Governador diz que não há “um centavo do PT” em trem e
metrô, mas portais da transparência dos governos federal e estadual
mostram versão diferente
Governador Geraldo Alckmim na entrega de novos trens para
Linha 8-Diamante da CPTM, em fevereiro deste ano. (Foto: José Luís da
Conceição/Governo do Estado de São Paulo)
São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), negou
hoje (17) a existência de recursos federais nas obras dos trens
metropolitanos e do metrô paulistano, mas acabou contrariado por um
estudo e pela consulta aos sistemas de transparência. “Não tem um
centavo do PT em trem e metrô de São Paulo, só tem críticas e aleivosias
como esta”, afirmou o tucano, durante evento no Palácio dos
Bandeirantes.
Questionado sobre o choque entre trens ocorrido ontem (16) próximo à estação Carrão,
na zona leste da capital paulista, o governador criticou estudo
divulgado pela bancada do PT na Assembleia Legislativa mostrando corte
de recursos na modernização e na construção de novas linhas. Para ele,
os petistas “pinçam” dados na tentativa de prejudicá-lo, em episódio que
classificou de “baixeza eleitoral” de “quem não contribui com nada para
o sistema metroferroviário”.
A consulta ao Portal da Transparência, porém, desmente a versão do
governador paulista. Segundo a Controladoria Geral da União (CGU),
apenas com vistas à Copa de 2014 serão repassados pouco mais de R$ 1
bilhão do governo federal. A verba tem como objetivo a construção do
monotrilho, que o governo estadual considera como uma extensão dos
sistemas de trens e metrô.
O próprio portal de transparência do governo do PSDB desmente a
afirmação de Alckmin. O convênio 610977, firmado em 2007 entre o
Ministério das Cidades e o Palácio dos Bandeirantes, repassou R$ 271
milhões à Companhia do Metropolitano de São Paulo, o Metrô. O objetivo
foi o prolongamento da Linha 2 – Verde, em especial para a construção
entre os bairros Ipiranga e Vila Prudente, na zona leste. Este é, aliás,
um dos maiores contratos firmados nos últimos 16 anos entre as gestões
federal e do estado.
Segundo a bancada do PT na Assembleia, que consolidou e atualizou os
repasses feitos de 1995 a 2011, os governos de Luiz Inácio Lula da Silva
e de Dilma Rousseff, ambos do PT, enviaram ao sistema de trens e metrô
R$ 15,2 bilhões nos últimos nove anos. Por outro lado, entre 1995 e 2002
o então presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, assinou
contratos no valor de R$ 4,6 bilhões.
Acidente
Em conversa com jornalistas após evento no palácio, Alckmin minimizou
o acidente, que deixou ao menos 47 feridos, enfatizando que se trata de
um módulo de transporte responsável por transportar 5 milhões de
passageiros ao dia. “Quero destacar que o metro é um sistema seguro,
transportamos 11 bilhões de passageiros nos últimos dez anos”, afirmou.
“A investigação está em curso ainda, vamos aguardar, mas provavelmente
não foi falha humana, foi uma falha técnica do sistema. Isso está sendo
averiguado com enorme responsabilidade.”
Ontem (16), ao visitar o local do acidente, o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, atribuiu o número elevado de feridos ao comportamento dos passageiros.
"A velocidade era baixa, semelhante à velocidade de quando os trens
engatam. Algumas pessoas só se machucaram porque estavam distraídas",
afirmou.
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