Vergonhoso!!!
Do Blog da Cidadania
Do Blog da Cidadania
Interesses políticos e imperialismo não mataram os 154 passageiros do
vôo 1907 da Gol, abatido por um jatinho comercial na véspera do
primeiro turno das eleições de 2006, mas esses fatores são os
responsáveis pela impunidade dos presumíveis assassinos até hoje, dia 29
de setembro de 2011, cinco anos após o acidente, e deverão lhes
garantir impunidade eterna.
Em 29 de setembro de 2006, os pilotos americanos Paul Paladino e
Joseph Lepore pilotavam o jato Legacy que se chocou com o Boeing 737-800
da Gol que fazia a rota Manaus-Brasília e caiu na mata fechada em Mato
Grosso. Dali em diante, a imprensa e a Justiça brasileiras e o Estado e a
imprensa norte-americanos conspiraram para colocar esses assassinos
fora do alcance da lei deste país.
Apesar de o especialista em segurança de vôo do Snea (Sindicato
Nacional das Empresas Aeroviárias), Ronaldo Jenkis, ter dito, no dia
seguinte ao acidente, que demoraria no mínimo 90 dias para se ter alguma
condição de começar a apontar as causas da queda do avião da Gol, a
imprensa brasileira já tinha respostas.
Eliane Cantanhêde, colunista do jornal Folha de São Paulo, por
exemplo, tinha uma avalanche de certezas. Segundo ela, em coluna
publicada na página A2 do jornal no dia 2 de outubro de 2006, as causas
do acidente eram as seguintes:
– A torre de controle de vôos de São José dos Campos (SP)
autorizou os pilotos do Legacy, Joe Lepore e Jan Paladino, a voar na
altitude de 37 mil pés até o aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus, apesar
de essa altitude ter se tornado “contramão” na rota após Brasília.
– Houve falha na comunicação entre o Legacy e o Cindacta-1
(centro de controle do tráfego aéreo de Brasília), o transponder (que
alertaria o sistema anti-colisão do Boeing) não estava funcionando no
Legacy e o avião da Gol não foi alertado para o risco.
– O controlador da torre de São José dos Campos se comunicou em
inglês com os americanos Lepore e Paladino durante o procedimento de
autorização para a decolagem. A torre autoriza e diz, claramente, que
ele deve subir para 37 mil pés “até o aeroporto Eduardo Gomes”, de
Manaus, contrariando o que especificava o plano de vôo.
– A versão obtida pela Folha confirma o que dizem os advogados
dos pilotos, de que eles teriam autorização para voar em 37 mil pés,
apesar de ser “contramão” no rumo Brasília-Manaus.
– O controlador de plantão pediu que o piloto apertasse o botão do transponder – que não funcionou.
– Desde o início, surpreendeu a pressa do Ministério da Defesa em
atribuir culpa aos pilotos americanos sem provas conclusivas. Como
sempre, o Brasil “não comete falhas”, “o controle aéreo brasileiro é um
dos melhores do mundo” etc., etc.
Esse era o começo de uma conspiração que garantiria a impunidade dos
assassinos. Este post permitirá ao leitor acompanhar, passo a passo, os
eventos que contribuíram para que os estrangeiros que chacinaram 154
brasileiros fiquem impunes, provavelmente para sempre.
No mesmo dia em que Cantanhêde semeou a fuga dos pilotos americanos,
“reportagem” da Folha já tentava colocar a culpa do desastre no “caos
aéreo” com o qual a mídia tentava impedir que Lula se reelegesse em
primeiro turno no dia seguinte (3 de outubro) e, depois, que vencesse o
segundo turno da eleição presidencial, no dia 31 daquele mês.
A seguir, reproduzo a sucessão de matérias da imprensa que culminou
com a permissão da Justiça brasileira para que os americanos que
assassinaram 154 brasileiros pudessem se escafeder. As matérias são da
Folha de São Paulo, mas, para quem tem memória, refletem plenamente o
tom de todo o resto da grande imprensa sobre o caso, à época.
