Por Marco Antonio L.
Da Carta Maior
As consequências morais de um veto suspeito
Por Saul Leblon
O mesmo personagem que por cinco horas fará acusações ao governo
Lula, a membros do seu ministério e a integrantes do PT, no processo
denominado de 'mensalão', obstruiu durante dois anos e sete meses uma
operação da Polícia Federal cujos dados, a ele apresentados em 2009, já
seriam suficientes para a abertura de inquérito e prisão de vários
membros da quadrilha de Carlos Cachoeira, entre eles o senador
Demostenes Torres.
O nome desse personagem obstrutivo é Roberto Monteiro
Gurgel Santos, Procurador Geral da República. No dia 15 de setembro de
2009 ele incumbiu a própria esposa, subprocuradora Claudia Sampaio, de
informar a um perplexo delegado da PF, Raul Alexandre Marques Souza, que
não cabia a abertura de processo com base nos dados arrolados pela
Operação Vega.
Desqualificava-se assim juridicamente a continuidade de
uma minuciosa investigação que reuniu quase 1.400 horas de gravações
telefônicas e constatou a endogâmica relação entre o crime organizado e a
corrupção política, ambos abrigados em uma engrenagem --dotada da
orgânica presença de um braço midiático-- com atuação decisiva na gênese
dos acontecimentos geradores, justamente, das denúncias do chamado
'mensalão'.
O veredito do casal Gurgel significou do ponto de vista
legal um interdito à continuidade da Operação Vega. Seria necessário
uma nova investigação sigilosa, a Monte Carlo, para que fatos
anteriormente conhecidos, agora vazados primeiramente na mídia,
impelissem o senhor Gurgel às providências judiciais competentes --o que
ocorreria em 27 de março último.
Esses são os dados da equação que define o jogo
político nos dias que correm. Eles estão ancorados no depoimento seguro e
contundente do próprio delegado Raul Alexandre Marques Souza à CPI
Mista que investiga a quadrilha Cachoeira. Esse encadeamento de fatos
tem consequências morais; elas arguem o coração dos atributos requeridos
de um Procurador- Geral dos interesses republicanos: a isenção.
Postado por Saul Leblon
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