Vanhoni continua a apresentar
alterações nesta quarta, quando vai abordar a meta de investimento na
Educação. O texto final deve ser votado no dia 12 de junho.
A inclusão da escola especial e da
escola bilíngue para surdos no novo Plano Nacional de Educação (PNE) –
PL 8035/10 – foi comemorada pelos representantes do setor que lotaram
hoje o plenário onde estava sendo discutido o texto final do relator da
comissão especial destinada a analisar a proposta, deputado Ângelo
Vanhoni (PT-PR).
O texto do PNE enviado pelo governo
contemplava apenas a inclusão de pessoas com deficiência nas escolas, e
não citava as duas formas específicas de educação. De um lado, surdos
reivindicavam escolas em que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) seja
a língua principal, e por outro lado associações que lidam com educação
especial, como as Apaes (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais),
defendiam uma educação para quem precisa de currículo específico.
“No começo o governo só queria falar de
inclusão, mas souberam negociar e atender esses movimentos que se
organizaram e foram os mais atuantes na discussão do PNE”, avaliou o
presidente da comissão, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES).
O relator apresentou uma modificação à
Meta 4 do texto, sobre educação para pessoas com deficiência. As
mudanças colocam como meta a inclusão de alunos que tenham dificuldades
de aprendizagem ou alguma deficiência, mas não deixa de fora as escolas
especiais. Quanto às bilíngues, são escolas com currículo normal, e,
pelo novo texto, sua expansão deve fazer parte das metas do PNE.
Para o deputado Eduardo Barbosa
(PSDB-MG), ligado ao movimento de Apaes (que organiza escolas para
alunos com deficiência), o texto apresentado contempla as
reivindicações, e garante a continuidade da educação especial.
“Defendemos a escola normal e a escola especial, não há competição, no
entanto, nossa vivência mostra que existe um grupo que precisa de um
currículo adaptado para suas necessidades, sem necessariamente ter
sucesso acadêmico, mas de convivência”, disse.
Para a diretora de política educacional
da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, Patrícia
Rezende, que é surda e militante, o texto apresentado pelo relator torna
possível a existência das escolas bilíngues, inclusive com tradutores
de libras e professores surdos, de forma que essa seja a principal
língua utilizada pelos alunos. “Isso não estava claro no PNE, e foi uma
vitória para nós”, sinalizou.
Patrícia também frisou que as escolas
bilíngues podem ser inclusivas. Crianças que ouvem podem se matricular,
desde que tenham conhecimento em libras, e façam as aulas nessa língua.
“Meus filhos são ouvintes, mas são fluentes em libras, se eles quiserem
estudar lá, podem”, completou.
Gastos com Educação
O relator apresentou hoje outras
alterações, que devem continuar amanhã, em busca de um acordo para
aprovar o texto na comissão. As mudanças são fruto de 155 destaques, que
são mudanças específicas pedidas por deputados no relatório, e que
poderiam ser votadas uma a uma.
Entre outras alterações, o texto deixa claro que a meta de gastos com Educação pode ser revista por meio de um projeto de lei.
A meta, no entanto, não foi alterada. No
texto, o relator propõe 7,5% do PIB em investimento direto do setor
público em Educação, a ser implementado nos próximos dez anos, enquanto
este plano estiver em vigência. Alguns deputados, principalmente da
oposição, querem que o investimento seja de 10% do PIB.
Atualmente o investimento está em 5% do
PIB, e o crescimento dos últimos anos, entre 0,1% e 0,2%, fecharia a
mesma conta. Com esse argumento, o coordenador da Campanha Nacional pelo
Direito à Educação, Daniel Cara, insiste em 10%. “Vamos ter de dar
preferência a algumas metas, não há recursos para todas”, disse.
Nas contas do movimento, cada 0,5% do
PIB representa 20 bilhões em recursos para o setor. A proposta original
falava em 7% e, segundo Cara, até a tramitação final da proposta, que
ainda vai passar pelo Plenário e pelo Senado, o governo já sinaliza que
aceitaria 8%, nem uma fração a mais.
Votação
Segundo Lelo Coimbra, a votação do novo parecer de Vanhoni – uma complementação de voto – deverá ocorrer no dia 12 na comissão.
O presidente da Câmara, Marco Maia,
disse nesta terça-feira que o PNE deverá ser votado pelo Plenário assim
que a pauta for liberada. “A votação do PNE é uma prioridade da Câmara.
Na primeira oportunidade, o projeto será votado”, disse Maia.
Autor: Agência Câmara
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