Do Correio do Brasil
Soldado acusado de apoiar WikiLeaks será fuzilado, se depender dos promotores militares dos EUA
O analista de inteligência do Exército acusado de ter entregado arquivos sigilosos ao site WikiLeaks
ofereceu “acesso irrestrito” de segredos governamentais a inimigos dos
EUA e, por isso, poderá ser condenado à morte, por fuzilamento, segundo
um promotor militar. Nesta quinta-feira, um dos advogados de defesa do
militar insistiu que o soldado não fez nada de mau.
Essas declarações foram parte dos argumentos finais da audiência para
determinar se o soldado Bradley Manning, de 24 anos, deve ser submetido
a corte marcial. O advogado de Manning disse que os promotores
militares exageraram ao imputar 22 acusações penais contra o seu
cliente. Eles alegaram que o vazamento dos documentos não prejudicou a
segurança nacional, e que o governo estaria tentando forçar o soldado a
se declarar culpado.
– O céu não está caindo, o céu não caiu, e o céu não vai cair por causa do vazamento – disse o advogado David Coombs.
A acusação de auxiliar inimigos pode acarretar a pena de morte, mas a
promotoria disse que solicitará, no máximo a prisão perpétua. Coombs
disse que a promotoria precisa de um “choque de realidade”, e dedicou
seus argumentos finais a tentar convencer a promotoria a pedir no máximo
30 anos de prisão ao acusado.
O tenente-coronel Paul Almanza, responsável pela investigação, irá
agora examinar as provas apresentadas na audiência, e em 16 de janeiro
entregará um parecer recomendando ou não a instalação de uma corte
marcial contra Manning.
O soldado é acusado de ter baixado em um pen-drive mais de
700 mil arquivos sigilosos da SIPRNet (uma internet militar secreta), na
época em que trabalhava como analista de inteligência no Iraque. Esses
arquivos supostamente foram entregues ao WikiLeaks, que se dedica a divulgar segredos de corporações e governos.
A defesa de Manning tentou retratá-lo como um jovem emocionalmente
perturbado, cujos problemas comportamentais deveriam ter levado seus
superiores a revogarem seu acesso a informações sigilosas. Testemunhas
disseram que Manning enviou um email ao seu sargento contando dos
transtornos que uma confusão sobre sua identidade de gênero estaria
criando para sua vida, seu trabalho e seu raciocínio. Manning havia
criado um alter-ego feminino na internet, chamado Breanna Manning,
segundo depoimentos prestados ao tribunal de instrução no Fort Meade, a
nordeste de Washington.
O plenário ficou lotado para a audiência de quinta-feira. Um advogado de Julian Assange, fundador do WikiLeaks,
estava presente. A promotoria tentou provar que os dois mantinham
contatos pela internet, e que o soldado desmereceu a confiança que havia
recebido dos seus superiores.
– Ele deu aos inimigos dos Estados Unidos acesso irrestrito a esses
documentos – disse o capitão Ashden Fein, chefe da promotoria.
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