Do Blog da Cidadania
O problema aumenta como praga. Segundo levantamento da Secretaria de
Direitos Humanos (SDH), o número de agressões homofóbicas (com ou sem
violência física) neste ano já é maior do que o apurado no ano passado
inteiro.
São Paulo é o Estado que tem mais casos de ataques com violência
física ou meramente discriminatórios (18,41%). A capital paulista é a
cidade com mais ataques e a maioria aconteceu na região central. A
avenida Paulista foi a via pública campeã de ataques.
Estranhamente, justo no momento em que o Supremo Tribunal Federal
reconheceu o direito dos homossexuais à união civil o país vê a
intolerância sexual crescer nessa proporção, atingindo o ponto mais alto
até hoje.
Na última madrugada de sábado para domingo, mais um caso de violência
na avenida Paulista. Dois gays foram agredidos e um deles teve a perna
quebrada. Segundo as vítimas, as agressões foram praticadas por dois
homens que não aparentavam pertencer a nenhum grupo radical.
O que aconteceu no Brasil, do ano passado para cá, que desencadeou
essa onda de homofobia? Dizem que foi a decisão do STF autorizando a
união civil entre “homoafetivos”, mas a hipótese não se sustenta porque
os ataques começaram a aumentar bem antes.
Este blogueiro tem uma teoria: a intolerância, o fundamentalismo
religioso, a discriminação generalizada contra negros, nordestinos e
gays foi reforçada por uma campanha eleitoral em que o candidato José
Serra apelou ao que há de mais reacionário na sociedade para tentar se
eleger.
Os ataques a homossexuais começaram a aumentar naquele momento.
Líderes religiosos fundamentalistas como Silas Malafaia pregavam voto no
tucano acusando sua adversária de ser “a favor do homossexualismo” e do
aborto, atribuindo até homossexualidade a ela.
Na noite em que se confirmou a vitória de Dilma, a insuflação do ódio
se materializou no Twitter. Uma jovem do interior de São Paulo (de onde
mais?) pregou a morte por afogamento de nordestinos que votaram na
petista, atraindo dezenas de “simpatizantes”.
Em 1º de janeiro, na mesma rede social, uma nova onda de intolerância
criminosa. Hordas de jovens de classe média do Sul e do Sudeste
pregaram o assassinato da presidente que então assumia o cargo.
Ao longo deste ano, mais estímulo à intolerância partiu da política. O
deputado fluminense Jair Bolsonaro passou a estimular até violência de
pais contra filhos “gayzinhos” e a pregar discriminação racial
publicamente, na televisão, sem qualquer conseqüência.
A conclusão inescapável, portanto, é a de que o crescimento da
intolerância com a diferença tem se originado da classe política.
Enquanto políticos puderem liderar ondas de intolerância impunemente, o
problema só irá se agravar.
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