—–
Folha de S.Paulo – 2 de outubro de 2006
Piloto de Boeing teria pedido para subir antes de bater em jato
As gravações dos diálogos do controle de vôo de Manaus (AM)
teriam registrado um pedido do piloto do Boeing da Gol para mudar de
nível, de 35 mil pés para 39 mil pés (…)
—–
Folha de S.Paulo – 2 de outubro de 2006
Repórter do “NY Times” comenta acidente e diz estranhar “detenção” de americanos
Repórter do jornal americano “The New York Times” comentou nesta
segunda-feira o acidente envolvendo o jato Legacy, da Embraer, e o
Boeing da Gol, na última sexta-feira. Afirmou estar “preocupado” com os
americanos, que estavam no jato e permanecem no Brasil para serem
ouvidos sobre o acidente (…)
—–
Folha de S.Paulo – 2 de outubro de 2006
Justiça manda apreender passaportes de pilotos do Legacy
O juiz Thiago Souza Nogueira e Abreu, da 2ª Vara de Peixoto de
Azevedo, determinou nesta segunda-feira a apreensão dos passaportes dos
dois pilotos americanos do jato Legacy que colidiu com o Boeing 737/800
da Gol, que caiu na sexta-feira (29).
—–
Folha de S.Paulo – 3 de outubro de 2006
Controlador de vôo é afastado para tratamento psicológico
Ao menos um dos controladores de tráfego aéreo envolvidos na
operação de sexta-feira passada foi afastado para tratamento
psicológico, segundo relato de conhecidos dele. O nome do controlador
não foi divulgado, e a Aeronáutica não se pronuncia sobre os eventos no
Cindacta-1.
O controlador afastado teria seis anos na função, tempo suficiente para que fosse considerado um operador experiente.
Controladores de vôo ouvidos pela reportagem, comentando as
hipóteses para as falhas detectadas no centro de Brasília, costumam
culpar aquilo que consideram sobrecarga de trabalho por eventuais erros
na tarde da última sexta.
A rotina é pesada. São pelo menos 18 dias por mês com plantões de
8 a 9 horas. Em tese, cada controlador deveria trabalhar duas horas e
descansar duas. Mas, na prática, isso raramente acontece.
A pressão aumenta devido ao regime rígido imposto pela hierarquia
militar. De acordo com diversos relatos, há dificuldade para conseguir
folgas e existe uma “espada de Dâmocles” sobre suas cabeças, com um
iminente medo de punição.
O salário de um controlador é de R$ 1.600, em média, mais
adicionais. Um deles, o alimentação, é de R$ 36 –o equivalente a R$ 3,60
por dez dias.
O Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) afirma em seu
site na internet que o Sisceab (Sistema de Controle do Espaço Aéreo
Brasileiro) conta com cerca de 13 mil homens e mulheres –sendo 10.469
militares–, nas mais diversas atividades, para gerenciar o espaço aéreo
do país.
Os controladores de tráfego também atuam em outros dois tipos de
controle diferentes do envolvido no caso do acidente –em atividades por
vezes até mais estressantes.
Há os que trabalham especificamente na torre dos aeroportos,
responsáveis por organizar a saída e a chegada dos aviões, e os que
atuam nos centros de aproximação, para monitorar a movimentação de
aeronaves até uma área intermediária.
—–
Folha de S.Paulo – 3 de outubro de 2006
Para especialista, comunicação por rádio é falha em local do acidente
José Ulisses Fontenele Figueira, presidente da Associação
Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo, afirmou que a região onde
houve a colisão das aeronaves é “deficiente” na comunicação por rádio.
“Há um distanciamento maior das antenas”, disse ele, acrescentando que,
por esse motivo, diferentemente da situação dos grandes centros urbanos
como São Paulo, nem sempre é fácil naquela região a comunicação por
rádio entre os controladores e pilotos (…)
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Folha de S.Paulo – 3 de outubro de 2006
Promotor se recusa a rotular tripulantes de Legacy como prováveis réus
O promotor Adriano Roberto Alves afirmou no final da tarde desta
terça-feira que ainda não há elementos concretos para considerar réus em
potencial o piloto e o co-piloto do jato Legacy que bateu contra o vôo
1907 da Gol pouco antes que ele caísse em uma região de mata fechada do
Mato Grosso na sexta-feira (29).
