Gilmar Mendes eleva o tom e PT convoca militância a dar o troco
A corda que o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes
estendeu na entrevista à última edição da revista semanal de
ultradireita Veja, na qual acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva de pressioná-lo para adiar o julgamento do processo conhecido
como ‘mensalão’, vai esticar nos próximos dias, se depender da base
nacional de apoio a Lula. Em vídeo gravado e distribuído nesta
quarta-feira, o presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão,
convoca a militância da legenda a sair em defesa do líder trabalhador.
– A militância do PT precisa estar atenta às manobras que transcorrem
neste momento, tentando comprometer o presidente Lula com o encontro
com o Ministro do STF Gilmar Mendes, numa conversa já desmentida pelo
Nelson Jobim, ex-ministro do STF, de que o Lula estaria tentando
interferir nas decisões do STF. É preciso dizer que os Ministros não são
suscetíveis a pressões e que seus julgamentos são sempre pautados pelos
altos. Vamos desbaratar mais esta manobra daqueles que querem
desmoralizar o PT, o presidente Lula, com nítidos objetivos eleitoreiros
– afirmou.
Muito irritado
Gilmar Mendes voltou a acusar, na véspera, o ex-presidente Lula de
centralizar a divulgação de informações falsas contra ele. Mendes elevou
o tom usado em entrevista à TV Globo na noite de
segunda-feira. Nela, Mendes foi bem menos incisivo e disse ter
“entendido” que Lula queria pressioná-lo a tentar adiar o julgamento do
mensalão. Na entrevista coletiva realizada na tarde desta terça-feira,
Mendes afirmou ser vítima de uma “armação”. Ele acredita que quem
divulgou informações a seu respeito estaria interessado em “melar” o
julgamento do mensalão.
– Ele (Lula) recebeu esse tipo de informação. Gente que o subsidiou
com esse tipo de informação e ele acreditou nela. As notícias que me
chegaram era que ele era a central de divulgação disso. O próprio
presidente – afirmou Gilmar, segundo o jornal conservador carioca O Globo.
Ainda na entrevista, porém, Mendes disse que nunca voou em avião de Carlinhos Cachoeira,
mas que por duas vezes viajou em aeronaves cedidas pelo senador
Demóstenes Torres. As duas viagens, segundo Mendes, foram de Brasília
para Goiânia e realizadas em aviões de uma empresa de táxi aéreo chamada
Voar. O bicheiro, no entanto, pagou uma série de viagens de Demóstenes e
de seus amigos em jatinhos particulares.
Na entrevista, Mendes estava irritado e elevou o tom de voz. Segundo o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo,
Mendes irritara-se com as pessoas, classificadas por ele de “criminosos
e gângsters”, que estavam “vazando” informações sobre um encontro entre
ele e o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), em Berlim, e que a
viagem teria acontecido após Cachoeira disponibilizar um avião ao
senador e ao ministro.
– Não viajei em jatinho coisa nenhuma. Vamos parar com fofoca. A
gente está lidando com gângsters. Vamos deixar claro: estamos lidando
com bandidos que ficam plantando essas informações – disse o ministro,
mas sem identificar quem seriam os supostos “criminosos”. Mendes
apresentou notas e cópias de suas passagens aéreas que teriam sido
emitidas na TAM pelo Supremo Tribunal Federal.
Em seu ataque ao ex-presidente Lula, Gilmar Mendes chegou a a firmar
que está em curso uma ação para enfraquecer o Supremo e que o Brasil
“não é a Venezuela de Chávez”, que teria mandado prender o juiz ao ser
contrariado por ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário