terça-feira, 8 de maio de 2012

Números muito positivos de Salto

Do Blog do Sérgio Merces

O que impediu Salto de se desenvolver num ritmo mais acelerado não foi a falta de território e sim de planejamento do uso racional da área existente



Há dois paradigmas colocados pela imprensa saltense quanto o desenvolvimento econômico de Salto que precisam ser superados: primeiro que o limite de território é um obstáculo ao desenvolvimento e segundo que o desenvolvimento de Salto é menor que dos municípios vizinhos porque o salário é muito baixo.
 
 
O território de 134,26 km² do município foi ocupado de uma forma não planejada no passado, que resultou em vazios urbanos, que acabaram por consumir recursos desnecessários para valorizar áreas de interesse à especulação imobiliária. Ao longo do tempo, as grandes extensões de terra ficaram concentradas sob a posse de poucos grupos. O Poder Executivo não se preocupou em nenhum momento em fazer reservas de áreas para que se preparasse a implantação de novos distritos industriais ou centros comerciais.
 
 
A lógica da exploração imobiliária impôs uma supervalorização do metro quadrado, fazendo com que os empreendimentos residenciais populares além de criar uma desarmonia urbanística também evidenciassem essa supervalorização da terra como uma desvantagem competitiva do município ante seus vizinhos.
 
Para termos uma ideia dessa supervalorização, imagine uma área de terra bruta qualquer, na borda do município entre Salto e Elias Fausto. Inicialmente ela teria um valor aproximado de R$ 10,00/m², com a instalação de um loteamento residencial no local, as área adjacentes passam a se supervalorizar ao valor de R$ 150,00/m². Essa situação exige que a administração municipal tenha um plano de uso do solo muito bem organizado, para que o uso racional do território possa vir a ser um fator catalisador do desenvolvimento. Sendo assim, não é o pequeno território que nos impede de se desenvolver e, sim a falta de planejamento de como aproveitar melhor o espaço que o município dispõe.
 
Quando falamos em desenvolvimento econômico falamos de diversos componentes entre os mais importantes estão a capacidade de gerar riqueza e a capacidade para o consumo. Quando falamos na capacidade de gerar riqueza estamos falando do Produto Interno Bruto - PIB e quando falamos em capacidade de consumo falamos em renda média do trabalhador.
 
O PIB saltense cresceu 176,22% em uma década (1999-2009) e o PIB per capita 132,23%. O período citado nos mostra que a capacidade de gerar riqueza (PIB) cresce a razão de 19,58% ao ano. Se Salto fosse um estado independente, o PIB per capita de US$ 10.363,57 seria classificado no 46° lugar do ranking publicado pelo Banco Mundial com 170 países, em 15/09/2009; isso nos colocaria a frente de países como o México, Chile, Argentina, o próprio Brasil, China e outros vários países da América Latina.
 
O rendimento médio do trabalhador saltense com emprego formal (contratos por tempo indeterminado CLT, contratos temporários CLT e regime estatutário) em 2010 foi de R$ 1.558,38; cresceu 96,26% em 10 anos e está 6,72% acima da média do rendimento da Região Administrativa de Sorocaba. O rendimento médio é um indicador importante no sentido de apontar a capacidade de consumo do trabalhador; seu crescimento nos leva a pensar numa melhor qualidade de vida com o acesso a bens e serviços que antes ficavam de fora do orçamento familiar, tendo um papel essencial na manutenção da economia local. Embora ele tenha um papel importante na economia, não é o principal componente para apontar o desenvolvimento econômico.
 
Em resumo, precisamos compreender que a política de doação de terra como meio de atração de novos investimentos não é mais uma questão essencial. O Poder Executivo precisa elaborar uma política de desenvolvimento que contemple a reserva de terras para a indução do desenvolvimento, a partir da instalação de empresas que tenham grande potencial de geração de tributos (ISS, ICMS e IPI), em áreas devidamente dotadas de infraestrutura necessária, ao valor justo de mercado e, não mais sair correndo atrás de qualquer empresa simplesmente para fazer capas de jornais. Acredito que as áreas cobertas pela cana deveriam ser exploradas de outra forma, inclusive sendo potenciais áreas para receber novas empresas, uma vez que uma boa parte dessas áreas estão ao longo da Rodovia do Açúcar (SP-308) e a legislação vigente (lei n.º 3.073/11) já define que 200 m das margens de rodovias sejam destinadas preferencialmente ao uso industrial. A elevação da escolaridade do trabalhador com a qualificação técnica e especialização no ensino superior é o meio mais eficaz para a elevação do rendimento médio. O município talvez não disponha de mais 10 anos para instituir uma política de desenvolvimento aliada a ocupação racional do solo antes que as áreas disponíveis, sobretudo no eixo Salto-Elias Fausto, venham a ser exploradas pelo interesse comercial privado (condomínios e loteamentos populares) sem levar em conta as necessidades à instalação de empresas.

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