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Folha de S.Paulo – 6 de outubro de 2006
Congressistas americanos pedem liberação de pilotos do Legacy
Congressistas de três regiões dos Estados Unidos procuraram
diplomatas na quinta-feira (5) para cobrar a liberação do piloto Joseph
Lepore e do co-piloto Jan Paul Paladino (…)
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Folha de S.Paulo – 6 de outubro de 2006
Pilotos dos EUA querem evitar voar sobre o Brasil
Após o acidente com o Boeing 737 da Gol e a apreensão dos
passaportes dos pilotos americanos do jato Legacy, outros pilotos dos
Estados Unidos já estão buscando rotas alternativas que não os obriguem a
sobrevoar o Brasil.
A informação foi dada à BBC Brasil por Sam Meyer, presidente da
divisão nova-iorquina da Allied Pilots Association – sindicato que reúne
12 mil pilotos que atuam na American Airlines. Meyer se referia a
pilotos de jatos executivos, como o próprio Legacy, e aviões
particulares, não a aviadores como ele próprio, que trabalham para
grandes empresas de aviação cujas rotas são determinas pelas próprias
companhias.
“Outros pilotos têm dito que irão buscar outras rotas, que não os
obriguem a passar pelo espaço aéreo brasileiro. E eu concordo com eles –
ninguém vai querer ir para um lugar onde, após sofrer um acidente, você
pode ir parar na cadeia e alguém jogar a chave fora”, disse Meyer.
De acordo com ele, o conceito de que “alguém pode ser preso por
fazer o seu trabalho é odioso. Nenhum piloto começa seu dia pensando:
‘Hoje vou sair para matar pessoas’”.
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Folha de S.Paulo – 7 de outubro de 2006
“Senti hostilidade em investigação”, diz repórter do NYT
O repórter do “New York Times” Joe Sharkey, sobrevivente da
colisão do Legacy da ExcelAire com o Boeing da Gol ocorrida no último
dia 29, Dafirmou em entrevista ao programa de rádio “The World”, uma
co-produção da BBC transmitida nos Estados Unidos, que sentiu
“hostilidade” por parte das autoridades brasileiras ao ser interrogado
sobre o acidente. Depois do choque, o avião comercial caiu em uma mata
fechada e seus 154 ocupantes morreram.
Sharkey atribuiu a “sensação de hostilidade” ao momento em que
foi fotografado sem camisa, para provar que ele não havia sido
torturado.
Não é a primeira vez que o repórter critica a condução da
investigação pelo Brasil. Na quarta-feira (4), em outra entrevista, ele
havia dito que temia pela segurança dos dois norte-americanos que
conduziam o Legacy. “Lamento muito pelos pilotos porque tive a sensação
de que essa história não iria terminar muito bem.”
Por serem considerados testemunhas-chave do caso, o piloto Joseph
Lepore e o co-piloto Jan Paul Paladino, que conduziam o Legacy, tiveram
seus passaportes apreendidos pela PF (Polícia Federal) e estão
impedidos de deixar o país.
Em defesa de seus compatriotas, Sharkey acusa o controle de
tráfego aéreo brasileiro. “Talvez a culpa seja do sistema de controle de
tráfego aéreo deficiente sobre a Amazônia, que é um fato bem conhecido
na aviação.” Diversas autoridades brasileiras reagiram à afirmação
acusando o repórter de desconhecimento técnico.
Em mais um ataque, Sharkey criticou o que chamou de “setores
populistas” da imprensa brasileira e disse que os pilotos têm sido
tratados como “capitalistas vadiando pelo espaço aéreo e matando
pessoas”. “Estou preocupado com o clima político sensacionalista e com
as especulações que surgiram na imprensa brasileira.”
Rice
Na sexta-feira (6), três deputados dos Estados Unidos pediram a
intervenção do Departamento de Estado para liberar Lepore e Palladino.
