Esta não deu no Jornal Nacional....
Da Rede Brasil Atual
Da Rede Brasil Atual
Apesar dos bons resultados, segundo a ActionAid, o país
ainda tem 16 milhões de miseráveis e precisa avançar na distribuição de
terras, uma das mais desiguais do mundo
Por: Luana Lourenço
Segundo o relatório, o programa Fome Zero, levou à redução
de desnutrição infantil em 73% entre 2002 e 2008 (Foto: Eduardo Aigner/
Divulgação MDA)
Brasília - O Brasil lidera pela terceira vez o levantamento da
organização não governamental (ONG) ActionAid, divulgado nesta
segunda-feira (10), que lista os países que mais combatem a fome. Desta
vez, o anúncio de mais investimentos para a agricultura familiar levou o
Brasil ao topo do ranking. Malauí, Ruanda, Etiópia e Tanzânia completam
as cinco primeiras posições.
O relatório lista resultados do Programa Fome Zero, que levou à
redução da desnutrição infantil em 73% entre 2002 e 2008, e elogia a
inclusão do direito à alimentação na Constituição Federal em fevereiro
de 2010.
A iniciativa mais recente do país no combate à insegurança alimentar,
segundo a ONG, foi o anúncio de R$ 16 bilhões para o Plano Safra da
Agricultura Familiar 2011/2012, para investimentos na produção de
alimentos, geração de renda no campo e organização econômica de
agricultores familiares, assentados da reforma agrária e povos e
comunidades tradicionais.
Apesar dos bons resultados, segundo a ActionAid, o Brasil precisa
avançar na distribuição de terras, uma das mais desiguais do mundo. De
acordo com o relatório, 56% da terra agricultável estão nas mãos de 3,5%
dos proprietários rurais. Os 40% mais pobres têm apenas 1% dessas
terras.
"O país precisa resolver a profunda desigualdade no acesso à terra e
assegurar que os novos processos de crescimento não gerem novas
exclusões por meio do deslocamento das populações. E ainda há 16 milhões
de pessoas em situação de extrema pobreza, altamente vulneráveis à
fome. Essas pessoas são profundamente excluídas, são necessárias
políticas públicas muito específicas e desenhadas para esse grupo",
avaliou o coordenador executivo da ActionAid Brasil, Adriano Campolina.
Segundo ele, a experiência brasileira em iniciativas de transferência
de renda e políticas de proteção social e segurança alimentar, como os
programas de merenda escolar e de construção de cisternas em regiões
semiáridas pode ser compartilhada com outros países.
Perigo à vista
Na avaliação global, o levantamento aponta que apesar de recentes
avanços no combate à fome e à insegurança alimentar, o mundo está
prestes a enfrentar uma agravamento da crise de oferta de alimentos.
Entre as causas estão os efeitos das mudanças climáticas e a perspectiva
de aumento de preço dos alimentos, que deverá levar mais 44 milhões de
pessoas à pobreza. De acordo com a ActionAid, a demanda por terras para a
produção de biocombustíveis deve continuar inflacionando o preço dos
alimentos.
De acordo com Campolina, a crise econômica também deve frear os
esforços internacionais de combate à fome. "Em um ambiente de crise há
menos recursos disponíveis tanto para a ajuda externa quanto para o
investimento doméstico em agricultura, o que pode levar a uma diminuição
dos recursos que poderiam ser destinados à agricultura familiar e
sustentável. Apesar que boa parte do que se ouviu até hoje sobre
promessa de ajuda dos países ricos não constitui novos recursos",
acrescentou.
A ONG sugere que o G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo)
inclua a crise alimentar na pauta de sua próxima reunião, em novembro,
em Cannes, na França, e se comprometa, por exemplo, a garantir
investimentos às pequenas propriedades dos países pobres e a frear a
especulação de terras para a produção de biocombustíveis.
"O G20 tem que tomar as medidas concretas para cumprir a prioridade
de combater a fome. A prioridade não pode ser salvar grupos financeiros
que especulam com commodities agrícolas ao custo da fome das populações
pobres. É preciso investir em pequenos agricultores que produzem
alimentos para consumo local e dinamizam mercados domésticos, apoiar a
criação de estoques de alimentos nacionais e regionais e controlar a
especulação financeira com produtos agrícolas", defendeu o coordenador.
Fonte: Agência Brasil
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