motivos vão da política  pré-eleitoral para 2012 e 2014 às questões próprias dos sindicatos e às divergências expostas pelas centrais durante o recente processo de decisão do salário mínimo.
 
“Cada vez mais ficará clara nossa diferença com relação à Força Sindical e às demais centrais. Estamos  chegando ao limite da parceria. Nesses anos, a CUT acabou construindo mais pautas conjuntas. Mas, se a  CUT não se voltar mais para as relações do trabalho, para as mudanças que estão ocorrendo, vai acabar  ficando do lado de fora”, anunciou a Brasília Confidencial o presidente nacional da Central Única dos  Trabalhadores, Artur Henrique.
 
As centrais devem se reunir com os movimentos populares entre os dias 21 e 25. Devem também participar  juntas das possíveis mobilizações contra a política econômica e por reformas estruturais. Mas, de acordo  com Artur, o distanciamento será crescente. A CUT quer, por exemplo, acabar rapidamente com o imposto  sindical e o que chama de sindicatos de gaveta.
 
“Essa é uma grande bandeira que a CUT deverá levar sem as demais centrais. E isso é incompatível”, afirma  Artur.
 
O casamento que a CUT pretende desfazer se deu logo no início do primeiro Governo Lula, quando foi  criado o Fórum Nacional do Trabalho. As centrais e as entidades representantes do patronato discutiam as  políticas trabalhistas.
 
“Havia uma harmonia necessária, porque as centrais precisavam se unir para discutir com as empresas, sem  muitas divisões, o que não é mais o caso. Vamos manter nossa participação em agendas comuns, pois a luta  de classes continua, mas marcaremos mais nossas diferenças”, reafirma Artur.
 
Depois da união com a Força Sindical e outras centrais em torno da candidatura presidencial de Dilma  Rousseff, no ano passado, o acordo político entre as centrais também está prestes a desmoronar. Uma das  grandes preocupações da CUT é a aproximação da Força Sindical e de outras centrais a governos do  PSDB.
 
“Há um debate político que precisa ser feito. Algumas centrais confundem seu papel e já ensaiam sua  atuação para as eleições de 2012. Aqui na CUT é diferente. Um dirigente não pode acumular o cargo com  um cargo de deputado, por exemplo. E nós não faremos coro ao PSDB e ao DEM, assim como não  apoiaremos ou atacaremos o Governo Dilma cegamente”, diz o principal dirigente da CUT.
 
O presidente da Força Sindical e do PDT em São Paulo, deputado federal Paulo Pereira da Silva, diz que  não vê riscos de ruptura com o Governo Dilma ou mesmo entre as centrais. “Nós, inclusive, vamos convidar  Dilma para o nosso 1º. de Maio. Nós vamos aumentar a pressão ao governo, porque não gostamos da  política de arrocho que está sinalizada, mas o que queremos é que a presidente venha para o nosso lado”.
 
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, também disse não acreditar em um  rompimento entre as centrais. “O que acontece é que a CUT foi criada nos anos 80, com uma ideia de  central única que prevalecia na época. Algumas correntes da CUT ainda defendem isso. Nós viemos depois da queda do muro de Berlim e não temos o mesmo ideário político”, disse Juruna lembrando que a direção  da Força reúne membros do PSDB, além do PDT.
 
“As eleições de 2012 e 2014 quem está decidindo são os partidos. Nos sindicatos somos plurais”. 
 
O  poderio das centrais entre os 4,8 milhões de trabalhadores sindicalizados:
Central Única dos Trabalhadores    -   38,23%

Força Sindical   -   13,71%   
 
CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil   -   7,55%

UGT - União Geral dos Trabalhadores   -   7,19%

NCST - Nova Central Sindical de Trabalhadores   -   6,69%

CGTB - Central Geral dos Trabalhadores do Brasil   -   5,04%


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