Um deles, o republicano Peter King, escreveu uma carta à secretária
Condoleezza Rice, pedindo que o governo americano faça “tudo o que for
possível para ver esses americanos autorizados a voltar para casa
imediatamente”.
De acordo com reportagem publicada no site “Newsday.com”, por
meio de sua assessoria de imprensa, o Departamento de Estado disse não
ter um posicionamento porque Rice estava em missão no Oriente Médio e
esclareceu que confiscar passaportes é um procedimento padrão no Brasil
pois, se os dois forem indiciados depois de deixar o país, será preciso
extraditá-los.
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Folha de S.Paulo – 19 de outubro de 2006
Defesa de pilotos do Legacy diz que ministro foi antiético
O advogado Theo Dias disse ontem que o ministro da Defesa, Waldir
Pires, está sendo “antiético” por opinar publicamente sobre a queda do
Boeing-737/800 da Gol e insinuou que Pires poderá ser acusado de tentar
exercer “influência política” sobre as investigações.
Dias é responsável pela defesa dos americanos Joe Lepore e Jan
Paladino, pilotos do avião Legacy que se chocou com o Boeing, matando
154 pessoas.
“As manifestações do ministro podem ser interpretadas como
influência política numa investigação que deve ser essencialmente
técnica. Isso é antiético”, disse o advogado.
Em entrevista anteontem, Pires havia acusado diretamente os
pilotos americanos pelo acidente: “Houve descumprimento absoluto do
plano de vôo depois de Brasília (…), e ele [o piloto do Legacy] deveria
cumprir o plano de vôo mesmo sem conseguir autorização para mudar [de
altitude]“.
O plano de vôo original do Legacy previa três altitudes: 37 mil
pés entre São José dos Campos (SP), de onde decolou, 36 mil pés a partir
de Brasília e 38 mil pés entre um ponto a cerca de 400 km da capital e
Manaus. Mas o avião estava em 37 mil pés ao se chocar com o Boeing em
Mato Grosso.
Pela versão da empresa proprietária do Legacy, a americana
ExcelAire, os pilotos não baixaram a altitude ao sobrevoar Brasília
porque não conseguiram contato com o Cindacta-1 (o sistema de controle
de tráfego aéreo com sede na capital). Mas, para o ministro, eles teriam
que ter mudado mesmo sem essa autorização.
O advogado Theo Dias reagiu: “Estranho as declarações vindas de
um superior hierárquico dos responsáveis pela investigação. Um ministro
da Defesa não pode fazer pré-julgamentos sobre fatos que merecem
avaliação técnica”.
E continuou: “Ele [o ministro] está falando sobre fatos que não
conhece. Ele não tem subsídios, não tem informações suficientes”.
“E se ficar comprovado que houve falhas de agentes públicos? Como
é que fica? O ministro vai defender o Estado a qualquer custo ou
defender a verdade dos fatos?”, indagou Dias, que aguarda uma definição
de data e horário para novos depoimentos dos pilotos à Polícia Federal.
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Folha de S.Paulo – 25 de outubro de 2006
Juiz aciona diplomacia para obter endereço de pilotos do Legacy
O juiz federal Charles Renaud Frazão de Moraes solicitou ao
Ministério das Relações Exteriores que peça à Embaixada dos Estados
Unidos o endereço dos pilotos Joseph Lepore e do co-piloto Jan Paul
Paladino, condutores do jatinho Legacy que colidiu com o avião da Gol,
causando o acidente e matando 154 pessoas. O juiz federal havia pedido,
no início do mês, o endereço à embaixada norte-americana para que os
pilotos fossem facilmente localizados para prestarem depoimentos. A
Embaixada dos Estados Unidos se negou a fornecer o endereço de Lepore e
Paladino (…)
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Folha de S.Paulo – 17 de novembro de 2006
Decisão da Justiça Federal mantém pilotos do Legacy no Brasil
Os pilotos do jato Legacy que colidiu com o Boeing da Gol no
último dia 29 de setembro permanecem impedidos de deixar o Brasil. O
desembargador federal Cândido Ribeiro, do Tribunal Regional Federal da
1ª Região, em Brasília, indeferiu nesta sexta-feira o pedido de
devolução dos passaportes dos americanos Jan Paul Paladino e Joseph
Lepore (…)
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Folha de S.Paulo – 28 de novembro de 2006
Pilotos do Legacy devem ser liberados até 13 de dezembro
Os pilotos do jato Legacy que colidiu com o Boeing da Gol devem
ser liberados até o dia 13 de dezembro, mesmo com o provável
indiciamento, pela Polícia Federal, por homicídio culposo (sem
intenção). O acidente –o maior na história da aviação brasileira–
aconteceu em 29 de setembro e resultou na morte dos 154 ocupantes do
Boeing.
