Do Luis Nassif
Por Assis Ribeiro
Brasil: Parceria CNI-Igreja derruba votação para tributar fortunas
Em comissão da Câmara, parlamentares dos setores esvaziaram reunião
O interesse dos religiosos era evitar, mais uma vez, um projeto que
tramita há anos no Congresso e que cria direitos previdenciários para
dependentes de homossexuais. Este nem chegou a ser apreciado. E o da
bancada da CNI era impedir a votação do projeto que taxa as grandes
fortunas. E conseguiram. Parlamentares desses dois grupos esvaziaram a
sessão. O projeto que taxa as grandes fortunas tem como autor o deputado
Doutor Aluizio Júnior (PV-RJ). Pela proposta, são criadas nove faixas
de contribuição a partir de acúmulo de patrimônio de R$ 4 milhões e a
última faixa é de acima de R$ 115 milhões. O projeto atinge 38 mil
brasileiros, com patrimônios que variam nessas faixas.
- São R$ 14 bilhões a mais para a saúde por ano. Desse total, R$ 10
bilhões viriam de 600 pessoas, mais afortunadas do país. Vamos insistir
com o projeto - disse Aluizio Júnior.
A relatora do projeto foi a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que
deu parecer favorável. O projeto das grandes fortunas chegou a ser
votado e 14 parlamentares votaram sim e três, não. Foi nesse momento que
Perondi pediu a verificação de quórum e eram precisos 19 votantes ao
todo. E tinham 17. Faltaram apenas dois para a matéria ser considerada
aprovada.
Quando começou a votação, parlamentares do PSDB e do DEM deixaram o
plenário. O deputado Doutor Paulo César (PSD-RJ) fez um parecer
contrário ao de Jandira e argumentou que taxar grandes fortunas iria
espantar os investimentos e empresários levariam dinheiro para fora do
país. Mas a derrota, no final, pode ser atribuída a dois parlamentares
evangélicos. Um deles, Pastor Eurico (PSB-PE) chegou a fazer um discurso
a favor da taxação das grandes fortunas e afirmou até que a Câmara está
cheio de lobbies de interesses. Chegou a ser aplaudido, mas, na hora de
votar, atendeu ao apelo da parceria CNI-religiosos, e deixou o
plenário. Nem sequer votou. Outro deputado, Marco Feliciano (PSC-SP),
defensor dos interesses religiosos deixou o plenário quando se inicia a
votação.
O advogado Paulo Fernando Melo, um assessor das bancadas religiosas e que atuou na parceria com a CNI, comemorou o resultado.
- Tinham duas matérias polêmicas na pauta (pensão para gays e taxação
de grandes fortunas). No final, a articulação desses dois setores, que é
regimental, deu certo e os dois lados saíram vitoriosos - disse Paulo
Fernando.
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