Parece que a grande imprensa de SP está em uma "saia justa" bastante complicada. Como sairão dessa?
Do Blog da Cidadania
Do Blog da Cidadania
O Roberto Jefferson de cada um e a desigualdade do que é igual
Pela primeira vez neste século, há exposição na mídia da corrupção
que tornou o Estado mais rico e desenvolvido da Federação em um dos que
menos se desenvolvem. Contudo, a cobertura que a imprensa local vem
fazendo das denúncias do deputado estadual Roque Barbieri (PTB-SP) de
que o governo do Estado compra apoio legislativo liberando emendas ao
orçamento não lembra, nem de longe, a cobertura do “mensalão do PT”.
Não se sabe por que Barbiere passou a denunciar o “suposto” esquema
de compra de apoio legislativo pelo governo paulista depois de
permanecer calado por tanto tempo. Segundo ele, a liberação de emendas
ao orçamento estadual – “suposta” moeda de troca entre Executivo e
Legislativo – passou a existir após a eleição de Geraldo Alckmin em 2002
e permaneceu durante o governo estadual de José Serra, perdurando até
hoje. Contudo, isso não fica claro na cobertura jornalística do caso.
Não há indignação midiática como houve em relação ao “mensalão do
PT”, igualmente denunciado por parlamentar governista (ironicamente,
também do PTB – Roberto Jefferson) que, como Barbieri, teve acesso de
moralismo e denunciou que o governo do qual era aliado “supostamente”
compraria apoio no Legislativo através de pagamentos aos legisladores.
Não há “teste de hipóteses” ou perguntas constrangedoras a Alckmin ou
Serra sobre se um deles “sabia” ou “não sabia”.
Onde estão os colunistas da Folha, do Estadão ou da Veja “indignados com a corrupção”?
Cadê os editoriais furiosos culpando todo o PSDB por “supostos” atos
de corrupção de seu governador, de seus parlamentares e de partidos e
parlamentares aliados?
Aliás, será que a “Juventude do PSDB” de São Paulo não fará nenhuma “marcha contra a corrupção”?
Inexiste uma só opinião nesses veículos de comunicação ou entre os
habituais indignados com a “corrupção” que diga que o PSDB inteiro é
corrupto e que usa dinheiro público em benefício próprio. Muito menos
opinião disfarçada de reportagem ou de discurso de cidadãos que se dizem
“neutros”…
O partidarismo da mídia, assim, resume-se à falta de indignação e de
suposições – ou, se preferirem, de “teste de hipóteses” – nos veículos
que passaram a última década produzindo, em vez de falta, excesso de
opiniões e suposições de que não restaria dúvida sobre as acusações de
“compra de parlamentares” pelo governo Lula, dando como “prova” do crime
simplesmente o fato de que tais acusações partiram “de dentro do
esquema”.
Que diferença há entre a denúncia de Roberto Jefferson contra o PT e a
de Roque Barbiere contra o PSDB? Ambos não denunciaram que governos
desses partidos conseguiam que o Legislativo aprovasse tudo o que
queriam “convencendo-o” a apoiá-los por meio de suborno com dinheiro
público?
Ao dizer que até o governo Mario Covas não havia liberação de emendas
a parlamentares e o conseqüente esquema de corrupção entre eles e
empreiteiras, Barbiere disse sobre governo do PSDB o mesmo que Jefferson
disse sobre governo do PT. Só falta que Alckmin e Serra digam que “não
sabiam” e que a mesma imprensa que não acreditou em Lula tampouco
acredite neles. Alguém acredita mesmo que isso pode vir a ocorrer?
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