Reclusos em um hotel no Rio de Janeiro, os pilotos americanos Jan
Paladino e Joseph Lepore estão com passaportes retidos por determinação
da Justiça Federal (…)
O plano de vôo original do Legacy previa três altitudes: 37 mil
pés entre São José dos Campos (91 km a nordeste de São Paulo) e
Brasília, passando para 36 mil pés a partir da capital federal e para 38
mil pés a partir de 480 km de Brasília –em Mato Grosso– até Manaus. O
Legacy, porém, voou todo o tempo a 37 mil pés (…)
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Folha de S.Paulo – 8 de dezembro de 2006
Pilotos do Legacy seguem para os EUA após indiciamento
Os pilotos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, comandantes do
Legacy envolvido na queda do Boeing da Gol, deixaram o Brasil nesta
sexta-feira com destino aos Estados Unidos, depois de prestar depoimento
na sede da Polícia Federal (…)
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Folha de S.Paulo – 9 de dezembro de 2006
Pilotos do Legacy são recebidos com festa nos EUA
Os pilotos americanos Joseph Lepore e Jan Paulo Paladino chegaram
neste sábado aos Estados Unidos, após mais de dois meses retidos no
Brasil. Os dois comandavam o jato executivo Legacy, que se chocou com o
boeing da Gol em 29 de setembro, matando 154 pessoas. Os sete ocupantes
do Legacy –entre eles outros quatro americanos e um brasileiro–
escaparam ilesos. Lepore e Paladino foram recebidos sob aplausos por
cerca de 200 pessoas, entre parentes e amigos, em um aeroporto na cidade
de Ronkonkoma, no Estado de Nova York, sede da empresa proprietária do
Legacy, a ExcelAire. A filha de Lepore carregava um buquê de balões
brancos, azuis e vermelhos, cores da bandeira americana. Uma outra
garota segurava um cartaz dizendo que os pilotos eram “o melhor presente
de Natal” que ela poderia receber.
—–
Setenta e um dias. Esse foi o tempo que demorou para que os dois
pilotos americanos se livrassem, para sempre, de maiores problemas por
terem assassinado 154 brasileiros. Com ação combinada de pressão sobre a
Justiça brasileira, empreendida pelos Estados Unidos e pela imprensa
deste país, permitimos que eles escapassem da punição pelo crime que vai
ficando mais claro que cometeram ao desligar equipamento da aeronave
que teria impedido o desastre.
Não foi por outra razão que, conforme matéria de O Globo abaixo
reproduzida, acabam de ser condenados pela Justiça. Contudo, como se
verá na matéria, mesmo assim a pena será cumprida nos EUA e se
constituirá em uma bofetada em cada brasileiro.
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O Globo – 25 de setembro de 2011
Tragédia da Gol: cinco anos e nenhuma prisão
SÃO PAULO – Quase cinco anos após o acidente do voo 1907 da Gol,
que deixou 154 mortos, os familiares das vítimas ainda exigem a prisão
dos pilotos americanos do jato Legacy (…) Somente em maio de 2011 os
pilotos foram condenados em primeira instância a quatro anos e quatro
meses de detenção pelo juiz federal Murilo Mendes, da Vara de Sinop
(MT), pelo crime de atentado contra a segurança de transporte aéreo na
modalidade culposa (sem intenção de matar). Mas o magistrado decidiu que
a pena deveria ser substituída por prestação de serviços comunitários
em órgãos brasileiros nos Estados Unidos (…)
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