Do Blog da Cidadania
Veja, abaixo, a matéria do outro grande jornal paulista. Este comentário é retomado em seguida.
2) não ter apresentado Amaury Ribeiro Jr. devidamente e não tê-lo ouvido;
3) exigir provas que são impossíveis (ligação das transações financeiras entre Dantas e Ricardo Sérgio e as privatizações);
4) não ter esse grau de exigência em outras denúncias, entre as mais recentes, as que derrubaram o ministro do Esporte (cadê o vídeo que mostra dinheiro sendo entregue na garagem?);
Com toda certeza, os grandes meios de comunicação que ainda não
noticiaram ou meramente comentaram a Privataria Tucana devem estar
julgando que teria sido melhor a Folha de São Paulo não ter publicado
nada sobre o caso a ter publicado o que publicou em sua edição de
quinta-feira 15 de dezembro de 2011.
Apesar do constrangimento que causa a “distração” desses órgãos de
imprensa que se recusam a divulgar um caso que teriam publicado desde o
primeiro instante se fosse sobre outro partido que não o PSDB, já que
até as imprensas paraguaia e americana
já publicaram matéria sobre o tema enquanto que a maioria da imprensa
pátria finge que não sabe e que não viu, essa emenda saiu bem pior do
que o soneto.
O que a Folha publicou não foi exatamente uma matéria jornalística,
pois seu caráter, indubitavelmente, é de defesa do principal acusado
pelo livro do jornalista Amaury Ribeiro, José Serra, ainda que,
ironicamente, o livro não contenha acusações diretas a ele e sim,
tão-somente, a seus parentes, os quais, do dia para a noite, apareceram
como donos de empresas com capital social de milhões de reais.
Antes de prosseguir, a reprodução da matéria do jornal paulista:
Texto e infográfico da matéria da Folha, como se vê, dedicam-se à
defesa do acusado pelo livro-bomba, além da defesa que ele mesmo faz de
si. Ao se defender, porém, Serra veste a carapuça das denúncias apesar
de só envolverem os seus parentes. E faz isso porque se tais denúncias
se comprovarem não haverá quem o leve a sério caso diga que “não sabia”.
Mas tratemos do que diz a Folha, já que o conteúdo “requentado” e
“sem novidades” ao qual a matéria do jornal alude já está gerando
desdobramentos no poder Legislativo e no Judiciário, além de matérias
arrasadoras na blogosfera.
O infográfico da matéria é ainda mais parcial do que o texto – ou,
pelo menos, mais explícito na parcialidade – porque providenciou uma
desculpa para cada acusação a Serra que a mesma matéria diz não existir,
como se fosse possível parentes próximos de um político dessa
envergadura aparecerem com milhões de reais nas próprias contas, do dia
para a noite, sem que ele soubesse.
O leitor poderá se surpreender com a proposta que este blog quer lhe
fazer no sentido de que, só de brincadeirinha, dê algum crédito à
matéria do jornal da família Frias, aceitando a sua tese sob razão que
não é totalmente desprovida de sentido.
Apesar do tom exageradamente favorável ao acusado – devido ao
contexto das acusações contidas no livro sobre a Privataria Tucana –, a
matéria da Folha lhe concede benefício da dúvida que o jornal, ao lado
de veículos como O Globo, Veja ou Estadão – só para ficarmos na
imprensa escrita –, não dão a quem sofre acusações análogas à de Serra e
não é tucano.
Matéria do Estadão publicada na última quarta-feira, por exemplo,
“denuncia” ligação do governador de Brasília, Agnelo Queiroz, com
“laranjas”. E quem seriam tais “laranjas”? Eis a cereja do bolo: são tão
parentes do governador petista quanto os acusados pelo livro sobre a
Privataria são parentes do ex-governador tucano.
Veja, abaixo, a matéria do outro grande jornal paulista. Este comentário é retomado em seguida.
Reflitamos. Se se admitir esse nível de exigência da Folha para levar
em conta uma acusação contra políticos, os ministros do governo Dilma
que caíram sob esse tipo de acusação feita de ilações e suposições que o
jornal não admite contra Serra, também deveriam ser beneficiados.
Se não se aceita suposição de que Serra sabia que a filha, do dia
para a noite, ficou milionária e de que ele, que então estava na linha
de frente do processo de privatização do patrimônio público brasileiro,
deu uma mãozinha a ela com os poderes que sua posição lhe concedia, por
que se deve aceitar suposições de que Antonio Palocci, por exemplo,
enriqueceu por algum motivo escuso que ninguém, até hoje, disse qual
foi?
Devido ao “princípio civilizatório” de presunção da inocência e do
cuidado que se deve ter com a honra alheia, até se pode dar ao
ex-governador tucano o benefício da dúvida sobre se ele “sabia” ou “não
sabia”. O que não dá para aceitar é que qualquer suposição contra um
lado seja considerada prova e contra o outro seja considerada como o que
é, suposição.
Mas isso é a imprensa. O problema, o grande problema, o descomunal
problema, enfim, o problema inaceitável é se a Justiça agir como a
imprensa. Aí será preciso parar este país até que se chegue a um acordo
sobre que tipo de democracia é essa em que estamos vivendo, na qual
alguns, em tal situação, serão “mais iguais” do que outros perante a
lei.
*
Ombudsman da Folha critica matéria sobre Privataria
Eu e outros blogueiros recebemos por e-mail
vazamento de crítica interna que a ombudsman da Folha, Suzana Singer,
escreveu hoje sobre a matéria que este post comenta. Veja, abaixo
—–
ANTES TARDE DO QUE NUNCA
por Suzana Singer
Ainda bem que a Folha deu a notícia
sobre o livro “A Privataria Tucana” (A11). A matéria está correta, com o
destaque devido, mas o jornal deveria continuar no assunto, porque há
mais pautas no livro.
Exemplo: por que Verônica Serra e o marido têm offshores? Não
deveríamos investigar e questioná-los? É já publicamos que Alexandre
Bourgeois, marido de Verônica, foi condenado por dever ao INSS? É
verdade que as declarações que ela deu na época das eleições, sobre a
sociedade com a irmã de Daniel Dantas, eram mentirosas? Fomos muito
rigorosos com o caso Lulinha, por exemplo.
Outra frente é a o tal QG de dossiês anti-Serra na época da
eleição presidencial, que a Folha deu com bastante destaque. O livro
conta coisas de arrepiar a respeito de Rui Falcão. Ao mesmo tempo, sua
versão de roubo dos seus arquivos parece inverossímel. Seria bom
investigar, já que ele faz acusações graves contra a imprensa,
especialmente “Veja” e “Folha”.
Teria sido bom editar um “acervo Folha conta a história da
privatização” para lembrar ao leitor que o jornal foi muito duro com o
governo FHC. É um erro subestimar a capacidade da internet -e da Record-
de disseminar a tese do “PIG”. E também seria bom esclarecer, com mais
detalhes, o que é novidade no livro sobre esse período.
O Painel do Leitor só deu hoje uma carta cobrando a cobertura do
livro. Eu recebi 141 mensagens. Quem escreveu hoje criticou a matéria
publicada por:
1) ter um viés de defesa dos tucanos;
2) não ter apresentado Amaury Ribeiro Jr. devidamente e não tê-lo ouvido;
3) exigir provas que são impossíveis (ligação das transações financeiras entre Dantas e Ricardo Sérgio e as privatizações);
4) não ter esse grau de exigência em outras denúncias, entre as mais recentes, as que derrubaram o ministro do Esporte (cadê o vídeo que mostra dinheiro sendo entregue na garagem?);
5) não ter citado que o livro está sendo bem vendido
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